Portugal | Exposição de Sofia Bobone é hoje inaugurada

A artista plástica Sofia Bobone inaugura hoje a sua primeira exposição de pintura em Portugal. Por convite da Câmara Municipal de Odivelas, estão expostos mais de 30 quadros. São mulheres, animais e pinturas abstractas numa abordagem múltipla da obra da artista

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o início, não era a pintura. Mas passou (também) a ser porque houve mais tempo, houve tempo para aprender. Sofia Bobone, designer, expôs há um par de anos em Macau os seus primeiros quadros e houve quem tivesse achado que a obra deveria ser levada até Portugal. O convite partiu da Câmara Municipal de Odivelas e o trabalho de sete meses, feito a pensar nesta exposição, pode ser visto a partir de hoje.

O desafio que lhe foi colocado, diz Sofia Bobone, teve o condão de a obrigar “a trabalhar muito”. A grande maioria das telas que levou para Portugal foi feita a pensar em “O Corpo e a Cor”, nome escolhido para a mostra. Entre os 33 quadros, apenas dois tinham sido já expostos.

Os quadros dividem-se em três partes. “Foi-me pedido que trouxesse várias coisas. Como é a primeira vez que exponho em Portugal, seria melhor mostrar a variedade do que tenho feito”, explica. Assim, podem ser observados quadros sobre a figura feminina, outros sobre animais – veados e cavalos – e trabalhos abstractos.

“Não tenho um estilo em que só faça uma coisa”, justifica a pintora. “Comecei há pouco tempo e estou a aprender, a explorar técnicas e estilos novos, e tenho estado sempre a variar.” Há, no entanto, uma linha transversal a esta variedade: a cor.

“É muito à base de cor. Todos os quadros têm cores vivas”, aponta. “Por exemplo, nos quadros com figuras femininas e nos dos animais exploro como a cor se reflecte. As mulheres são, na sua maioria, azuis, mas não são quadros abstractos, são completamente figurativos. Percebem-se as formas todas e como a cor pode incidir nelas.”

Para ficar

Apesar de continuar a fazer trabalho como designer gráfica e também como designer de jóias, Sofia Bobone tem dedicado mais tempo à pintura, “um desafio enorme” que a deixa “muito contente”. As telas e os pincéis surgiram numa altura em que ficou sem trabalho e, por isso, com o tempo que ainda não tinha conseguido para se dedicar a um projecto antigo. Mas foi preciso ultrapassar outra barreira.

“A pintura sempre foi algo que quis muito fazer, mas tinha medo de falhar, de não conseguir e de não fazer bem. Depois perdi o medo. Não sei se é da idade”, diz. “Pensei em experimentar e comecei a ter aulas com [o artista plástico] Lao Sio Kit. Ele encorajou-me muito e disse-me que tinha potencial. Fez-me acreditar e, a partir daí, continuei.” Sofia Bobone continua a frequentar o ateliê livre dado por Madalena Fonseca.

O trabalho de design não ficou para trás: é uma actividade a que se dedica a tempo parcial. “Dá para poder continuar a pintar. Como sou eu que faço a gestão do meu tempo, posso fazer as três coisas: design gráfico, de jóias e pintura.”

Concentrada agora na exposição de Portugal, Sofia Bobone não tem planos concretos para novos projectos em Macau. Mas deixa, desde já, uma garantia. “Quero continuar a pintar e, mesmo sem ter uma exposição à vista, vou continuar a desenvolver trabalho. Tenho de me mexer porque isto de ser artista é bonito, mas as pessoas têm de ir à procura de sítios para expor e encontrar pessoas para mostrar o seu trabalho.” O plano da artista passa por aqui. A pintura chegou para ficar.

13 Jul 2017

Pintura | Sofia Bobone com “Salpicos” na Fundação Oriente

A designer Sofia Bobone estreia-se com a sua primeira exposição a solo de pintura na Casa Garden. Em foco estão telas de cavalos e corpos femininos que podem ser apreciadas até meados de Janeiro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]designer portuguesa Sofia Bobone inaugura uma exposição a solo de pinturas originais intitulada “Salpicos” na Fundação Oriente. Formada em Design, seguiu carreira na área da publicidade, mas também de design gráfico e de joalharia. Foi há cerca de dois anos que nasceu o gosto pela pintura, tendo Sofia Bobone frequentado cursos e workshops leccionados pela Casa de Portugal em Macau. Um ano depois, foi convidada para participar na parada do Ano Novo Chinês do Cavalo, organizada pelo Venetian. Para a iniciativa, entrou com um cavalo alado feito de arames. Esta é a sua primeira exposição individual e Salpicos prioriza o retrato animal, especificamente de cavalos. No entanto, há ainda espaço para a representação do corpo humano, à imagem do artista britânico Lucian Freud.
De acordo com a coordenadora da Delegação de Macau da FO, Ana Paula Cleto, Sofia Bobone é “artista desde sempre, mas de expressão algo tardia”, pois o talento para a tela só foi descoberto há cerca de dois anos. “Os motivos dominantes desta exposição são a mulher e o cavalo, dois elementos comummente aceites como sinónimo de beleza, mas também de grande força e sensualidade”, explica a coordenadora da entidade cultural. “No seu conjunto, as obras que a artista exibe distinguem-se pelo equilíbrio entre o figurativo e o abstracto, o belo e o disforme”, completa Ana Paula Cleto. A mostra, que se estreia na Casa Garden às 18h30 do próximo dia 3 de Dezembro, fica patente até 10 de Janeiro de 2016, com entrada gratuita.
À conversa com o HM, Sofia Bobone confessa estar “ainda a aprender” e acrescenta que há nisso várias vantagens. Há, por exemplo “muito para explorar” no universo da pintura. Em exposição estarão entre 16 a 18 obras com recurso a técnicas mistas incluindo pastel. “Os cavalos são uma paixão minha e de família, até porque inicialmente comecei a desenhá-los para os meus filhos e para o meu marido”, explica Sofia Bobone. A representação deste animal é, acrescenta a designer, um contraste com as telas de mulheres volumosas que estarão patentes na FO. O gosto pela pintura esteve sempre latente, mesmo desde a universidade, quando a artista teve aulas de pincel e lápis na mão. Várias delas tinham modelos humanos como base e foi essa, a par com o trabalho de Lucian Freud, a inspiração da portuguesa.

23 Nov 2015