Regresso ao trabalho

[dropcap]A[/dropcap] melhor notícia que tivemos esta semana foi a ausência de novos casos de coronavírus em Macau. Esta notícia confirma que até agora não fomos atingidos pela epidemia. Numa cidade pequena e densamente povoada como Macau, um surto epidémico seria muito perigoso.

A questão fundamental é como manter Macau saudável. É sabido que o vírus se transmite pelo ar. Se conseguirmos eliminar o contacto entre as pessoas, a transmissão do vírus terminará. Para evitar as concentrações, os departamentos governamentais reduziram ao máximo a prestação de serviços, as empresas interromperam as suas actividades e os estudantes ficaram em casa. Há alguns dias, o Governo de Macau aconselhou a população a não se deslocar ao Fai Chi Kei para comprar máscaras, de forma a evitar a permanência de muitas pessoas no mesmo local. Todas estas medidas tiveram como objectivo impedir a concentração pessoas, de forma a eliminar as condições que permitem a transmissão do vírus.

Os funcionários públicos voltaram ao trabalho esta segunda-feira. A reabertura dos serviços públicos vai fazer-se de forma faseada. Em certos casos, alguns serviços só reabrem ao público mais tarde. A população deverá compreender e aceitar estas decisões.

O regresso gradual dos funcionários públicos implicará a retoma gradual da actividade empresarial. As empresas precisam dos seus empregados. Em Macau, existem mais de 100.000 trabalhadores estrangeiros.

No entanto, muitos deles regressaram à China durante os feriados do Ano Novo chinês. Como é sabido, a China continental está em estado de alerta e foi implementado o controlo de fronteiras. Para estes trabalhadores é, para já, impossível o regresso a Macau. Pode daqui deduzir-se que as empresas que os empregam irão ser afectadas. Posto isto, esperamos que os empregadores compreendam esta situação, bem com os colegas que certamente irão ficar sobrecarregados de trabalho. Todos temos de ser tolerantes.

O regresso às aulas só acontecerá após a normalização dos serviços e da actividade empresarial, por não ser uma urgência imediata. Como é natural, quando as pessoas voltarem ao trabalho, as multidões regressarão às ruas. Se, mesmo nestas circunstâncias, não se registarem novos casos de infecção viral, os estudantes poderão voltar às aulas. Desta forma protegemos ao máximo a saúde dos jovens e das crianças.

É necessário ser paciente para aguardar o regresso da normalidade. O tempo de espera é tempo perdido. Os exames foram adiados, as receitas das empresas diminuíram e os serviços públicos estão suspensos, durante este período de espera. Todos são afectados. Por causa desta paragem, o Governo vai injectar 20 mil milhões de patacas na economia da cidade, para aliviar temporariamente os danos causados.

A retoma dos serviços públicos, da actividade comercial e das aulas, é importante, mas a saúde da população de Macau também o é. Não nos devemos precipitar no regresso à normalidade. É importante seguir à risca os conselhos dos profissionais de saúde. Quando os médicos forem de opinião que o risco de transmissão do vírus está ultrapassado, então será altura de tudo voltar ao que era, e isso será o que de melhor podemos esperar para Macau.

 

Consultor Jurídico da Associação Para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
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18 Fev 2020