NBA | Paz retomada e regresso a Macau após seis anos

A Venetian Arena foi o palco do histórico regresso da NBA à China. E ao longo do fim-de-semana, várias celebridades como David Beckham, Jackie Chan ou Jack Ma estiveram nas bancadas para assistir os jogos de pré-época

 

Cerca de 14 mil pessoas assistiram na sexta-feira ao primeiro jogo entre equipas da liga norte-americana de basquetebol (NBA) na China após seis anos de ruptura.

Mais de hora e meia antes do arranque da partida entre os Brooklyn Nets e os Phoenix Suns, já centenas de adeptos faziam fila para entrar na Venetian Arena, que irá receber durante cinco anos jogos da pré-época da NBA. Apesar do basquetebol ser um dos desportos mais populares na China, a principal motivação para quem veio mais cedo foram as várias actuações de grupos musicais do Interior da vizinha Hong Kong antes do apito inicial.

Nenhuma das duas equipas é apontada para suceder aos Oklahoma City Thunder como campeões da NBA, mas, nas bancadas, completamente cheias, parecia haver mais fãs dos Nets, que contam no plantel com Zeng Fanbo. O jovem de 22 anos deixou os Beijing Ducks, da capital chinesa, para assinar em Agosto com os Nets, detidos pelo presidente da gigante tecnológica chinesa Alibaba, Joe Tsai Chung-Hsin.

Zeng foi escolhido para falar com os adeptos antes do início da partida e recebeu uma das maiores ovações da noite quando entrou pela primeira vez, quando faltavam três minutos na primeira parte. Com a bola a rolar, foram os Nets a dominar, chegando ao intervalo em vantagem (71-59), num encontro morno, apesar do muito ruído feito pelos adeptos, sobretudo a cada ‘afundanço’ ou lançamento triplo.

Assistência de luxo

A organização fazia os possíveis para manter o ambiente a ferver, chegando a lançar do tecto da arena recordações presas a míni pára-quedas e o mundo do futebol deu uma ajuda, com o antigo internacional inglês David Beckham sentado na primeira fila, ao lado do actor de Hong Kong Jackie Chan, de Joe Tsai e do fundador da Alibaba, Jack Ma.

Os descontos de tempo eram usados para trazer ao soalho celebridades chinesas, incluindo membros da mais famosa banda de Hong Kong, os Mirror, ou antigas lendas da NBA, incluindo dois antigos rivais: Shaquille O’Neal e o chinês Yao Ming. “Lembro-me de ver o Yao Ming a jogar pelos [Houston] Rockets quando era pequena. Mas esta foi a primeira vez que vi a NBA ao vivo. Foi de loucos!”, disse à Lusa Fang, de 33 anos.

Esta adepta dos Suns, que voou dois mil quilómetros de Pequim, ainda estava rouca depois de ver a equipa a recuperar na segunda parte e vencer por 132-127, após tempo extra, ao final de mais de três horas. Os Nets têm uma oportunidade para conseguir a desforra no domingo, quando as duas equipas se voltarem a encontrar, na mesma arena.

Mais importante do que o resultado foi mesmo o regresso à China. A NBA não disputava jogos na China desde 2019, quando Daryl Morey, então director-geral dos Houston Rockets, demonstrou nas redes sociais apoio aos protestos antigovernamentais em Hong Kong.

“A maioria destes adeptos infelizmente não teve a oportunidades de ver jogos [da NBA], mas demos-lhes aqui um espectáculo e sentimo-nos apoiados”, disse, depois do jogo, o treinador dos Nets, o espanhol Jordi Fernández. A NBA recusou-se a punir Daryl Morey, mas a televisão estatal chinesa CCTV deixou de transmitir jogos da liga norte-americana, um hiato que custou 400 milhões de dólares em receitas perdidas. Mas a paixão pelo basquetebol na China não esmoreceu, garantiu a estrela dos Suns, Devin Booker: “Há muito tempo que não sentia este nível de paixão (…). Foi importante a NBA voltar cá”.

