Herdeiro da Samsung escapa à prisão preventiva

[dropcap]O[/dropcap] herdeiro e vice-presidente do gigante sul-coreano Samsung, Lee Jae-yong, escapou na terça-feira à prisão preventiva, pedida pelo Ministério Público na investigação da controversa fusão de duas das filiais do grupo, anunciou o juiz.

“Não havia razões suficientes para justificar a sua detenção”, disse o magistrado Won Jung-sook, numa declaração após uma audiência de nove horas, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP). “Os procuradores parecem já ter obtido uma quantidade considerável de provas no decurso da investigação”, afirmou, acrescentando que o julgamento irá determinar se Lee praticou actos ilegais.

O herdeiro do maior conglomerado da Coreia do Sul aguardou as deliberações num centro de detenção. Saiu por volta das 02:40 de segunda-feira à noite, recusando-se a fazer qualquer declaração.

A Procuradoria de Seul anunciou na quinta-feira que tinha solicitado um mandado de detenção para Lee Jae-yong por suspeita de manipulação de preços durante a controversa fusão de duas subsidiárias da Samsung, Cheil Industries e C&T, em 2015.

O vice-presidente da Samsung Electronics, Lee Jae-yong, foi condenado em 2017 a cinco anos de prisão no âmbito do escândalo de corrupção que levou à demissão e prisão da ex-Presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye.

O empresário, de 51 anos, foi libertado um ano depois, mas está atualmente envolvido noutro processo judicial.

Lee Jae-yong é acusado de ter participado num caso de fraude em 2015, quando a Cheil Industries, uma subsidiária especializada em moda, alimentação e lazer, assumiu o controlo da Samsung C&T (BTP).

Essa fusão foi vista como um passo decisivo para garantir uma transição tranquila do grupo Samsung para a terceira geração. No entanto, foi criticado pelo facto de o valor da C&T ter sido deliberadamente subvalorizado durante a transação. O fundo nacional de pensão (NPS), um grande acionista da Samsung, havia dado luz verde a esta operação.

A Procuradoria também solicitou um mandado de prisão contra dois ex-executivos da Samsung pelo seu papel na fusão. O pedido de prisão chegou quase um mês depois das desculpas de Lee Jae-yong pelo plano que delineou para assumir o grupo empresarial.

O empresário prometeu então que “não haveria mais polémica” sobre a sua promoção e que seria o último na linha de sucessão familiar. A Samsung é de longe o maior grupo empresarial familiar sul-coreano e as suas atividades industriais representam uma parte significativa da 12.ª economia mundial. Os seus ganhos a nível mundial equivalem a um quinto do produto interno bruto (PIB) do país.

9 Jun 2020

Grupo sul-coreanos vai processar Samsung por causa do Galaxy Note 7

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de 38 pessoas que comprou o ‘smartphone’ Galaxy Note 7, que tem problemas de segurança, na Coreia do Sul vai apresentar uma queixa colectiva contra o fabricante, a Samsung Electronics.

Cada uma reclama uma compensação de 300.000 wones (243 euros) pela perda do serviço decorrente dos problemas que afectaram o novo modelo da Samsung obrigando a empresa a deixar de o fabricar e a pedir aos consumidores que parem de o usar por motivos de segurança, indicou o escritório de advocacia que representa o grupo à agência noticiosa espanhola Efe.

Na acção, que vai ser interposta junto de um tribunal de Seul no próximo dia 24, alega-se ainda que os problemas causaram ansiedade aos clientes que se viram obrigados a recorrer, por diversas vezes, ao apoio técnico para verificar os seus dispositivos ou trocá-los.

Em face da jurisprudência que existe ao nível deste tipo de acções relacionadas com produtos defeituosos na Coreia do Sul é elevada a probabilidade de a queixa ser bem-sucedida.

<h4>Outras queixas</h4>

Os meios de comunicação social norte-americanos informaram da existência de uma acção idêntica movida por um grupo de pessoas que comprou o Galaxy Note 7 contra o gigante tecnológico sul-coreano.

A Samsung anunciou na semana passada a suspensão da produção do Galaxy Note 7 e parou as vendas do modelo, lançado há apenas dois meses no mercado, em todo o mundo.

A decisão foi uma tentativa de travar uma bola de neve que não tem parado de crescer desde o alerta recente do regulador norte-americano dos consumidores para o perigo potencial.

Os clientes do Note 7 em todo o mundo vão poder reaver o dinheiro dos aparelhos ou reinvesti-lo na aquisição de quaisquer outros modelos da empresa.

