Hoje Macau DesportoShangai SIPG, de Vítor Pereira, goleia e lidera liga chinesa [dropcap]O[/dropcap] Shanghai SIPG, do técnico português Vítor Pereira, goleou no sábado o Hebei por 4-0, em jogo da segunda jornada da liga chinesa de futebol, e partilha a liderança da prova com o Beijing Guoan. Um ‘bis’ do austríaco Marko Arnautovic, que marcou aos 45+1 e aos 48 minutos, e outro do brasileiro Ricardo Lopes (72 e 90+3), que já tinha bisado no encontro de estreia na jornada passada, garantiram o triunfo da formação de Xangai, que jogou em campo neutro, devido às restrições impostas na sequência da pandemia de covid-19. Por causa do novo coronavírus, este ano, o modelo da liga chinesa, que viu o seu início suspenso durante cinco meses, é diferente, com as 16 equipas divididas em dois grupos, de acordo com as suas áreas geográficas, e com jogos apenas em Dalian e em Suzhou. As equipas estão alojadas num único hotel em cada cidade, num regime de confinamento, com a interdição de contactos nos dois primeiros meses.
Hoje Macau DesportoVítor Pereira diz que consistência foi a chave do sucesso para vencer campeonato de futebol chinês [dropcap]O[/dropcap] treinador português Vítor Pereira apontou hoje a consistência do Shanghai SIPG ao longo da época como fundamental para quebrar com sete anos de hegemonia do “todo-poderoso” Guangzhou Evergrande na Superliga chinesa, ao sagrar-se campeão. “Fomos consistentes: do ponto de vista ofensivo e defensivo, fomos uma equipa equilibrada”, afirmou Vítor Pereira à agência Lusa, poucos dias após se sagrar campeão, no seu primeiro ano na China, um título inédito para o Shanghai SIPG e que pôs fim ao domínio do Guangzhou Evergrande na prova máxima do país. O técnico observou que “só quem está aqui na China é que entende a dimensão do feito”. “O Guangzhou é, de facto, o todo-poderoso da China, campeões durante sete anos consecutivos, com largos anos de trabalho e jogadores com muita qualidade. Entre os jogadores chineses da minha equipa, nenhum tinha sido campeão”, lembrou. O técnico português, que em Dezembro de 2017 sucedeu ao compatriota André Villas-Boas no comando do Shanghai SIPG, lembrou ainda que a sua equipa conseguiu colmatar algumas carências do plantel recorrendo à polivalência dos jogadores. “Nunca tivemos muitas soluções em termos de número de jogadores, vivemos muito da polivalência, tive um jogador que jogou nas posições quase todas e foi assim que fomos colmatando esse problema”, disse. A meio da época, o Guangzhou Evergrande ainda se reforçou com Talisca, antigo avançado do Benfica, e o médio Paulinho, oriundo do FC Barcelona, mas a equipa de Vítor Pereira venceu em todos os jogos decisivos, perdendo um único embate na segunda volta, e acabou a prova com cinco pontos de vantagem, após liderar o campeonato durante 29 jornadas. Sem arrependimentos Vítor Pereira tornou-se o terceiro treinador luso a conquistar o título em três países, juntando-se a Artur Jorge, campeão em Portugal (FC Porto), França (Paris-Saint Germain) e Arábia Saudita (Al-Hilal), e José Mourinho, campeão em Portugal (FC Porto), Espanha (Real Madrid), Inglaterra (Chelsea) e Itália (Inter Milão). O treinador, natural de Espinho e com 50 anos, disse não estar “nada arrependido” de ter rumado à China, onde o Governo está a impulsionar o futebol, visando elevar a seleção chinesa ao estatuto de grande potência. “É um campeonato muito mais competitivo do que aquilo que eu imaginei. Tem jogadores de qualidade, cada vez mais, porque a China tem capacidade para investir”, afirmou. O técnico disse ainda ser bem tratado em Xangai, a capital económica do país, onde “não falta nada” e sente que o seu trabalho é valorizado: “Sinto-me bem. Vivo bem. Estou numa cidade onde, como nas grandes cidades europeias, não falta nada, apesar de estar numa cultura diferente. “Estou interessado em continuar, o clube também está: não esperou pelo fim para manifestar esse interesse. Há dois meses, já tinham manifestado todo o interesse para eu continuar. Isso revela também respeito e consideração”, disse. Os “erros estratégicos” Vítor Pereira disse também na entrevista ter cometido alguns “erros estratégicos” no decurso da carreira, mas observou que tem agora mais maturidade, afirmando que se sente bem na China. “Cometi alguns erros estratégicos de percurso. Hoje, à distância, entendo.” Vítor Pereira começou por treinar nas camadas jovens (Padroense e FC Porto) antes de assumir o primeiro conjunto sénior, o Sanjoanense, em 2005. Na época seguinte foi para o Sporting de Espinho, antes de voltar à formação dos ‘dragões’ e assumir o comando do Santa Clara, onde se começou a destacar, merecendo de novo a confiança do FC Porto, desta vez para ser adjunto na equipa técnica de André Villas-Boas, em 2010/11. A saída de Villas-Boas levou o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, a apostar em Vítor Pereira para treinador principal e o técnico acabou por se sagrar bicampeão e vencer duas Supertaças portuguesas, entre 2011 e 2013, mas acabou por rumar à Arábia Saudita, para treinar o Al-Ahli. “Foi uma questão financeira: achei que não podia desperdiçar