IACM impede adopção de animais e diz a cidadãos que finjam ser donos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) estará a impedir pessoas de adoptarem animais que se encontram no canil, no corredor da morte. A alegação não é nova, mas acontece novamente, desta vez vinda de um grupo de pessoas interessadas em adoptar seis cães que vão, hoje, ser abatidos.
Ao que o HM apurou, através da Associação para os Cães de Rua e Bem Estar Animal (MASDAW), que esteve a tentar ajudar os cidadãos, o IACM terá negado os pedidos de adopção. Ao invés disso, disse aos interessados que, se quisessem salvar os animais, teriam de “dizer que eram os donos dos cães”.
O problema não reside apenas no facto do IACM estar a pedir aos residentes interessados em adoptar animais para mentir, nem no facto de, segundo uma das representantes da MASDAW, ser uma prática comum não permitir a adopção em detrimento da eutanásia. Neste caso, o problema principal está na questão de ter de se pagar 500 patacas para adoptar um animal no canil, relativas à taxa de licenciamento, mas o IACM terá ontem pedido “mais de três mil patacas em multas por cada cão”.
“Porque não deixar adoptar cães que vão morrer e não lhes pertencem? Até quando é que este tipo de chantagem vai continuar a acontecer?”, questiona a MASDAW.
Para Fátima Galvão, da MASDAW, “isto é um abuso cometido contra as pessoas que gostam realmente de animais”, até porque abandonar um cão no canil nem sequer dá multa.

À escolha do freguês

Os alegados impedimentos de adopção pelo IACM já foram noticiados pelo HM e as associações de animais continuam a queixar-se que as circunstâncias mudam consoante a pessoa que atende quem quer adoptar.
“Os cães abandonados estarão automática e geralmente aptos para ser adoptados, mas o que o canil faz há muito, quando percebe que as pessoas querem salvar os animais, é dar duas hipóteses: ou dizem que o cão é deles e pagam uma data de dinheiro de multas, ou então que os cães têm de estar quatro meses à espera para serem avaliados”, explica Fátima Galvão ao HM, acrescentando que a outra hipótese é dizer que os cães não estão em condições de ser adoptados. “São medidas absolutamente discricionárias. Já aconteceu uma pessoa ter de pagar seis mil patacas para adoptar uma cadela.”
O grupo de pessoas interessadas em adoptar os cães de ontem conseguiu juntar dinheiro para salvar três dos animais, mas teme fazer queixa da actuação do IACM com medo de represálias. O HM tentou obter reacção do IACM, mas devido ao avançado da hora não foi possível. Recorde-se que Macau continua a discutir aquela que será a primeira Lei de Protecção dos Animais.

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