13 Out 2025

Televisão estatal chinesa não difunde início da temporada da NBA

[dropcap]A[/dropcap] televisão estatal chinesa CCTV não difundiu os jogos inaugurais da 74ª temporada da NBA, após o atrito entre o Governo chinês e a liga norte-americana de basquetebol, suscitado por um comentário de apoio aos protestos em Hong Kong.

O grupo de tecnologia chinês Tencent, que faz transmissão ‘online’, reduziu a programação prevista e difundiu apenas a partida entre os Staples Center Los Angeles Lakers e os Clippers.

A decisão surge após a polémica iniciada por uma mensagem difundida na rede social Twitter, que está bloqueada na China, pelo director-geral dos Houston Rockets, Daryl Morey.

No início do mês, Morey escreveu “Luta pela liberdade. Força Hong Kong”, ecoando uma máxima das manifestações anti-governamentais que se prolongam há cinco meses na região semi-autónoma chinesa.

Inicialmente as medidas de retaliação atingiram apenas os Houston Rockets, com vários parceiros comerciais chineses a suspenderam os seus negócios com o clube e a venda de equipamento dos Rockets a ser retirada das lojas.

Mas o Governo chinês voltou-se para toda a liga após o comissário da NBA Adam Silver ter defendido a “liberdade de expressão política” de Daryl Morey. Silver apoiou também o direito à liberdade de expressão de Joe Tsai, proprietário do clube Nets e co-fundador do grupo de tecnologia chinês Alibaba, que afirmou que Morey apoiou um “movimento separatista”.

O comissário da NBA disse ainda que a decisão da liga de pedir desculpas aos adeptos na China “não é inconsistente em apoiar o direito de alguém a ter o seu ponto de vista”.

Lamentos e ameaças

A NBA tentou inicialmente distanciar-se do incidente através de uma declaração em inglês em que classificou como “lamentável” a mensagem difundida por Morey.

Num comentário difundido este fim de semana, a CCTV disse que Adam Silver “pagará mais cedo ou mais tarde”, após este ter revelado, na semana passada, que as autoridades chinesas deixaram claro que queriam que Morey fosse afastado do seu cargo. O Governo chinês negou a alegação de Silver.

24 Out 2019

CCTV | Emissora estatal suspende jogos da NBA

O apoio do comissário da NBA, Adam Silver, à “liberdade de expressão política” do patrão dos Houston Rockets levou a televisão estatal chinesa a suspender a transmissão dos jogos da mais famosa liga de basquetebol do mundo

 

[dropcap]A[/dropcap] televisão estatal chinesa suspendeu a difusão de jogos da liga norte-americana de basquetebol NBA, após um comissário ter defendido o direito à liberdade de expressão do director de uma das equipas que apoiou os protestos em Hong Kong.

Em comunicado, a CCTV disse que se “opõe fortemente” ao apoio demonstrado pelo comissário da NBA Adam Silver à “liberdade de expressão política” de Daryl Morey, director-geral dos Houston Rockets.

Na semana passada, Daryl Morey escreveu no Twitter “Luta pela liberdade. Força Hong Kong”, ecoando uma máxima das manifestações antigovernamentais que se prolongam há quatro meses na região semiautónoma chinesa.

“Qualquer comentário que aborde a soberania e a estabilidade social de uma nação está fora do desígnio da liberdade de expressão”, considerou a emissora.

Silver, que apoiou também o direito à liberdade de expressão de Joe Tsai, proprietário do clube Nets e co-fundador do grupo de tecnologia chinês Alibaba que afirmou que Morey apoiou um “movimento separatista”, disse que a decisão da liga de pedir desculpas aos adeptos na China “não é inconsistente em apoiar o direito de alguém a ter o seu ponto de vista”.

As consequências estendem-se assim à maior liga de basquetebol do mundo, depois de terem atingido apenas os Houston Rockets.

Após as condenações por adeptos chineses e pela imprensa estatal, vários parceiros comerciais chineses dos Rockets suspenderam os seus negócios com o clube.

