SCML | Exposição em Lisboa marca os 20 anos de transferência de Macau

Chama-se “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.João V” e é o nome da exposição organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para celebrar os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. A mostra é inaugurada a 20 de Dezembro no Museu de São Roque, em Lisboa, e conta com peças de Macau e de Pequim

 

[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está a organizar uma exposição que terá lugar no Museu de São Roque, em Lisboa, que visa celebrar as datas que simbolizam a ligação de Portugal ao Oriente, e que este ano ganham um especial significado.

Além dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e China e dos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), serão também recordados os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China.

A exposição, intitulada “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.Joao V” será inaugurada a 20 de Dezembro deste ano no Museu de São Roque, em Lisboa, espaço afecto à SCML. Margarida Montenegro, directora do departamento da cultura da SCML, explicou ao HM a importância que o reinado do rei português D. João V teve nas relações com a China da época.

“Não só estamos muito ligados a D. João V, porque mandou construir a capela de São João Baptista, a mais importante da Igreja de São Roque, como foi o período de relação entre Portugal e China mais harmonioso.” O rei português governou durante 50 anos, o suficiente para se relacionar com três imperadores chineses da dinastia Qing: Kangxi, Yonzheng e Qianlong.

“É neste período que houve mais contactos com a China, e este período foi também muito importante para Macau, que era um porto internacional de comércio entre os dois impérios”, adiantou Margarida Montenegro. Na proposta de exposição, elaborada pelo académico Jorge Santos Alves, do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, lê-se que, neste reinado, “a dimensão político-diplomática corporizou-se com o envio da embaixada do imperador Kangxi a D. João V, protagonizada pelo jesuíta António de Magalhães, depois retribuída em 1726 pela embaixada de Alexandre Metello de Sousa e Meneses já ao imperador Yongzheng”.

Além deste relacionamento diplomático, destaque ainda para o papel do bispo de Macau à época, Frei Hilário de Santa Rosa, num tempo de “projectos megalómanos para a conquista da China”.

Nesse período, Macau viveu, na primeira metade do século XVIII, “um tempo de reajustamento à dinastia Qing”, um período “marcante para a história de Macau e para a sua qualidade de porto internacional de comércio e de porto entre dois impérios, o português e o chinês”.

A nota assinada por Jorge Santos Alves dá conta que Macau teve, nesta fase, de “reajustar a sua geografia comercial aos novos tempos da concorrência europeia nos mercados chineses e asiáticos em geral”. Além disso, o território e “as suas instituições locais, especialmente o Senado da Câmara e a Misericórdia, tiveram que encontrar um novo padrão de relacionamento com a Coroa Portuguesa, mais centralizadora, e os seus representantes na cidade, os governadores”.

Pedidos em avaliação

Os contactos para a integração de peças nesta exposição ainda estão ainda a ser desenvolvidos. Margarida Montenegro disse ao HM que foi pedida à SCMM o retrato de um mercador chamado Francisco Xavier Roquette, “reconhecido mercador da comunidade portuguesa em Macau e que é um dos beneméritos da SCMM. A entidade liderada pelo provedor António José de Freitas também sugeriu outras peças, que ainda estão a ser alvo de uma avaliação por parte da SCML, que também requisitou um empréstimo ao Museu do Palácio de Pequim, de dois retratos dos imperadores Yongzheng e Kangxi.

Neste período, “a dimensão comercial do relacionamento entre a China e a Europa (e Portugal) conheceu uma verdadeira explosão em intensidade, volume e valor. As mercadorias chinesas (em especial a seda, porcelana e, cada vez mais, o chá) eram crescentemente desejadas nos mercados consumidores europeus e das colónias”, aponta a nota de Jorge Santos Alves.

Nesse sentido, “os primeiros exemplos de adesão ao vestuário e à moda europeus incluíram até imperadores como Yongzheng”, enquanto que, nessa fase, “a arte e a arquitectura europeias ou de inspiração europeia entraram no mundo cultural imperial chinesa”, conclui a mesma nota.

