Defendida protecção de zona onde vai nascer Centro de Doenças

Não basta a polémica em torno do objecto do novo Centro de Doenças Infecciosas: agora, dois analistas e membros do CPU, dizem que os prédios que o Governo quer destruir para erguer o Centro deveriam ser preservados

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ois analistas defenderam ontem que a zona em redor do local onde vai nascer o novo Centro de Doenças Infecciosas deveria ser protegida. Manuel Wu Lok Pui Ferreira, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, sugere duas novas ideias para a construção do edifício, ao lado do São Januário, e Lam Lek Chit, planeador urbanístico, pede que haja um equilíbrio entre a construção do novo e a manutenção do que é velho.
Para Manuel Ferreira, a demolição dos dois edifícios ao lado do hospital – que precisarão de ser deitados abaixo para que se erga o Centro – não só não vai agradar à sociedade, como aliás já tem sido demonstrado através de assinaturas -, como vai também prejudicar o ambiente. O analista sugere que o Governo aproveite as fachadas – também elas históricas – da mesma forma como fez com o prédio do BNU.
“O Governo poderia imitar o caso da sede do Banco Nacional Ultramarino: manter a fachada dos edifícios e fazer a renovação por dentro ou cobrir as duas fachadas com vidros, de forma a conservá-las dentro do Centro”, refere Manuel Ferreira, que considera que as suas propostas não iriam afectar o funcionamento do Centro.
O membro do Conselho do Planeamento Urbanístico avançou ainda que existem “algumas ruínas históricas ao lado desses edifícios [que vão abaixo]”, pelo que, defende, “a zona tem o seu valor histórico e o Governo deve preocupar-se com o design do edifício, além da avaliação do impacto ambiental” da construção.
Lam Lek Chit, que também é o membro do mesmo Conselho, não se mostra satisfeito com a demolição e concorda com a preservação de parte dos edifícios. O responsável diz que a informação disponibilizada pelo Governo é “limitada”, que é normal que os residentes não concordem com a proposta de construção publicada pelo Governo.
“Os cidadãos não podem participar, nem discutir, no plano de construção do Governo. É óbvio que se sentem nervosos e discordam da proposta. Se o Governo demolir os edifícios ao lado do Hospital e construir o novo edifício, a paisagem não se vai integrar e a decisão não vai ser harmoniosa”, defende, sugerindo que o Governo preserve as construções.
Recorde-se, contudo, que a polémica contra a construção do Centro não se deve à preservação das fachadas em redor, mas sim ao tipo de espaço que ali vai nascer. Ontem, foi criada uma página no Facebook contra a construção, depois de ter sido entregue uma petição com mais de 700 assinaturas com o mesmo objectivo.

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