China / ÁsiaJapão | Lei de segurança motiva luta entre deputados Hoje Macau - 18 Set 2015 [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]eputados japoneses envolveram-se ontem em confrontos físicos durante um debate no parlamento sobre um projecto de lei de segurança que poderá autorizar, pela primeira vez em décadas, o envio de militares do Japão para conflitos no estrangeiro. Membros da oposição e da coligação no poder protagonizaram cenas bastante incomuns no parlamento nipónico, ao começaram aos empurrões e socos uns aos outros, enquanto o presidente de uma comissão foi cercado. O deputado da oposição Tetsuro Fukuyama fez de seguida um discurso emocionado para explicar porque é que o seu partido tinha apresentado uma moção para tentar impedir a adopção da reinterpretação da Constituição pacifista do Japão. “Será que o partido no poder ouve a voz do povo? Vocês fazem tudo o que vos apetece porque são a maioria. Isto parece-vos bem?”, afirmou quase em lágrimas. A tensão cresceu após o adiamento da votação de uma comissão esta noite, durante a qual os deputados bloquearam as portas e lotaram os corredores em protesto. Eventos raros Treze pessoas foram presas na noite de quarta-feira, de acordo com a imprensa japonesa, “por obstrução à polícia” durante uma manifestação que reuniu cerca de 13.000 pessoas no parlamento. Milhares de pessoas têm saído à rua quase todos os dias nas últimas semanas, num país onde as manifestações são raras. Segundo as alterações propostas, os militares – conhecidos como Forças de Autodefesa – teriam a opção de ir combater para proteger aliados como os Estados Unidos, mesmo nos casos em que não haja uma ameaça directa para o Japão ou o seu povo. Embora a Constituição, que proíbe as tropas de participarem em combate, excepto em autodefesa, tenha sido imposta pelos ocupantes norte-americanos após a II Guerra Mundial, em 1945, muitos japoneses receiam que as alterações propostas na lei ponham em causa o carácter pacifista do país e o coloque ao lado dos norte-americanos nos conflitos mundiais. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, defende as alterações como necessárias para fazer face ao que descreve como ameaças oriundas da China e da Coreia do Norte.