A exposição será composta por quatro núcleos, sendo um deles destinado à temática “Macau: O Tempo dos Novos Tempos”. A mostra, composta por 40 a 48 peças, conta, além da parceria com Jorge Santos Alves, com a colaboração científica de António Vilhena de Carvalho, ligado à Universidade Católica Portuguesa, João Paulo Salvado, Susana Munch Miranda e Isabel Pina, esta última ligada ao Centro Científico e Cultural de Macau.

17 Set 2019

SCML | Exposição em Lisboa marca os 20 anos de transferência de Macau

Chama-se “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.João V” e é o nome da exposição organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para celebrar os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. A mostra é inaugurada a 20 de Dezembro no Museu de São Roque, em Lisboa, e conta com peças de Macau e de Pequim

 
[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está a organizar uma exposição que terá lugar no Museu de São Roque, em Lisboa, que visa celebrar as datas que simbolizam a ligação de Portugal ao Oriente, e que este ano ganham um especial significado.
Além dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e China e dos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), serão também recordados os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China.
A exposição, intitulada “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.Joao V” será inaugurada a 20 de Dezembro deste ano no Museu de São Roque, em Lisboa, espaço afecto à SCML. Margarida Montenegro, directora do departamento da cultura da SCML, explicou ao HM a importância que o reinado do rei português D. João V teve nas relações com a China da época.
“Não só estamos muito ligados a D. João V, porque mandou construir a capela de São João Baptista, a mais importante da Igreja de São Roque, como foi o período de relação entre Portugal e China mais harmonioso.” O rei português governou durante 50 anos, o suficiente para se relacionar com três imperadores chineses da dinastia Qing: Kangxi, Yonzheng e Qianlong.
“É neste período que houve mais contactos com a China, e este período foi também muito importante para Macau, que era um porto internacional de comércio entre os dois impérios”, adiantou Margarida Montenegro. Na proposta de exposição, elaborada pelo académico Jorge Santos Alves, do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, lê-se que, neste reinado, “a dimensão político-diplomática corporizou-se com o envio da embaixada do imperador Kangxi a D. João V, protagonizada pelo jesuíta António de Magalhães, depois retribuída em 1726 pela embaixada de Alexandre Metello de Sousa e Meneses já ao imperador Yongzheng”.
Além deste relacionamento diplomático, destaque ainda para o papel do bispo de Macau à época, Frei Hilário de Santa Rosa, num tempo de “projectos megalómanos para a conquista da China”.
Nesse período, Macau viveu, na primeira metade do século XVIII, “um tempo de reajustamento à dinastia Qing”, um período “marcante para a história de Macau e para a sua qualidade de porto internacional de comércio e de porto entre dois impérios, o português e o chinês”.
A nota assinada por Jorge Santos Alves dá conta que Macau teve, nesta fase, de “reajustar a sua geografia comercial aos novos tempos da concorrência europeia nos mercados chineses e asiáticos em geral”. Além disso, o território e “as suas instituições locais, especialmente o Senado da Câmara e a Misericórdia, tiveram que encontrar um novo padrão de relacionamento com a Coroa Portuguesa, mais centralizadora, e os seus representantes na cidade, os governadores”.

