Hoje Macau China / ÁsiaAlemanha | PM Li Qiang recebido num teste às relações bilaterais O chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier, recebeu na segunda-feira o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que faz a sua primeira viagem ao estrangeiro, num teste às relações entre Berlim e Pequim, marcadas por crescente rivalidade. Durante o encontro, o Presidente alemão reconheceu que a cooperação entre os dois países “continua importante, mas mudou nos últimos anos”, de acordo com um comunicado do seu gabinete. “A China é parceira da Alemanha e da Europa, mas também cada vez mais uma concorrente e rival na arena política”, acrescentou o comunicado. O primeiro-ministro chinês garantiu que a China está pronta para trabalhar com a Alemanha para contribuir para a “estabilidade e prosperidade globais”, de acordo com a agência noticiosa estatal Xinhua. A China é o mais relevante parceiro comercial da Alemanha e um mercado vital para o seu poderoso sector automóvel. Contudo, nos últimos meses, Berlim endureceu o tom nas relações com Pequim. Para Berlim, por causa da estratégia expansionista de Pequim, “a estabilidade regional e a segurança internacional estão cada vez mais pressionadas” e “os direitos humanos não são respeitados”. Recentemente, o chanceler Olaf Scholz assumiu que o seu país deve reduzir a sua dependência económica face a Pequim, embora admita que “não tem interesse em impedir o desenvolvimento económico da China”.
Hoje Macau China / ÁsiaChina / EUA | Crescente rivalidade ameaça bipolarizar relações internacionais [dropcap]A[/dropcap] crescente rivalidade com os Estados Unidos marcou a China, em 2019, à medida que uma prolongada guerra comercial se alargou à diplomacia, Defesa ou Cultura, intensificando uma disputa que está a bipolarizar as relações internacionais. Numa altura em que Pequim assume uma política externa assertiva, visando converter a China numa super potência global até meados deste século, Washington passou a apostar numa estratégia de contenção das ambições chinesas. Referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns nos dois países. Este mês, pela primeira vez, a China foi destacada numa declaração conjunta da NATO: “A crescente influência da China e a sua política externa apresentam oportunidades e desafios que precisamos de enfrentar juntos como uma Aliança”, lê-se. Segunda maior economia do mundo, a seguir aos EUA, a China deverá passar para primeiro lugar, com base na paridade do poder de compra, já no próximo ano, e em termos nominais, durante a década de 2030, de acordo com diferentes análises. O general norte-americano Robert Spalding considera a ascensão do país “uma ameaça muito maior” do que a União Soviética: “O alcance da China, sobretudo nos governos e em todas as instituições do Ocidente, excede em muito o que os soviéticos poderiam sequer imaginar”, aponta. Descartada outrora como fabricante de contrafacção barata e produtos de baixa qualidade, a China passou também, nos últimos anos, a rivalizar com os EUA no sector tecnológico, incluindo no desenvolvimento de Inteligência Artificial ou redes de quinta geração (5G). “A tecnologia está no centro das mudanças na relação entre a China e o mundo”, esclareceu este mês, num relatório, a consultora McKinsey. Mas o sucesso económico, no caso chinês, não foi acompanhado de liberalização política: a emergência do país implica hoje uma nova ordem mundial, moldada por um sistema político e de valores profundamente diferentes daqueles cultivados pelo Ocidente democrático. Outrora pobre e isolada, mergulhada num universo à parte e em constantes “campanhas políticas”, a China ingressou nas últimas décadas numa comunidade internacional liderada por Washington, aderindo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, Organização Mundial do Comércio, Fundo Monetário Internacional ou Banco Mundial. Mas, face a uma administração norte-americana que rasgou compromissos internacionais, no comércio, segurança ou clima, o país asiático avançou com outras ambições: “Como membro das organizações internacionais, a China procura agora moldar o sistema com preferências e normas chinesas”, descreve Evan Feigenbaum, do centro de pesquisa sobre política global Carnegie Endowment. O país adoptou ainda uma “segunda via alternativa”, através da iniciativa ‘uma faixa, uma rota’, ao “introduzir outro modelo das relações internacionais, numa adaptação moderna da preferência milenar da China por laços tributários”, resume. Assente numa estrutura de poder onde a liderança do Partido Comunista é o “princípio cardeal”, o país asiático continua a pôr na cadeia activistas ou dissidentes. Um outro mundo Na frente comercial, os governos dos dois países impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro, numa guerra comercial que se prolonga desde o Verão de 2018. A disputa alastrou-se ao sector tecnológico: os EUA restringiram já o fornecimento de alta tecnologia a várias empresas chave chinesas, incluindo ao grupo Huawei ou às fornecedoras globais de tecnologia de vigilância por vídeo Hikvision e Dahua. Uma dissociação entre as duas maiores economias do planeta passou a ser defendida por alguns funcionários norte-americanos, com consequências imprevisíveis. “Se os EUA assumirem que a China não pode desempenhar um papel construtivo dentro do sistema projectado por si, irão, de facto, levar a China a criar um sistema paralelo e separado, com regras muito diferentes”, alerta o antigo presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick.
