Terapeutas | Ho Ion Sang apela à revisão de carreiras

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap]necessária a alteração das carreiras relativas aos terapeutas, de modo a atrair mais profissionais locais. A ideia foi deixada pelo director do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, Ho Ion Sang, ao HM.

O objectivo é colmatar a escassez de pessoal a trabalhar na área. A falta é cada vez maior, na medida em que as necessidades no ensino especial têm vindo a aumentar. “Os casos que precisam do auxílio especializado na área do ensino especial são cada vez mais”, diz o director.

As especialidades que se mostram mais urgentes são a terapia da fala, ocupacional e a fisioterapia, refere Ho Ion Sang.

O director do Centro da Política da Sabedoria Colectiva vinca que os serviços disponíveis no território não são suficientes, pelo que, além da revisão do regime de carreiras, é necessário criar mais cursos no ensino superior nestas especialidades, para que seja possível dar resposta ao próprio desenvolvimento do território.

O também deputado não deixa de fazer referência à situação actual, em que a maioria dos terapeutas é formada no exterior. Mais ainda, muitos há que foram estudar no estrangeiro e que não regressaram ao território. A razão, aponta, tem que ver, por um lado, com o facto de não encontrarem em Macau segurança quanto ao futuro profissional e, por outro, não terem a área de formação que querem a funcionar devidamente.

Para incentivar o regresso, Ho Ion Sang sugere a credenciação dos terapeutas o mais rapidamente possível, para que se dignifique a profissão e se garanta o desenvolvimento na carreira.

Não residentes de fora

Apesar da escassez de recursos humanos na área da terapia, Ho Ion Sang não pondera a contratação de mão-de-obra especializada do exterior. “Com certeza, as vagas que exigem um alto nível profissional devem ser oferecidas aos locais, quer sejam vagas de formação ou vagas de trabalho. Penso que este é um princípio”, aponta o deputado.

Por outro lado, considera, o Governo deve avançar com a maior brevidade com um mecanismo que garanta a existência de terapeutas no território e capaz de lhes dar garantias de futuro.

Apesar de a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude já ter anunciado a revisão de carreiras para este sector, Ho Ion Sang considera que não é suficiente. “É necessário um calendário concreto, uma vez que os trabalhos já estão em atraso”, remata.

28 Jul 2017

Terapeutas | Macau sem pedidos do exterior por “falta de interesse”

O Instituto de Acção Social já deu luz verde para a importação de terapeutas estrangeiros, mas até ao momento nenhum pedido foi feito. Associações dizem que condições de recrutamento não são as ideais

O assunto foi debatido, o Governo autorizou, mas o interesse parece ser pouco. Há um ano o Instituto de Acção Social (IAS) deu luz verde para a importação de terapeutas para pessoas com necessidades educativas especiais, mas numa resposta enviada ao HM a entidade confirma que, até ao momento, nenhum pedido foi feito para a introdução de terapeutas não residentes.
Associações contactadas pelo HM explicam o motivo provável: as circunstâncias de recrutamento são pouco atractivas, tanto ao nível do salário, como das próprias condições apresentadas.
Sandra Lio, secretária-geral da Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau, explicou que a entidade já publicou anúncios em Hong Kong e Taiwan, mas as respostas têm sido poucas.
“Os terapeutas do interior da China não correspondem às qualificações porque a sua formação diz respeito a trabalhadores na área da reabilitação e essa credenciação não é aceite em Macau. As condições dos terapeutas de Hong Kong são diferentes das de Macau e podem não ter vontade de trabalhar cá. Em Taiwan os salários são muito melhores e podem receber a mesma remuneração e desenvolvimento na carreira na sua terra natal, pelo que não há grandes razões para que optem por trabalhar em Macau. Até porque a habitação pode constituir uma grande carga”, disse Sandra Lio ao HM.
Também Nerissa Lau, presidente da Associação de Surdos de Macau, explicou que são poucos os terapeutas de Hong Kong que querem trabalhar em Macau, sobretudo devido aos baixos salários. O idioma é um factor atractivo, mas a Associação garante que só pode tentar convidar terapeutas de Taiwan.
A responsável frisou ainda que os procedimentos administrativos para recrutar terapeutas no exterior “são complicados” porque envolvem não só o IAS como os Serviços de Saúde (SS) e o Gabinete de Recursos Humanos (GRH). Nerissa Lau espera, assim, que o Governo facilite o processo para que se possa resolver a falta de mão-de-obra na área.

Luta por profissionais

Sandra Lio explicou que a sua associação tem tentado há meio ano recrutar mais terapeutas, mas não consegue, também devido às dificuldades em competir com as condições da Função Pública. Não só não arranjam recursos humanos, como os perdem.
“Quando o Governo abre concursos de ingresso para recrutar terapeutas todos se candidatam, incluindo os da nossa Associação. Estamos carentes de mão-de-obra e os nossos serviços estão suspensos”, apontou.
Para Sandra Lio, o trabalho de terapeuta está numa situação passiva, porque nenhuma instituição do ensino superior criou cursos nesta área. A responsável acredita que só uma aposta na formação local pode resolver as carências de recursos humanos.
Na resposta ao HM, o IAS reiterou que vai fazer uma avaliação contínua sobre os recursos humanos nesta área e que só vai permitir a importação de terapeutas para colmatar lacunas, por forma a não afectar o emprego dos locais e as suas condições de trabalho. O IAS prometeu manter a cooperação com as associações, mas não avançou novas medidas para responder à ausência de candidaturas.

12 Fev 2016