Imobiliário | Queda é uma falácia, dizem economistas

O vice-presidente de uma associação de imobiliário avança com números de 30% na queda do sector, mas para alguns economistas tudo isto não passa de propaganda fantasiosa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]notícia foi avançada por William Kuan, vice-presidente da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário: o mercado imobiliário apresentou uma queda de 30%, só este ano. Contudo, as contas podem não ser bem assim, conforme dizem ao HM alguns economistas.
William Kuan afirmou, ao canal chinês da Rádio Macau, que na origem da queda estão “factores psicológicos” da sociedade e não factores monetários. Adiantou ainda que, com a queda sentida, os preços estão a atingir o “limite mínimo”, afectando os investidores. A concordar esteve também o subdirector da Associação Promotora da Economia, Tong Kai, que defende uma continuidade de “ajustes” nos preços do sector imobiliário.

Areia para olhos

Questionado sobre os números avançados, o economista Albano Martins alertou para a falácia que as declarações dos representantes podem significar. “Não é nada disto”, garantiu o economista, explicando que “não existe nenhum factor da ordem psicológico”. imobiliário
O que existe, diz, “é uma bolha de imobiliário que começa a rebentar por não haver a procura do imobiliário, como se vê pelo número de acções que têm vindo a cair e [pela queda das receitas] do Jogo”.
As declarações dos representantes do sector do imobiliário são consideradas por Albano Martins uma “propaganda” que fomenta e cria a ilusão de que o mercado tem casas a um menor custo. “Isto não passa de publicidade para que as pessoas pensem ‘bem, vou comprar a minha casa agora porque isto já não vai cair mais’. Não é verdade”, argumenta Albano Martins, que defende que a bolha imobiliária tem sido alimentada também pelas quedas contínuas das receitas do Jogo.
Também o economista José Sales Marques argumenta que “as previsões das agências do imobiliário são sempre de uma qualidade duvidosa, no sentido em que não são eventualmente imparciais. A gestão da informação por parte das agências tem sempre uma intenção de agitar o mercado”.
Já para Gabriel Tong tem existido de facto um movimento inferior do que aquele que já se fez sentir anteriormente no mercado imobiliário, mas o deputado confia nas contas feitas.
“Não tenho acesso à taxa de crescimento, [mas] acredito que os representantes das associações tenham as suas fontes de informação, por isso não posso verificar a veracidade dos dados”, diz.
Sobre o factor psicológico avançado pelo vice-presidente da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário, Gabriel Tong acredita que possa ter influência. A queda do mercado pode ser reflexo da ideia da sociedade, diz, mas “também existem outros factores, como o preço das casas, que continua a ser alto”. Para um cidadão dito normal, com um padrão de vida normal, “continua a não ser muito fácil comprar uma casa”.

Queda bem maior

Sem comentar a percentagem da queda apresentada por William Kuan, Albano Martins acredita que os números serão bem maiores. “Não sei se são 30%, 40% ou 50%, mas a verdade é que [o sector] vai cair muito mais”, diz.
O limite mínimo que o vice-presidente indica também é desvalorizado pelo economista. “Claro que não atingiu o limite, o sector imobiliário mais do que duplicou, triplicou nos últimos anos, portanto a queda terá que ser muito mais acentuada para se aproximar dos valores reais do mercado”, defende.
“Não tenho dúvidas em achar que o mercado [imobiliário] em Macau continua sobreaquecido. Os preços que se praticam são preços que em muito pouco estão relacionados com a realidade aqui vivida, e das suas pessoas, com a realidade com a situação económica e eventualmente com a realidade da própria procura real que existe, porque efectivamente esses preços subiram de uma forma muito especulativa”, argumenta Sales Marques.
Também o economista acredita que uma queda de 30% não será suficiente para “colocar os preços a um nível que em princípio seria um nível determinado pelas forças de mercado sem sofrer influência especulativa”. Sales Marques afirma existir ainda “muito espaço” para melhorias do mercado.
Gabriel Tong frisa ainda que não se pode “subestimar” um sector tão delicado como o imobiliário.

Auto-Silos | Governo aumenta preços de 11 parques

Os preços dos parques de estacionamento vão aumentar. A decisão do Conselho Consultivo do Trânsito, que se reuniu na sexta-feira, é a de aumentar o preço de 11 auto-silos até ao final de 2015, subida que posteriormente será estendida para todos os parques de Macau. Em termos práticos, os preços irão aumentar apenas das 8h00 às 20h00, sendo que durante a madrugada o preço irá manter-se como está. Os parques com lugares fixos sofrerão ajustes em mais de 50%, passando para as 2300 patacas, e os sem lugares fixos passam para as 1600 patacas.
Em declarações à Rádio Macau, o Director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Lam Hin San, diz que “há vários anos” que não era feita uma actualização dos valores. A decisão contou com factores de análise como a “situação do mercado privado, a inflação e as necessidades dos residentes”. Relativamente ao plano de execução, o director explicou à rádio que a aplicação deste será dividida em quatro fases. Uma primeira começará a ser implementada na zona da Portas do Cerco, no terminal dos autocarros, sendo que a ideia principal é fazer com que os autocarros utilizem a zona superior, em vez de passarem por baixo. Numa segunda fase tentar-se-á aumentar este parque, para melhorar o tráfego dos autocarros, sendo que o que está disponível actualmente não é suficiente.
A Rádio Macau indica ainda que o Governo quer atenuar o tráfego na zona do Jardim Triangular, aplicando um só sentido de circulação na zona.

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