Pedidos em avaliação

Os contactos para a integração de peças nesta exposição ainda estão ainda a ser desenvolvidos. Margarida Montenegro disse ao HM que foi pedida à SCMM o retrato de um mercador chamado Francisco Xavier Roquette, “reconhecido mercador da comunidade portuguesa em Macau e que é um dos beneméritos da SCMM. A entidade liderada pelo provedor António José de Freitas também sugeriu outras peças, que ainda estão a ser alvo de uma avaliação por parte da SCML, que também requisitou um empréstimo ao Museu do Palácio de Pequim, de dois retratos dos imperadores Yongzheng e Kangxi.
Neste período, “a dimensão comercial do relacionamento entre a China e a Europa (e Portugal) conheceu uma verdadeira explosão em intensidade, volume e valor. As mercadorias chinesas (em especial a seda, porcelana e, cada vez mais, o chá) eram crescentemente desejadas nos mercados consumidores europeus e das colónias”, aponta a nota de Jorge Santos Alves.
Nesse sentido, “os primeiros exemplos de adesão ao vestuário e à moda europeus incluíram até imperadores como Yongzheng”, enquanto que, nessa fase, “a arte e a arquitectura europeias ou de inspiração europeia entraram no mundo cultural imperial chinesa”, conclui a mesma nota.
A exposição será composta por quatro núcleos, sendo um deles destinado à temática “Macau: O Tempo dos Novos Tempos”. A mostra, composta por 40 a 48 peças, conta, além da parceria com Jorge Santos Alves, com a colaboração científica de António Vilhena de Carvalho, ligado à Universidade Católica Portuguesa, João Paulo Salvado, Susana Munch Miranda e Isabel Pina, esta última ligada ao Centro Científico e Cultural de Macau.

17 Set 2019

SCML | Novo museu Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo inaugura em 2020

Francisco Capelo, coleccionador particular, decidiu doar uma importante colecção de peças à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que espelha a vivência em vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses e europeus. Margarida Montenegro, directora de cultura da instituição, confessou que o objectivo é inaugurar o novo museu no próximo ano

 

[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) pretende abrir no próximo ano um novo museu que vai dar a conhecer a história de vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses. Trata-se da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo, um coleccionador que decidiu doar à SCML 1200 peças que foi adquirindo ao longo dos tempos.

Ao HM, Margarida Montenegro, directora de cultura da SCML, contou que este projecto começou com um telefonema do antigo provedor da instituição de cariz social, Pedro Santana Lopes.

“(Francisco Capelo) contactou-o para ver se estaríamos interessados em fazer um museu para esta colecção. Fui a casa do coleccionador e vi que se tratavam de obras existentes antes da chegada dos portugueses à Ásia. São peças interessantíssimas”, frisou. O museu ficará albergado num edifício que já está a ser alvo de requalificações, situado em frente à SCML, na zona da Baixa-Chiado.

As 1200 peças pertencem a um período temporal que vai desde o século IV a.c. até ao início do século XX, e conta a história de lugares como a China, os países que compõem a região dos Himalaias, Sri Lanka, Coreia, Japão e Vietname, entre outros.

No museu poderão ser vistas peças tão diversas como têxteis, “escultura com variadíssimos materiais, pintura, muita cerâmica, uma colecção fantástica de armários da Tailândia, joalharia”.

“Esta colecção dá-nos toda uma nova perspectiva sobre o que eram os artefactos da Ásia antes da chegada dos europeus. Mas com isto não lhe estou a dizer que não há peças que estejam nesta colecção e que estejam em museus europeus, que as há, muitas”, explicou Margarida Montenegro.

Francisco Capelo é um homem viajado e preocupou-se em adquirir as peças em bom estado de conservação. “Ele adquiriu as peças de diversas formas, em leiloes ou nos próprios locais. Devo dizer que ele passa cerca de duas temporadas por ano fora, e se passar três meses em Portugal é muito. Ele gosta muito do Oriente. Não faz uma viagem, mas vive nesses locais. A partir dos seus interesses e da vivência nesses lugares durante anos seguidos decide as peças a adquirir”, adiantou Margarida Montenegro.

Sem um orçamento concreto, uma vez que as obras de requalificação do edifício ainda decorrem, o museu deverá abrir portas no ano que vem, a tempo de mais um aniversário da SCML.

Especialistas convidados

Margarida Montenegro destaca o facto de Francisco Capelo não comprar peças de arte sem um objectivo concreto. “É uma pessoa especial, estudiosa, no sentido em que não compra coisas assim, só porque vê. Ele estuda primeiro e depois compra. Foi um homem ligado aos mercados financeiros. Já é benemérito de outros museus, como o MUDE (Museu do Design e da Moda) ou do Museu de Etnologia e do Museu da Marioneta.”

