h | Artes, Letras e IdeiasOs homens do meu país Hoje Macau - 2 Mai 2016 Carlos André vêm da raiz do tempo os homens do meu país já não sabem já não lembram a raiz com sua chama […………………..] foram ossos a arder em piras de chamas que chispam ódio ódio surdo e cego de lei que manda que se não diz que nos homens deste povo há país e há raiz! mas na cinza desses ossos nos restos desses brasidos crepitam olhos e gritos com ecos na voz do vento: ‘ainda não fomos vencidos!’ sentiram correr nos corpos a seiva do pensamento tiveram nome de antero de martins ou de queirós e viram que a voz de dentro só é viva se for voz deram tiros conspiraram no segredo das conjuras e mataram e gritaram ao seu povo que era sua a praça pública que viesse que estivesse que dissesse que era gente e que ser dono de um país seu era imperioso e urgente acreditaram na força de sua mão e ao porem pedra por pedra nessa nova construção descobriram que um país com homens feitos raiz não é vão rasgaram em barcos novos os sonhos despedaçados fincaram olhos num gongo ouvido em nambuangongo estiveram em bissau em terras desconhecidas foram alcântara-partidas e alcântara-chegadas e partiam regressavam e iam e não voltavam combateram sem vontade contra a vontade dos outros e mataram e espancaram incendiaram queimaram ceifaram e deceparam deitaram fogo a choupanas sem saber serem humanas uns foram voz de metralha voltaram outros mortalha ficava a terra viúva dos homens que ia perdendo dos homens que iam partindo rumo ao norte em busca doutras paragens outro vento outras aragens com a sorte a soprar mais forte saíram em austerlitz povoaram champigny construíram com suor o futuro de morrer aqui também ficaram apodreceram aos poucos nos poços doutras masmorras perderam o sono e o sangue no sol que nunca viam mas mantiveram de pé a certeza da vontade doutro sol que acreditavam com nome de liberdade uns foram nomes pra sempre outros pra sempre sem nome nome de sérgio de bento de humberto de catarina nas balas doutra metralha mandada ser assassina usaram armas e redes e martelos pás enxadas terras crestadas de sedes que esperam ver saciadas e de novo guitarras e violas e vozes que valem balas e esfarrapam as mordaças com que as querem caladas voz de zeca voz de graça de zé gomes de adriano palavras que a gente ouvia sentia repetia que a vontade de ser dia não pode chamar-se engano foram alvoradas novas nas ruas nas avenidas nos canos das espingardas empunhadas por esperanças reacendidas e floridas acreditaram possível uma nova construção e em volta da liberdade com vontade de querer apertaram mão com mão sem estar certos do caminho estão certos de caminhar e nas veias misturadas no sangue que ferve fundo a esperança a vontade a certeza de ser gente de ser mundo vêm da raiz do tempo os homens do meu país sem que saibam sem que lembrem têm bem fundo de si a raiz e sua chama