Hoje Macau China / ÁsiaAntigo quadro da agência de espionagem líder da Universidade de Pequim [dropcap]U[/dropcap]ma das mais prestigiadas universidades da China nomeou ontem para novo líder o antigo director da filial em Pequim da agência chinesa de espionagem, ilustrando a crescente pressão do regime chinês sobre o meio académico. A escolha de Qiu Shuiping para secretário do Partido Comunista (PCC) na Universidade de Pequim surge numa altura em que a liderança chinesa, sob o comando do Presidente Xi Jinping, procura reforçar a conformidade académica e a influência do partido nas universidades do país. Qiu formou-se em Direito, em 1983, pela Universidade de Pequim, onde foi também secretário-geral da Liga da Juventude Comunista da China. Entre 2013 e 2014, foi secretário do partido no gabinete em Pequim do ministério chinês da Segurança do Estado, o organismo encarregue da espionagem e contra espionagem. A nomeação de Qiu visa formar uma instituição “de classe mundial com características chinesas (…) aproveitando as oportunidades na nova era”, lê-se num comunicado de imprensa emitido pela universidade e que recorre à linguagem oficial do PCC. Poder reforçado Sob a liderança de Xi Jinping, que após uma emenda constitucional recente poderá exercer como Presidente vitalício, as autoridades chinesas têm reforçado o controlo sobre a sociedade civil, ensino ou religião. “No Governo, exército, sociedade ou escolas, norte, sul, este ou oeste – o Partido [Comunista] comanda tudo”, afirmou Xi Jinping, no discurso que inaugurou o XIX Congresso do PCC, em Outubro passado. O mais poderoso líder chinês desde Mao tem também advertido contra a infiltração de conceitos políticos liberais nas universidades do país, pressionando os académicos a aderirem às noções do regime comunista. No entanto, centenas de milhares de jovens chineses estudam hoje em universidades fora do país. A própria filha de Xi formou-se na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.