O coleccionador “interessa-se por arte desde sempre, é uma pessoa que está em permanente visita a museus. É benemérito também de museus internacionais e está muito atento ao mercado da arte”, acrescentou a responsável.

Antes de ceder a sua colecção à SCML, Francisco Capelo contactou uma equipa de especialistas internacionais para avaliarem o valor histórico das peças que foi adquirindo ao longo dos anos. Além disso, a própria SCML fez esse trabalho de avaliação.

“Em Portugal, a área dos estudos asiáticos é muito recente, porque a formação que era dada nas universidades era mais ligada às peças de arte oriental que resultaram dos contactos entre portugueses e asiáticos e europeus e asiáticos. Não há, em Portugal, muitas peças anteriores à presença dos europeus. Pode haver algo no Museu do Oriente. A SCML, ao tomar esta responsabilidade, tinha de arranjar pessoas especializadas nesta área que trabalhassem no museu.” Nesse sentido, foi contactada uma docente da Universidade Nova de Lisboa e Maria Antónia Pinto de Matos, directora do Museu do Azulejo e com obra publicada na área da porcelana chinesa.

Para Margarida Montenegro, está em causa um projecto que responde à missão inicial da SCML de servir os outros. “A SCML foi fundada há 521 anos com a missão de auxiliar os mais desprotegidos, tanto ontem, como hoje. As formas desse auxílio modificam-se, mas o objectivo mantém-se. Nessa perspectiva vejo a abertura do novo museu como um contributo da SCML para ajudar à elevação cultural do Homem, pois a missão da cultura da Misericórdia é fazer uma programação cultural para o público em geral, mas também para os mais desprotegidos.”

Margarida Montenegro destaca ainda o facto da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo poder vir a constituir uma ponte com a Igreja e Museu de São Roque, situados no mesmo local. “Este museu pode trazer o estabelecimento de leituras cruzadas ou a ponte entre parte do espólio do Museu e da Igreja de São Roque e o novo museu Casa Ásia. Pode trazer dinâmicas novas que nos façam atrair novos públicos.”

Isto porque a própria Igreja de São Roque é de fundação jesuíta, uma das principais ordens religiosas que promoveram a evangelização a Oriente. “Há uma grande ligação de São Roque ao Oriente através dos jesuítas. Se visitar o museu e a igreja encontra um enorme património ligado ao Oriente”, rematou a directora de cultura da SCML.

11 Set 2019

SCML | Novo museu Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo inaugura em 2020

Francisco Capelo, coleccionador particular, decidiu doar uma importante colecção de peças à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que espelha a vivência em vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses e europeus. Margarida Montenegro, directora de cultura da instituição, confessou que o objectivo é inaugurar o novo museu no próximo ano

 
[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) pretende abrir no próximo ano um novo museu que vai dar a conhecer a história de vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses. Trata-se da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo, um coleccionador que decidiu doar à SCML 1200 peças que foi adquirindo ao longo dos tempos.
Ao HM, Margarida Montenegro, directora de cultura da SCML, contou que este projecto começou com um telefonema do antigo provedor da instituição de cariz social, Pedro Santana Lopes.
“(Francisco Capelo) contactou-o para ver se estaríamos interessados em fazer um museu para esta colecção. Fui a casa do coleccionador e vi que se tratavam de obras existentes antes da chegada dos portugueses à Ásia. São peças interessantíssimas”, frisou. O museu ficará albergado num edifício que já está a ser alvo de requalificações, situado em frente à SCML, na zona da Baixa-Chiado.
As 1200 peças pertencem a um período temporal que vai desde o século IV a.c. até ao início do século XX, e conta a história de lugares como a China, os países que compõem a região dos Himalaias, Sri Lanka, Coreia, Japão e Vietname, entre outros.
No museu poderão ser vistas peças tão diversas como têxteis, “escultura com variadíssimos materiais, pintura, muita cerâmica, uma colecção fantástica de armários da Tailândia, joalharia”.
“Esta colecção dá-nos toda uma nova perspectiva sobre o que eram os artefactos da Ásia antes da chegada dos europeus. Mas com isto não lhe estou a dizer que não há peças que estejam nesta colecção e que estejam em museus europeus, que as há, muitas”, explicou Margarida Montenegro.
Francisco Capelo é um homem viajado e preocupou-se em adquirir as peças em bom estado de conservação. “Ele adquiriu as peças de diversas formas, em leiloes ou nos próprios locais. Devo dizer que ele passa cerca de duas temporadas por ano fora, e se passar três meses em Portugal é muito. Ele gosta muito do Oriente. Não faz uma viagem, mas vive nesses locais. A partir dos seus interesses e da vivência nesses lugares durante anos seguidos decide as peças a adquirir”, adiantou Margarida Montenegro.
Sem um orçamento concreto, uma vez que as obras de requalificação do edifício ainda decorrem, o museu deverá abrir portas no ano que vem, a tempo de mais um aniversário da SCML.

