Joaquim Alves, engenheiro electrotécnico

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]passagem de Joaquim Alves por Macau é diferente daquela a que estamos habituados. “Comecei a vir para Macau em 2012, na altura para uma obra da CEM”, contou ao HM o engenheiro electrotécnico, natural de Santa Maria da Feira, acrescentando que a empresa onde trabalha, em Portugal, começou a ter mais clientes. É por isso que são muitas as vezes que tem que vir a este lado do mundo. “Desde 2012, sem ter um número certo, acho que já viajei para Macau umas dez vezes”, relembra.
A sua estada no território quase nunca ultrapassa os quatro meses seguidos, mas não é por isso que deixa de gostar mais ou menos, de ter menos ou mais saudades de Macau.
Por entre o barulho ensurdecedor de uma obra, Joaquim Alves partilha o misto de sensação e a dualidade de sentimentos que Macau lhe provoca. “A adaptação é muito fácil aqui. Acho que não está relacionado com o pouco tempo que aqui passo. Claro, é diferente de estar aqui muito tempo, mas não implica que não sinta as coisas à minha maneira. Acho Macau um território fácil para um português se adaptar. As pessoas são diferentes, a condução, mas há outras coisas… A comida, a comunidade portuguesa, os meus colegas de trabalho que já cá estão adaptados, por já estarem há mais tempo. Tudo isto fez, e faz, sempre que venho, que a adaptação seja fácil, não sinto qualquer dificuldade”, partilha.

Caro mas seguro

Macau é, diz o engenheiro, uma “coisa difícil de explicar”. “Macau com o passar do tempo torna-se, para mim, um bocado monótono. É um meio muito pequeno, muito limitado e quem habita aqui está um bocado restringido ao que aqui existe”, partilha. Ainda assim, mesmo com a questão de este ser um território pequeno, “há muitas atracções”, ainda que muito caras.
“Qualquer coisa aqui em Macau está muito inflacionada para quem vem cá trabalhar e que pretende juntar algum dinheiro. Apesar dos ordenados serem bons em Macau, para fazer coisas diferentes ao fim-de-semana, como por exemplo ir ao cinema, ver um concerto ou um espectáculo, é caro, não o podemos negar. Ser um ponto turístico tem vantagens e desvantagens e esta é uma delas. Para se ter um fim-de-semana para descontrair da semana de trabalho tem que se gastar algum dinheiro”, argumenta.
Mas na segurança ninguém bate o território. É inegável, diz o engenheiro, a segurança que se sente a viver aqui. Joaquim Alves, para além de Portugal e Macau, já trabalhou no Brasil e em Angola, países com taxas de criminalidade elevadas, e por isso, melhor que ninguém percebe a enorme vantagem que é viver em Macau, nesse aspecto.
“Não há melhor. Macau é um território bastante acolhedor e sentimo-nos seguros, podemos andar à noite à vontade, não temos zonas perigosas. Isso é muito bom. Temos liberdade em ir a qualquer lado a qualquer hora, é seguro, mais do que em Portugal. E claro, quem viaja muito em trabalho este é um dos pontos mais importantes, a segurança”, remata o jovem que completa este ano 33 primaveras.

Odeio-te meu amor

Sejam dois ou quatro meses, as saudades de Portugal batem à porta sempre. “Mesmo quando só fico dois meses aqui, quando chego a meio, quando passou um mês, começo a ter saudades de algumas coisas”, conta, apontando as suas pessoas, famílias e amigos como a primeira coisa que lhe vem ao pensamento. As praias, que tanto falta fazem em Macau, os passeio à beira rio e as esplanadas são outras regalias que Portugal consegue oferecer e que “muita falta fazem” à sua ex-morada.
Mas, curiosamente, o mesmo acontece quando volta para Portugal. “Macau é um amor-ódio, acho que esse é o melhor termo para definir esta região. Macau fica sempre a mexer-te por dentro. Há qualquer coisa que nunca passa. Quando volto para Portugal, passado duas ou três semanas começo a sentir falta de Macau, das pessoas. Começo a conversar com os colegas que aqui ficam e apetece-me estar com eles, ir aos jantares que eles estão a combinar, ir passar fins-de-semana fora. Não sei. Este é o poder de Macau”, relata o engenheiro.
São esses passeios que Joaquim Alves tenta sempre fazer quando está cá. “Com visto de grupo ou individualmente facilmente conseguimos passar as fronteiras para a China e isso faz com que possamos conhecer mais coisas, que nos distraem e que faça passar o tempo sem pensarmos no que ganhamos ou perdemos estando longe”, diz. Várias cidades da China, Hong Kong e as suas praias são uma constante nos fins-de-semana entre Joaquim e os amigos.

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