Perfil PessoasCélia Boavida, consultora informática Filipa Araújo - 4 Set 2015 [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]empre pronta para viajar e com sorriso na cara são as linhas base na vida de Célia Boavida. Argentina, Estados Unidos, Holanda, Suíça, Japão, Singapura e Xangai são apenas alguns dos sítios por onde a consultora informática já passou. “A empresa onde trabalho está a apostar muito na internacionalização e temos um cliente muito forte na Ásia, o que faz com que surjam oportunidades no Oriente”, começa por contar ao HM. Um dia o convite surgiu. A empresa onde Célia Boavida trabalha avançou com a decisão de abrir um escritório em Macau e a consultora não hesitou quando a administração – sabendo do seu gosto pela Ásia – lhe apresentou a proposta. “Como há alguns anos já tinha assumido projectos internacionais, fizeram-me o convite quando quiseram criar uma equipa”, acrescenta, sublinhando que sempre gostou “imenso da Ásia”. Macau é a experiência profissional internacional mais longa em que, até à data, a consultora embarcou. “Estou em Macau há dois anos e meio, é o sítio em que estou há mais tempo”, conta, relembrando que o primeiro impacto, embora já tivesse contacto com o mundo asiático, foi “estranho”. “Embora já tivesse trabalhado na China, em Xangai, são realidades distintas. Chegar a Macau foi um bocadinho, posso dizer, [um] choque”, partilha, frisando que visualmente foi um grande impacto. “Macau pareceu-me um pouco ‘selva urbana’, mas não bem estruturada e por isso no início foi um bocadinho difícil de me adaptar”, conta. A equipa de trabalho – permitindo que a consultora não viesse sozinha – foi um grande suporte no processo de adaptação. “A equipa serviu muito para se apoiar entre si. Dávamos muito apoio uns aos outros, isso foi óptimo, super vantajoso”, assinala. Viver a viajar Natural de Lisboa, mas sempre a viver em Alverca do Ribatejo, Célia Boavida não esconde a vontade que tem em abraçar o mundo e viajar sem parar. Macau é um ponto estratégico nesse aspecto, defende. “É muito fácil viajar aqui à volta, isso para mim é muito positivo, é mesmo muito bom”, remata. O ordenamento do território e a falta de espaços verdes são os aspectos menos positivos aos olhos da consultora. “Tenho mesmo muita pena que não existam mais espaços verdes para a população poder passear e usufruir. Há muita aposta no jogo e no imobiliário e falta, por isso, essa qualidade de vida, a capacidade de oferecer às pessoas uma forma melhorada de aproveitarem a sua cidade”, defende. O caminho para o estatuto de qualidade de vida ainda é longo, mas ainda assim viver em Macau oferece algumas coisas que outras cidades não conseguem. “Não é das cidades que eu consiga dizer que tem muita qualidade de vida, mas temos vantagens, a monetária é uma delas”, remata. Carinho na bagagem Sem esconder o seu lado doce e carinhoso, Célia não hesita quando lhe perguntamos o que de melhor Macau trouxe à sua vida: as pessoas. “O que vou levar, quando for embora, com muito carinho é o grupo de amigos que criei e que vou conhecendo”, aponta.[quote_box_left]“Nós aqui socializamos muito, não sei se é efeito das comunidades expatriadas, ou das pessoas que estão fora, mas as coisas e as relações são vividas de forma mais intensa. Tudo é intenso”[/quote_box_left] O território chinês é marcado por um processo social bem mais forte que no país natal, diz. “Nós aqui socializamos muito, não sei se é efeito das comunidades expatriadas, ou das pessoas que estão fora, mas as coisas e as relações são vividas de forma mais intensa. Tudo é intenso. E o que de facto levo com maior carinho é o convívio com os meus amigos, a interacção, o apoio, as coisas que fazemos juntos, os jantares, as saídas. Vou levar isto para Portugal, com grande afecto”, argumenta. Os afectos, que aqui são vividos com mais intensidade, fazem deste Macau um território especial, tão especial que parece que se entranha na vida de cada que por aqui passa. “Acontece, muitas vezes, por ser um ponto de passagem das pessoas, que alguns chegam e outros vão. A diferença é que mesmo indo embora, acho que aqui se fazem amizades para a vida, sinto isso. Talvez por as coisas se viverem intensamente, as amizades que se fazem, independentemente onde as pessoas possam estar ou ir, são relações que ficam para sempre. É muito positivo. E posso dizer que falo por experiência própria”, explica. Uma marca para sempre Entre sorrisos, Célia Boavida assume que nem sempre é fácil viver em Macau, e que há muitas pessoas a defender essa ideia. Ainda assim é inegável que “todos nós, mais cedo ou mais tarde, quando formos embora de Macau vamos ter saudades”. “É um traço comum a toda a gente, sinto isso. Tenho certeza que vou ter saudades. Macau faz parte da minha história”, remata. Sem planos a longo prazo, a consultora vai abraçando as oportunidades conforme surgem. “Ao final de cada ano de contrato a empresa pergunta se quero continuar ou não e eu aceitei agora por mais um ano, depois logo vejo”, termina.