a oportunidade”, contou. No regresso à Europa, para treinar os gregos do Olympiacos, Vítor Pereira sagrou-se campeão e venceu a Taça da Grécia, antes de rumar ao Fenerbahçe, de onde resolveu sair, na segunda época, devido a “desentendimentos com o ponto de vista do presidente”. Em Dezembro de 2017, e já depois da referida passagem pela Alemanha, o treinador, de 50 anos, rumou à China, uma decisão da qual diz “não estar nada arrependido”. “É um campeonato muito competitivo, muito mais competitivo do que aquilo que eu imaginei. Tem jogadores de qualidade, cada vez mais, porque a China tem capacidade para investir”, afirmou. Grandes empresas chinesas, privadas e estatais, investiram nos últimos anos o equivalente a centenas de milhões de euros nos clubes do país, respondendo ao desejo do Governo em converter a China numa potência futebolística à altura do seu poder económico e militar. O técnico diz ainda sentir que o seu trabalho é valorizado pelo clube. “Estamos a discutir o futuro, mas eu estou interessado em continuar e o clube também. Não esperou pelo fim, para manifestar o interesse na minha continuidade. Há dois meses, já tinham manifestado todo o interesse para eu continuar e isso mostra também respeito e consideração”, descreveu. O segredo é a capacidade de adaptação Vítor Pereira referiu ainda que a capacidade de adaptação é uma qualidade dos portugueses “fundamental” para vencer na China. “Um dos segredos do treinador português é ter essa capacidade: chegamos a qualquer lado e adaptamo-nos”, afirmou à agência Lusa. “Mesmo em circunstâncias muito diferentes daquelas a que estamos habituados, rapidamente conseguimos perceber o meio, o que temos e as condições para atingir o sucesso. E temos visto muitos treinadores portugueses por esse mundo fora a dar cartas”, descreveu. Vítor Pereira, que se tornou o terceiro treinador luso a conquistar o título em três países, juntando-se a Artur Jorge e José Mourinho, considerou ainda que os portugueses podem dar um contributo para o desenvolvimento da modalidade na China. “O futebol na China está a desenvolver-se muito depressa, eles querem rapidamente colocar a [selecção chinesa] no Campeonato do Mundo. Há muito trabalho para fazer e penso que podemos ajudar do ponto de vista táctico, estratégico, do entendimento do jogo ou cultura táctica. Nós portugueses temos uma boa formação”, disse. O técnico lembrou ainda que “por cada título que se consegue ou cada trabalho bem feito, abrem-se portas” para mais treinadores portugueses. “Quando se chega a um país e se mostra competência, trabalho, esforço e dedicação, a seguir vão abrir-se mais portas, muitas vezes até para treinadores que têm menos visibilidade, que ninguém conhece, mas que estão a começar a carreira”, descreveu. Quase 100 treinadores portugueses de futebol vivem, actualmente, no país asiático, desde a província de Jilin, na fronteira com a Coreia do Norte, até à ilha tropical de Hainan, no extremo sul do país. Alguns são contratados por clubes e outros estão integrados no sistema de ensino público, que incluiu em 2015 a modalidade no desporto escolar, parte de um “plano de reforma do futebol” decretado pelo governo, visando elevar a seleção chinesa ao estatuto de grande potência.
Hoje Macau DesportoShanghai SIPG : Vítor Pereira substitui André Villas-Boas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] português Vítor Pereira, bicampeão pelo FC Porto, é o novo treinador da equipa de futebol chinesa do Shanghai SIPG, substituindo no cargo André Villas-Boas, anunciou esta terça-feira o clube. Vítor Pereira foi esta terça-feira apresentado pelo vice-campeão chinês, um dia depois de Paulo Bento também ter sido confirmado como treinador do Chongqing Lifan, igualmente da Superliga chinesa de futebol. “O campeonato chinês é um grande desafio, muitos treinadores [estrangeiros] estão aqui, e existem muito bons jogadores, que também chegam [aqui]”, começou por dizer Vítor Pereira, na conferência de imprensa de apresentação. O técnico, de 49 anos, disse saber o que quer e que isso passa pela conquista de títulos. “É a principal razão da minha vinda para a China, para Xangai. Juntos, com certeza, alcançaremos os nossos objectivos no final da época”, acrescentou. Vítor Pereira estava sem clube desde Junho do último ano, após a sua saída do 1860 Munique, clube que desceu à terceira divisão alemã. Antes, o técnico português esteve no Fenerbahçe, da Turquia, e no Olympiacos, pelo qual conquistou um campeonato e uma taça da Grécia. No Shanghai SIPG reencontrará o avançado brasileiro Hulk, que treinou no FC Porto, clube em que o técnico alcançou os seus maiores êxitos, com a conquista de dois campeonatos e duas supertaças. O clube tinha ficado sem treinador, depois de Villas-Boas – de quem Vítor Pereira foi adjunto no FC Porto e a quem sucedeu nos ‘dragões’ – ter manifestado vontade de rescindir, anunciando pouco depois que irá participar no Dakar2018, juntamente com o piloto Ruben Faria. Vítor Pereira, e também Paulo Bento, juntam-se assim na China a Paulo Sousa, que no início de Novembro foi anunciado como treinador do Tianjin Quanjian.