CCM | Kayhan Kalhor e amigos com concerto marcado para Setembro

É conhecido como o rei da música persa e um mestre na arte de improvisar e chega agora a Macau, para um concerto único. Kayhan Kalhor actua no Centro Cultural de Macau a 4 de Setembro e não vem sozinho

[dropcap style=’circle’]K[/dropcap]ayhan Kalhor apresenta-se no próximo mês no Centro Cultural de Macau (CCM) para um concerto e o “rei da música persa” não vem sozinho. Kalhor atravessa terra e mar até Macau trazendo amigos do Irão e da Índia, para um único espectáculo no grande auditório, a 4 de Setembro pelas 20h00.
Do santur à tabla e à cítara, o ensemble que Kalhor reuniu para viajar até ao território inclui o mestre Ali Bahrami Fard. Nascido em Shiraz, no sudoeste do Irão, Fard estudou santur com o mestre Ostad Faramarz Payvar. Como explica Joana C. Lee, investigadora honorária no Centro de Estudos Asiáticos de Universidade de Hong Kong, numa nota enviada ao HM, este instrumento tem mais semelhanças com os equipamentos musicais chineses do que se pode pensar.
“O santur é um saltério forjado com origem na Babilónia. É um primo não muito distante do yangqin chinês, muito provavelmente trazido através da rota da seda da dinastia Tang.”
Kalhor também convidou Sandeep Das, seu colaborador de longa data e companheiro do Silk Road Ensemble. Nascido na Índia, Das é mestre da tabla, um instrumento composto por dois tambores que é tocado apenas com as mãos e pontas dos dedos. “Enquanto o par de tambores é afinado para tons específicos, a parte inferior da mão exerce força na pele do tambor para mudar de tom, criando um canto melódico à medida que o som se desvanece”, explica a investigadora.
A completar o ensemble, como indica a organização ao HM, estará ainda a cítara dedilhada pelo indiano Narenda Mishra. A cítara ficou célebre no mundo ocidental nos anos 60 graças ao viajante virtuoso Ravi Shankar – pai da conhecida cantora Norah Jones. Mas não só. “A cítara aparece em vários temas clássicos dos Beatles, como ‘Norwegian Wood’”, explica Joana Lee.

Kayhan Kalhor e o kamancheh

Nascido no seio de uma família curda, Kalhor obteve quatro nomeações para os prémios Grammy e tem sido um dos artistas com mais participações noutros projectos. Faz parte do Silk Road Ensemble de Yo-Yo Ma e também compôs música para bandas sonoras de filmes, tendo trabalhado com Osvaldo Golijov na banda sonora do filme “Uma Segunda Juventude” (2007) de Francis Ford Coppola. “Graças à sua envolvência em múltiplas frentes, Kalhor foi aplaudido nas mais prestigiadas salas de espectáculos do mundo”, indica ainda o CCM na nota enviada ao HM.
Kalhor é considerado como um importante divulgador do kamancheh – uma espécie de pequeno violino persa – e da música curda e persa, sendo ainda um “mestre da improvisação”.
O cantor faz frequentes digressões pelo mundo, tanto como solista como com a sua própria banda.
Na nota enviada ao HM, a investigadora Joana C. Lee explica que, na cultura tradicional persa, a música funciona como uma ferramenta espiritual, sendo um meio para a mente explorar, meditar e para exaltar “a alegria de viver”. A música persa está ainda ligada à literatura pela forma como capta a atmosfera e a poesia do momento, tal como a improvisação e a composição, algo que Kalhor domina.
“Como ele lidera um ensemble que abrange as tradições indiana e persa, os seus companheiros musicais vão responder às suas improvisações com os seus próprios rasgos, assim contribuindo para esta extraordinária viagem musical asiática”, explica o CCM.

Mais do que guerra

O Irão, país natal de Kayhan Kalhor e berço cultural de muitas das grandes tradições mundiais, tem sido fonte de destaque na imprensa internacional desde que a revolução de 1979 depôs o Xá Mohammed Reza Pahlavi. Com a vinda deste músico a Macau, o CCM quer mostrar mais de um país onde os desafios políticos e religiosos “nublaram” a percepção da cultura em si mesma.
“As pessoas têm de ser elucidadas sobre tradições artísticas seculares que transcendem fronteiras nacionais e até conotações religiosas: a Pérsia (no termo mais genérico e histórico que se refere à região e à sua cultura) há muito que exerce a sua influência no mundo, tendo estabelecido trocas de bens com a China através da rota da seda desde o período da Dinastia Tang. O seu design e artes manuais desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da arte chinesa. Refira-se ainda que, na Pérsia antiga, o Islão não era a religião dominante”, explica a investigadora.
Os bilhetes para o espectáculo já estão à venda, com preços que vão desde as 150 patacas às 300 patacas.

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