Emissoras chinesas anunciaram ainda que não vão difundir jogos da equipa. A principal plataforma de comércio electrónico da China, o Taobao, suspendeu ainda a venda de equipamento dos Rockets.

Famosos solidários

Várias celebridades chinesas disseram também ontem que vão boicotar eventos da NBA no país, incluindo um evento com os adeptos marcado para esta quarta-feira e um jogo amigável entre os Los Angeles Lakers e os Brookyn Nets, que estava previsto realizar-se no dia seguinte.

A NBA tentou inicialmente distanciar-se do incidente através de uma declaração em inglês em que classificou como “lamentável” a mensagem difundida por Morey.

A mensagem na versão em chinês adoptou um tom ainda mais severo, afirmando que Morey “feriu os sentimentos dos adeptos chineses”, uma acusação frequentemente usada pelas autoridades chinesas em caso de disputa com entidades estrangeiras.

A reacção da NBA foi criticada por vários políticos dos EUA, que alegaram que a liga abandonou o valor norte-americano de liberdade de expressão para proteger os seus contratos na China.

9 Out 2019

CCTV | Emissora estatal suspende jogos da NBA

O apoio do comissário da NBA, Adam Silver, à “liberdade de expressão política” do patrão dos Houston Rockets levou a televisão estatal chinesa a suspender a transmissão dos jogos da mais famosa liga de basquetebol do mundo

 
[dropcap]A[/dropcap] televisão estatal chinesa suspendeu a difusão de jogos da liga norte-americana de basquetebol NBA, após um comissário ter defendido o direito à liberdade de expressão do director de uma das equipas que apoiou os protestos em Hong Kong.
Em comunicado, a CCTV disse que se “opõe fortemente” ao apoio demonstrado pelo comissário da NBA Adam Silver à “liberdade de expressão política” de Daryl Morey, director-geral dos Houston Rockets.
Na semana passada, Daryl Morey escreveu no Twitter “Luta pela liberdade. Força Hong Kong”, ecoando uma máxima das manifestações antigovernamentais que se prolongam há quatro meses na região semiautónoma chinesa.
“Qualquer comentário que aborde a soberania e a estabilidade social de uma nação está fora do desígnio da liberdade de expressão”, considerou a emissora.
Silver, que apoiou também o direito à liberdade de expressão de Joe Tsai, proprietário do clube Nets e co-fundador do grupo de tecnologia chinês Alibaba que afirmou que Morey apoiou um “movimento separatista”, disse que a decisão da liga de pedir desculpas aos adeptos na China “não é inconsistente em apoiar o direito de alguém a ter o seu ponto de vista”.
As consequências estendem-se assim à maior liga de basquetebol do mundo, depois de terem atingido apenas os Houston Rockets.
Após as condenações por adeptos chineses e pela imprensa estatal, vários parceiros comerciais chineses dos Rockets suspenderam os seus negócios com o clube.
Emissoras chinesas anunciaram ainda que não vão difundir jogos da equipa. A principal plataforma de comércio electrónico da China, o Taobao, suspendeu ainda a venda de equipamento dos Rockets.

Famosos solidários

Várias celebridades chinesas disseram também ontem que vão boicotar eventos da NBA no país, incluindo um evento com os adeptos marcado para esta quarta-feira e um jogo amigável entre os Los Angeles Lakers e os Brookyn Nets, que estava previsto realizar-se no dia seguinte.
A NBA tentou inicialmente distanciar-se do incidente através de uma declaração em inglês em que classificou como “lamentável” a mensagem difundida por Morey.
A mensagem na versão em chinês adoptou um tom ainda mais severo, afirmando que Morey “feriu os sentimentos dos adeptos chineses”, uma acusação frequentemente usada pelas autoridades chinesas em caso de disputa com entidades estrangeiras.
A reacção da NBA foi criticada por vários políticos dos EUA, que alegaram que a liga abandonou o valor norte-americano de liberdade de expressão para proteger os seus contratos na China.

9 Out 2019