A Samsung recolheu há pouco mais de um mês 2,5 milhões unidades do Note 7 em dez mercados em todo o mundo, numa reacção a queixas dos consumidores de que a bateria de íon-lítio explodia quando recarregava.

A empresa divulgou, também na semana passada, uma estimativa de perdas superiores a três mil milhões de dólares nos próximos dois trimestres devido aos problemas com o ‘smartphone’ Galaxy Note 7.

O caso golpeou de tal modo a imagem da marca do maior fabricante mundial de ‘smartphones’ que alguns analistas acreditam que o caso pode mesmo afectar a sua quota de mercado no sector da telefonia móvel.

20 Out 2016

Patentes | Nova arma para combater Apple e Samsung

Os fabricantes chineses de telefones inteligentes utilizam cada vez mais patentes como munição para atacarem as rivais Apple e Samsung. Gigantes como a Huawei, o ZTE Corp. e a Lenovo Group adquiriram patentes e fazem investimentos vultosos em pesquisa e desenvolvimento — esperam-se mais desafios jurídicos pela frente para a Apple e a Samsung, e não só na China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Huawei, que tem a ambição de se tornar a maior fabricante de telefones inteligentes do mundo em cinco anos, processou a Samsung nos Estados Unidos em Maio, afirmando que a empresa sul-coreana violou 11 das suas patentes para telefones móveis. A Samsung informou que irá defender-se no processo, o primeiro confronto jurídico de um fabricante de telefones inteligentes chinês contra uma líder de mercado, o que vem reverter a ideia de que os fabricantes chineses estão no lado recebedor das disputas de patentes.
O ano passado, a Huawei, terceira maior fabricante de telefones inteligentes e líder mundial do mercado de equipamentos de telecomunicações, foi a empresa que mais fez registos de patentes internacionais sob o Tratado de Cooperação em matéria de Patentes, que facilita o registo para empresas em vários países, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, sediada em Genebra. Depois da Huawei, a fabricante de chips americana Qualcomm e a chinesa ZTE foram as que mais registaram patentes.

Guerra em curso

As patentes desempenham também um papel no sector mais rígido dos aparelhos móveis da China, que a Apple e a Samsung tentam desbravar, uma vez que os reguladores locais pressionam cada vez mais as empresas estrangeiras a actuar segundo as regras do Governo. Recorde-se que a Shenzhen Baili, uma pequena “startup” chinesa, conseguiu proibir na Justiça a venda do iPhone 6 e iPhone 6 Plus em Pequim, com base apenas numa patente de design que esta diz possuir no país.
A Apple contesta a alegação, que, segundo analistas e especialistas em leis, é uma indicação do clima político tenso do país. Mas, ao mesmo tempo, as suas rivais chinesas mais poderosas, como a Huawei, estão a desenvolver grandes esforços para adquirirem direitos de patentes e enfrentar as duas gigantes do sector.
“Vamos ver muito mais empresas chinesas a registarem patentes fora da China, e mais acordos e processos envolvendo patentes e tecnologia”, prevê Benjamin Bai, sócio da consultoria Allen & Overy LLP, de Xangai, que assessora empresas chinesas sobre estratégias de propriedade intelectual internacional.
A Huawei tem vindo a aumentar o portfólio de patentes principalmente através de investimentos elevados em pesquisa e desenvolvimento. Nos últimos cinco anos, investiu quase US$ 30 mil milhões em P&D. Só no ano passado, elevou em 46% o orçamento da área de pesquisa, para US$ 9,2 mil milhões, superando os US$ 8,1 mil milhões que a Apple investiu no seu ano fiscal mais recente. A Huawei tem agora 16 centros de P&D no mundo, incluindo EUA e Europa.

Ser maior

Quando a Lenovo comprou a Motorola Mobility, em 2014, num acordo de US$ 2,91 mil milhões, a fabricante chinesa de computadores pessoais citou as patentes da Motorola como um motivo para adquirir a empresa. Mas, mesmo com as patentes da Motorola, a empresa enfrenta dificuldades no mercado global de telefones inteligentes.
No caso da Huawei, a expectativa é vê-la fortalecer-se na guerra contra as suas rivais ocidentais ao investir mais em P&D. Só uma equipa de design de antenas para telefones inteligentes regista quatro ou cinco novas patentes todos os anos, segundo um empregado.
Quando a Apple lançou o iPhone 6S e o iPhone 6S Plus, no ano passado, a equipa desmontou os telefones e testou suas antenas dentro de quartos isolados para comparar com as antenas da Huawei. “Ainda estamos atrás da Apple, mas achamos que a diferença está a diminuir”, disse o funcionário da Huawei.

The Wall Street Journal

23 Jun 2016