Música | Brandon Lamn lança novo disco como Burnie

Brandon Lamn actua sob vários nomes, mas é Burnie quem acaba de lançar o disco “Lotus City”. Com Macau como pano de fundo, trilha um novo caminho para a música electrónica, dando-lhe novas roupas e até um corte e maquilhagem radicais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]artista de Macau Brandon Lamn voltou a assumir a forma de Burnie, nome artístico com o qual funciona a solo, para lançar um novo disco. Intitulado “Lotus City”, alude naturalmente à sua terra-natal, Macau, que tem a planta de lótus como figura representativa na bandeira.
Em entrevista ao HM, Lamn confirma que grande parte do novo álbum vem beber à vivência da própria cidade, havendo mesmo faixas que assim o explicam. “A cidade dá-me material de inspiração e exemplo disso são as faixas ‘Fireworks’, ‘Cyclone’ e ‘Panda’ que, de certa forma, se relacionam facilmente com a cidade. Vivo aqui há 30 anos e produzi o disco em Macau, pelo que naturalmente o meu trabalho musical será afectado por isso mesmo”, explicou. 16dca7db-085e-471a-a926-41d260b327ab
Já disponíveis para ouvir gratuitamente na plataforma Soundcloud, estão ‘Square’ e ‘Soul Alliance’. É através de uma batida electrónica que o artista tenta passar para o ouvinte a sonoridade de uma cidade em constante movimento. As deslocações diárias, o trânsito nas estradas, a altura dos prédios e as vistas desarmadas do horizonte urbano são alguns dos elementos que fazem a qualidade deste disco.

Mudança de espírito

Lançado este mês, o álbum pretende ser, segundo Burnie, uma compilação de sonoridades diferentes das anteriores lançadas. “Quando comparado com os álbuns dos EVADE [banda de Lamn], penso que todos conseguem identificar estilos musicais muito diferentes. EVADE é uma banda e por isso as músicas são o resultado daquilo que eu, a Sonia e Faye temos feito durante estes anos”, diz. No entanto, acrescenta, ‘Lotus City’ é um trabalho “só” de Brandon. “É a forma como eu vejo a música electrónica”, define.
Esta nova peça é resultado de uma série de experiências com base na cidade, mas que não só se inspiram na sua vivência, como em sons e batidas verdadeiras. Burnie faz uso da técnica de sample, onde se captam sons dos ambientes em redor para incorporar em músicas, geralmente funcionando como música de fundo. Neste caso, foram usados sons que remetem para “estilos de música oriental” e outros de downtempo.

Patrocínios culturais

O lançamento do álbum contou com o patrocínio do Instituto Cultural que, esclarece Lamn, financiou “a produção, masterização e impressão” da peça. “Sinto-me feliz por ver que o Governo está a investir recursos nas indústrias culturais e criativas, até porque qualquer artista precisa de um determinado tempo para crescer”, diz. burnie
Burnie aponta para uma média de dez anos até que a internacionalização seja possível. “É preciso ser paciente”, defendeu. Questionado sobre a qualidade, no geral, dos artistas locais, Brandon Lamn fala da existência de vários bons autores e compositores musicais, numa indústria “que se está a desenvolver” à imagem das de Taiwan e da Coreia do Sul no seu tempo.
O próximo passo é publicitar o novo disco em Guangzhou já este sábado e mais tarde realizar o lançamento oficial em Macau e em Hong Kong. Além disso, o artista está em debate com lojas no Japão, Malásia e Singapura para a eventual venda do álbum a nível regional. “Estou também em negociações com uma empresa para a colocação do álbum online, em websites como o iTunes, Beatport e Amazon”, finalizou. Há ainda uma digressão asiática pensada e Lamn promete divulgar mais pormenores mal tenha as confirmações.

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