Euro 1016 | Portugal avança para os quartos

Faz lembrar a Itália. Especialmente a de 82 quando passou à segunda fase apenas com empates mas acabaria campeã do mundo após um jogo épico em que bateu o melhor Brasil dos últimos 40 anos nas meias finais. Cínica e calculista, estará a equipa portuguesa a seguir o mesmo caminho?

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m golo de Ricardo Quaresma, perto do final do prolongamento, garantiu ontem de madrugada a Portugal um lugar nos quartos de final do Euro2016 de futebol, no triunfo por 1-0 sobre a Croácia, num jogo em que teve ‘estrelinha’. Depois do ‘nulo’ registado no tempo regulamentar, Quaresma decidiu o duelo dos ‘oitavos’ na recarga a uma defesa incompleta de Subasic, aos 117 minutos, naquela que foi a única situação de verdadeiro perigo que a selecção nacional criou em toda a partida.
Instantes antes, a Croácia tinha acertado no poste da baliza de Rui Patrício e estava em ‘cima’ de Portugal, que nessa altura já tinha assumido o desejo de chegar às grandes penalidades, quando o seleccionador Fernando Santos juntou Danilo Pereira e William Carvalho no meio, aos 108 minutos.
Em Lens, as duas equipas não conseguiram fugir ao medo da eliminação e acabaram por realizar uma partida sem grandes situações de perigo. Rui Patrício e Subasic foram praticamente espectadores com lugar privilegiado no relvado.
O guarda-redes português não fez qualquer defesa em toda a partida, enquanto o croata, na única vez que interveio, parou com dificuldade um remate de Ronaldo, acabando a bola por sobrar para Quaresma, no lance que decidiu o jogo.
Antes, mesmo sem acertar no alvo, a Croácia acabou por ser a equipa que mais perto esteve de marcar e em quase todas as situações pelo defesa Vida, que já nos segundos finais esteve perto de levar a decisão para os penáltis.
Portugal foi praticamente inofensivo no ataque (Cristiano Ronaldo esteve demasiado preso aos centrais), mas melhorou e muito no funcionamento do seu meio campo, primeiro com a entrada de Adrien para o ‘onze’, mas sobretudo quando Renato Sanches foi lançado no arranque da segunda parte, para o lugar de André Gomes, que mais uma vez foi a unidade em mais baixo rendimento na equipa lusa.

Do banco saiu uma estrela

Renato Sanches, considerado pela UEFA o melhor em campo, ‘obrigou’ Fernando Santos a desistir do disfuncional 4-4-2 e mudar para um 4-3-3, dando outra consistência e alegria ao jogo de Portugal. O médio que vai transitar do Benfica para o Bayern foi também determinante no golo, na forma rápida que transportou a bola mais de 30 metros até à área da Croácia e, certamente por isso, acabou sendo considerado o “homem do jogo”.
Mesmo sem ‘poder de fogo’, algo que terá que solucionar com alguma urgência, a selecção nacional acabou por fazer, principalmente durante a segunda parte, o seu melhor jogo no Euro2016 e, mesmo com alguma ‘estrelinha’, carimbou um lugar nos ‘quartos’, em que vai encontrar a Polónia, em Marselha.
Com apenas dois dias de descanso, Fernando Santos foi obrigado a refrescar a equipa, fazendo não só entrar Adrien, mas também Cédric, para o lugar de lateral direito, José Fonte, para o centro da defesa (grande jogo do central do Southampton), e Raphael Guerreiro, ao lado esquerdo da defesa, como previsto. De fora, ficaram Vieirinha, Ricardo Carvalho, Eliseu e João Moutinho.

Jogo autista

Desde de muito cedo se percebeu que Croácia e Portugal entraram em campo sem autorização para arriscar, com a bola a passar demasiado tempo a meio campo, numas fases mais nos pé dos croatas, noutras nos portugueses.
Aos 25 minutos, Pepe atirou por cima em boa posição e, aos 30, Perisic atirou às malhas laterais da baliza de Patrício, nos dois únicos lances de registo na primeira parte., em que André Gomes acabou por ser o mais ‘desastrado’ em campo.
O médio do Valência, que não parece bem fisicamente, ainda teve alguns minutos para convencer Fernando Santos no arranque da segunda parte, mas o seleccionador nacional perdeu a paciência logo à primeira bola perdida e foi ‘obrigado’ a colocar Renato Sanches.
A partir dai, Portugal passou a actuar com João Mário e Nani bem abertos nas alas, e Ronaldo no meio, enquanto Sanches e Adrien fecharam o meio, à frente de William.

Penálti não assinalado

Portugal melhorou, trocou bem melhor a bola, mas, dentro do futebol temeroso das equipas, foi a Croácia que podia ter marcado, primeiro por Brozovic e depois por Vida. Ambos falharam a baliza em boa posição.
Depois de Nani ter sofrido uma grande penalidade clara (mesmo em frente do árbitro de baliza), e com o passar dos minutos, Portugal e Croácia fecharam ainda mais as suas linhas, praticamente abdicando de colocar mais unidades na frente.
Durante o tempo regulamentar, destaque ainda para a entrada de Quaresma, aos 87 minutos, para o lugar de João Mário.
No arranque do prolongamento, Kalinic ainda assustou Rui Patrício, mas o jogo foi-se mantendo na mesma toada, sem grandes aventuras por parte das duas equipas.
Com a entrada de Danilo e a saída de Adrien, aos 108 minutos, Portugal deu mostras de querer levar a decisão para os penáltis e a Croácia cresceu um pouco na partida. Vida, com a baliza aberta, atirou por cima, e Perisic acertou no ‘ferro’.
Praticamente na jogada seguinte, com os croatas subidos no terreno, Renato Sanches conduziu a bola mais de 30 metros, deixou em Nani, que com um centro rasteiro assistiu Cristiano Ronaldo na área. O ‘capitão’ da selecção nacional obrigou Subasic a grande defesa, mas, na recarga, Quaresma só teve que encostar a confirmou o triunfo.

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