Especialistas convidados

Margarida Montenegro destaca o facto de Francisco Capelo não comprar peças de arte sem um objectivo concreto. “É uma pessoa especial, estudiosa, no sentido em que não compra coisas assim, só porque vê. Ele estuda primeiro e depois compra. Foi um homem ligado aos mercados financeiros. Já é benemérito de outros museus, como o MUDE (Museu do Design e da Moda) ou do Museu de Etnologia e do Museu da Marioneta.”
O coleccionador “interessa-se por arte desde sempre, é uma pessoa que está em permanente visita a museus. É benemérito também de museus internacionais e está muito atento ao mercado da arte”, acrescentou a responsável.
Antes de ceder a sua colecção à SCML, Francisco Capelo contactou uma equipa de especialistas internacionais para avaliarem o valor histórico das peças que foi adquirindo ao longo dos anos. Além disso, a própria SCML fez esse trabalho de avaliação.
“Em Portugal, a área dos estudos asiáticos é muito recente, porque a formação que era dada nas universidades era mais ligada às peças de arte oriental que resultaram dos contactos entre portugueses e asiáticos e europeus e asiáticos. Não há, em Portugal, muitas peças anteriores à presença dos europeus. Pode haver algo no Museu do Oriente. A SCML, ao tomar esta responsabilidade, tinha de arranjar pessoas especializadas nesta área que trabalhassem no museu.” Nesse sentido, foi contactada uma docente da Universidade Nova de Lisboa e Maria Antónia Pinto de Matos, directora do Museu do Azulejo e com obra publicada na área da porcelana chinesa.
Para Margarida Montenegro, está em causa um projecto que responde à missão inicial da SCML de servir os outros. “A SCML foi fundada há 521 anos com a missão de auxiliar os mais desprotegidos, tanto ontem, como hoje. As formas desse auxílio modificam-se, mas o objectivo mantém-se. Nessa perspectiva vejo a abertura do novo museu como um contributo da SCML para ajudar à elevação cultural do Homem, pois a missão da cultura da Misericórdia é fazer uma programação cultural para o público em geral, mas também para os mais desprotegidos.”
Margarida Montenegro destaca ainda o facto da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo poder vir a constituir uma ponte com a Igreja e Museu de São Roque, situados no mesmo local. “Este museu pode trazer o estabelecimento de leituras cruzadas ou a ponte entre parte do espólio do Museu e da Igreja de São Roque e o novo museu Casa Ásia. Pode trazer dinâmicas novas que nos façam atrair novos públicos.”
Isto porque a própria Igreja de São Roque é de fundação jesuíta, uma das principais ordens religiosas que promoveram a evangelização a Oriente. “Há uma grande ligação de São Roque ao Oriente através dos jesuítas. Se visitar o museu e a igreja encontra um enorme património ligado ao Oriente”, rematou a directora de cultura da SCML.

11 Set 2019