Taipa Art Village | Esculturas em madeira para ocupar o olhar

São esculturas em contraplacado que desafiam o olhar humano. Estão a partir de amanhã em exposição no Village Art Space e concretizam o resultado de três anos de pesquisa do artista locai Tong Chong

[dropcap style≠’circle’]“R[/dropcap]estless Nature” é a exposição que está, a partir de amanhã, aberta ao público no Village Art Space. A galeria situada na Taipa apresenta os trabalhos do artista local Tong Chong.

Mais do que natureza sem descanso, “Restless Nature” é traduzida pelo curador João Ó por “natureza inquieta”. “Além de manifestar um movimento na natureza, percebi que estes trabalhos representam ainda a inquietação do próprio artista e que a natureza se reflecte nele, até porque ele também está a mudar”, referiu ao HM.

Depois de três anos de pesquisa em torno de uma técnica pioneira na arte de esculpir contraplacado, o resultado é um conjunto de sete peças em que cada uma demorou cerca de seis meses a ser produzida.

Os trabalhos fazem parte da investigação do artista, que durou cerca de três anos. O conjunto de peças integra ainda o projecto de mestrado de Tong na Academia de Artes de Cantão.

Para o efeito, o artista desenvolveu uma técnica pioneira para trabalhar aquilo que é conhecido como contraplacado. “No fundo, o que fez foi pegar no conceito de contraplacado, criar uma massa em madeira e depois trabalhá-la”, explica João Ó. No entanto, sublinha o curador, “o grande desafio de Tong foi encontrar processos de colagem capazes de resistir às intempéries”.

Apesar de Tong Chong ser conhecido essencialmente pelo trabalho na pintura, ao qual tem dedicado os últimos 15 anos, com esta exposição o artista local mostra a sua versatilidade.

A exploração da madeira não é nova. “Ultimamente tem vindo a desenvolver algumas formas pictóricas com a criação de figuras fictícias, aproveitando a forma natural dos troncos.”

A grande diferença é que, desta vez, Tong Chong enveredou por uma análise profunda do próprio processo da escultura. Mudou de carvão sobre tela, em que assumia um estilo naïf, para a construção do objecto em que mantém o estilo, mas através de outra técnica.

Revelar nas falhas

As esculturas em exposição têm uma grande enfâse no espaço negativo que corresponde à matéria tirada durante o processo. “É também este espaço que induz ao movimento que se sente no seu trabalho. Apesar de se tratar de um objecto estático, a peça induz ao movimento em dois sentidos: pelo próprio trabalho e pelo que exige do público. “Alguns dos trabalhos vão estar expostos no meio da galeria, de modo a que as pessoas se possam deslocar à volta das peças, até porque se tratam de objectos tridimensionais.”

O curador fala ainda de algumas das obras que vão estar expostas. “Por exemplo, Chong tem uma peça em que aborda o desenvolvimento de nuvens, noutra cardumes de peixes e uma terceira a que chama de circular. Todas elas, pela sua forma e movimento, vão de encontro a uma mensagem simples: a natureza está em constante mudança e é cíclica, salienta João Ó.

Tong Chong tem marcado o seu trabalho com a exploração da sociedade moderna, das suas culturas e, acima de tudo, do quotidiano do ser humano, das suas acções e hábitos.

O artista enfatiza a emergência de um retorno à natureza e de uma orientação de papéis numa análise do comportamento humano nas sociedades modernas.

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