admin China / ÁsiaChina / EUA | Crescente rivalidade ameaça bipolarizar relações internacionais [dropcap]A[/dropcap] crescente rivalidade com os Estados Unidos marcou a China, em 2019, à medida que uma prolongada guerra comercial se alargou à diplomacia, Defesa ou Cultura, intensificando uma disputa que está a bipolarizar as relações internacionais. Numa altura em que Pequim assume uma política externa assertiva, visando converter a China numa super potência global até meados deste século, Washington passou a apostar numa estratégia de contenção das ambições chinesas. Referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns nos dois países. Este mês, pela primeira vez, a China foi destacada numa declaração conjunta da NATO: “A crescente influência da China e a sua política externa apresentam oportunidades e desafios que precisamos de enfrentar juntos como uma Aliança”, lê-se. Segunda maior economia do mundo, a seguir aos EUA, a China deverá passar para primeiro lugar, com base na paridade do poder de compra, já no próximo ano, e em termos nominais, durante a década de 2030, de acordo com diferentes análises. O general norte-americano Robert Spalding considera a ascensão do país “uma ameaça muito maior” do que a União Soviética: “O alcance da China, sobretudo nos governos e em todas as instituições do Ocidente, excede em muito o que os soviéticos poderiam sequer imaginar”, aponta. Descartada outrora como fabricante de contrafacção barata e produtos de baixa qualidade, a China passou também, nos últimos anos, a rivalizar com os EUA no sector tecnológico, incluindo no desenvolvimento de Inteligência Artificial ou redes de quinta geração (5G). “A tecnologia está no centro das mudanças na relação entre a China e o mundo”, esclareceu este mês, num relatório, a consultora McKinsey. Mas o sucesso económico, no caso chinês, não foi acompanhado de liberalização política: a emergência do país implica hoje uma nova ordem mundial, moldada por um sistema político e de valores profundamente diferentes daqueles cultivados pelo Ocidente democrático. Outrora pobre e isolada, mergulhada num universo à parte e em constantes “campanhas políticas”, a China ingressou nas últimas décadas numa comunidade internacional liderada por Washington, aderindo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, Organização Mundial do Comércio, Fundo Monetário Internacional ou Banco Mundial. Mas, face a uma administração norte-americana que rasgou compromissos internacionais, no comércio, segurança ou clima, o país asiático avançou com outras ambições: “Como membro das organizações internacionais, a China procura agora moldar o sistema com preferências e normas chinesas”, descreve Evan Feigenbaum, do centro de pesquisa sobre política global Carnegie Endowment. O país adoptou ainda uma “segunda via alternativa”, através da iniciativa ‘uma faixa, uma rota’, ao “introduzir outro modelo das relações internacionais, numa adaptação moderna da preferência milenar da China por laços tributários”, resume. Assente numa estrutura de poder onde a liderança do Partido Comunista é o “princípio cardeal”, o país asiático continua a pôr na cadeia activistas ou dissidentes. Um outro mundo Na frente comercial, os governos dos dois países impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro, numa guerra comercial que se prolonga desde o Verão de 2018. A disputa alastrou-se ao sector tecnológico: os EUA restringiram já o fornecimento de alta tecnologia a várias empresas chave chinesas, incluindo ao grupo Huawei ou às fornecedoras globais de tecnologia de vigilância por vídeo Hikvision e Dahua. Uma dissociação entre as duas maiores economias do planeta passou a ser defendida por alguns funcionários norte-americanos, com consequências imprevisíveis. “Se os EUA assumirem que a China não pode desempenhar um papel construtivo dentro do sistema projectado por si, irão, de facto, levar a China a criar um sistema paralelo e separado, com regras muito diferentes”, alerta o antigo presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick.
Hoje Macau China / ÁsiaHanói | Diferendos sobre as sanções ditam falhanço de cimeira Trump – Kim O segundo encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un acabou sem acordo e mais cedo do que o previsto. Divergências sobre as sanções e a desnuclearização acabaram por impedir um desfecho positivo nas negociações entre os dois países [dropcap]A[/dropcap]cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano terminou sem acordo devido ao impasse sobre as sanções e as reticências de Kim Jong-un em abdicar totalmente do programa nuclear. “Existe ainda uma lacuna” entre o desejo de ambas as partes e, por isso, “temos que manter as sanções”, afirmou Donald Trump, numa conferência de imprensa, após a cimeira em Hanói ter terminado sem um acordo. “Eles queriam que as sanções fossem levantadas na totalidade e nós não podemos fazer isso”, detalhou Trump, acrescentando que prefere “assinar um bom acordo do que fazê-lo ‘a correr’”. Trump deixou a capital vietnamita depois de a cimeira terminar mais cedo do que o previsto. “Às vezes tens que te levantar e ir embora e, desta vez, foi isso que aconteceu”, disse. O Presidente dos EUA revelou que Kim se ofereceu para desmantelar algumas partes da sua infraestrutura nuclear, incluindo o complexo nuclear de Yongbyon, mas que não estava preparado para abdicar de outras partes do programa, incluindo as fábricas para produção de urânio. “Eles estavam dispostos a desmantelar parte das áreas, mas não podíamos desistir de todas as sanções”, afirmou. Trump disse ainda que não há planos para uma terceira cimeira, mas que Kim lhe garantiu que a Coreia do Norte não vai realizar testes nucleares e com mísseis balísticos. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse, no entanto, que “estão hoje mais próximos de um acordo do que há 36 horas”. Em comunicado, a secretária de Imprensa da Casa Branca afirmou que os “dois líderes discutiram várias formas de avançar na desnuclearização e questões económicas”, mas que “nenhum acordo foi alcançado desta vez” e que as delegações esperam voltar a reunir no futuro”. Sedução em saco roto Num encontro com os jornalistas antes das negociações arrancarem, Trump baixou as expectativas, afirmando que não “tem pressa” para que se chegue a um acordo. Kim Jong-un afirmou que, “se não estivesse disposto” à desnuclearização, não estaria em Hanói. A Coreia do Norte sofreu já décadas de isolamento e pobreza extrema, incluindo períodos de fome que causaram milhões de mortos, mas não abdicou de desenvolver um programa nuclear como garantia de sobrevivência do regime. Trump tentou seduzir, em Hanói, o regime norte-coreano com boas perspectivas económicas caso aceite a desnuclearização e se insira na comunidade internacional. A Coreia do Norte e o Vietname partilham décadas de amizade e, em teoria, continuam a ser aliados ideológicos, mas as reformas económicas e a integração na comunidade internacional lançados por Hanói impulsionaram o desenvolvimento económico do país. Lamentos de Seul A Presidência sul-coreana lamentou ontem que a cimeira entre os líderes dos EUA e da Coreia do Norte tenha terminado sem acordo, mas mostrou-se optimista na continuação das negociações, considerando que houve progressos significativos em Hanói. “É lamentável que o Presidente Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, não tenham chegado a um acordo global na sua cimeira de hoje [ontem]”, disse em comunicado o porta-voz da Casa Azuk, sede da Presidência sul-coreana. No entanto, Kim Eui-kyeom disse parecer “claro que foram alcançados muitos progressos, mais do que em qualquer outro momento no passado”. No mesmo comunicado, a Presidência considera que o facto de Trump admitir a possibilidade de aliviar as sanções em troca de passos no sentido do desarmamento nuclear da Coreia do Norte mostra que as negociações entre os dois países entraram num “nível elevado”. Seul espera por isso que Washington e Pyongyang possam continuar a manter um “diálogo activo”.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping reúne com homólogo sul-coreano na próxima semana [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Presidentes da Coreia do Sul e da China vão reunir-se na próxima semana para tentar melhorar as relações bilaterais beliscadas pela instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano, foi ontem anunciado. Moon Jae-in e Xi Jinping vão manter conversações à margem de um fórum regional anual que vai decorrer no Vietname, na próxima semana, afirmou Nam Gwan-pyo, responsável da presidência sul-coreana. O encontro tem lugar no quadro dos esforços por parte de Seul e Pequim para melhorar as relações bilaterais, indicou o mesmo responsável, em declarações transmitidas pela televisão e citadas pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP). Em resposta à controversa instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano (THAAD), Pequim lançou uma retórica agressiva, argumentando que o THAAD representa uma ameaça à segurança nacional chinesa. Os negócios sul-coreanos presentes na China foram alvo de retaliações económicas. Isto apesar de Seul e o seu principal aliado, Washington, garantirem que o sistema tem objectivos meramente defensivos e visa responder a ameaças por parte da Coreia do Norte. O encontro com Xi Jinping vai ser o segundo desde que Moon assumiu a presidência da Coreia do Sul em Maio, depois do que teve lugar na Alemanha à margem da cimeira do G20.