André Namora Ai Portugal VozesNeonazis iam matar o Presidente da República, António Costa e Gouveia e Melo Adivinhava-se. O aumento de acções violentas de grupos neonazis em Portugal e o discurso contínuo de incitamento ao ódio nas redes sociais está a preocupar as populações e as autoridades judiciais de modo a fazer rebentar uma bomba de espanto e preocupação informativa. A Polícia Judiciária estava a controlar desde 2020 certos grupos neonazis e na semana passada detiveram vários elementos de um grupo que contava com mais de 900 elementos. Os detidos são suspeitos de integrar o denominado Movimento Armilar Lusitano (MAL), o qual já possui uma milícia armada. Após buscas de surpresa a certos imóveis suspeitos de pertencerem a este grupo neonazi foram encontradas diversas armas, algumas de guerra de sistema 3D, bem como soqueiras, facas de grande dimensão, propaganda nazi e documentação gravíssima que indica que o referido grupo se preparava para matar o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o ex-primeiro-ministro António Costa e o candidato presidencial Almirante Gouveia e Melo e invadir a Assembleia da República com violência armada. Foram já detidos oito membros do grupo neonazi incluindo um chefe da PSP que funcionava na Polícia Municipal de Lisboa e vários agentes da PSP e militares da GNR, os quais pertenciam ao grupo e angariavam jovens para o grupo. Entre os muitos membros do grupo, está o pai da deputada do Chega, Rita Matias. Os factos são gravíssimos. O próprio Direito Constitucional está em causa porque falamos de crime e de terrorismo, e não, de uma simples posição política. Os Serviços Secretos e a Polícia Judiciária já detectaram 11 organizações neonazis em Portugal. Nada disto aparece por acaso. Nas redes sociais, nomeadamente na rede Telegram, assiste-se a um discurso de ódio e de xenofobia por parte de elementos do Chega e neonazis, o que tem dado força a que movimentos mais radicais de extrema direita possam levar a efeito actos de violência essencialmente contra imigrantes africanos e asiáticos. Desta feita, a Polícia Judiciária já possui elementos gravíssimos de acções terroristas que estavam planeadas para breve. O neonazismo é uma triste realidade em Portugal que está a chegar a planos de alta violência criminosa. E nada se passa por acaso. Quando assistimos ao político radical, xenófobo e racista André Ventura a incutir na opinião pública um discurso contra as comunidades ciganas e contra os imigrantes, obviamente que os neonazis sentem que esse discurso lhes é favorável para a acção terrorista. No dia 10 de Junto, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a ilustre e premiada nacional e internacionalmente escritora Lídia Jorge, na sua qualidade de coordenadora das cerimónias, proferiu um discurso de grande profundidade e realismo relativamente à nossa história de séculos, tal como o Presidente da República deve ter proferido o seu melhor discurso dos seus dois mandatos, tendo salientado que todos somos portugueses, numa referência clara contra a discriminação que alguns defendem contra os imigrantes. E o que aconteceu de seguida? André Ventura veio a público com afirmações absolutamente ofensivas a Lídia Jorge e a Marcelo Rebelo de Sousa, e não só. O líder do Chega afirmou que “Lídia Jorge e o Presidente da República traíram o nome de Portugal”. E mais: “José Luís Carneiro dá dó quando aparece na televisão. Apetece entrar ali e dizer ao homem: ‘Oiça, amigo. O país não é o mesmo de há 40 ou de há 30 anos”. E ainda mais: “Se a revisão Constitucional não avançar mostra-me que o primeiro-ministro está refém, está sequestrado, está preso aos mesmos interesses e ao mesmo conluio que o PS sempre esteve”. Ora, quem chama traidor ao Presidente da República não está a reflectir um discurso de ódio perante quem o ouve? Não está a incutir forças a grupos mais radicais? Quando Ventura fala que o país hoje não é como há 40 ou há 30 anos, claro que não, hoje temos em Portugal, pelo menos, 11 organizações neonazis terroristas, das quais fazem parte elementos da PSP, GNR e familiares de deputados do partido de André Ventura. Os crimes de incitamento ao ódio e violência aumentaram mais de 200 por cento nos últimos cinco anos. A situação referente a estes grupos neonazis é grave. Os democratas estão preocupados. A lista que a Polícia Judiciária apreendeu onde constam individualidades a matar não é pequena. Só a intenção de se proporem a matar personalidades que tudo têm dado ao seu país, incluindo a liberdade em 25 de Abril de 1974, já é muito grave. E por que falamos em liberdade? Porque na lista referida também fazem parte capitães de Abril. As autoridades judiciais não podem ter mais contemplação por organizações deste tipo e por afirmações gravosas proferidas por certos políticos que apenas visam aumentar a vontade aos neonazis para saírem da toca, como em muitos casos violentos já o fizeram. A tão badalada reforma da Justiça tem também que incluir a edificação de estabelecimentos prisionais especiais onde possam ser colocados os fascistas que sejam condenados por actividade criminosa ou terrorista.
Hoje Macau EventosMuseu de Florença pede devolução de quadro roubado pelos nazis [dropcap]O[/dropcap] director da Galeria dos Ofícios, Eike Schmidt, o maior museu de Florença, pediu na terça-feira à Alemanha a devolução de um quadro do pintor Jan van Huysum, do século XVIII, roubado pelos nazis durante a II Guerra Mundial. “Um apelo à Alemanha para 2019: fazemos votos para que este possa finalmente ser o ano em que será restituído à Galeria dos Ofícios o célebre ‘Vaso de Flores’, roubado pelos soldados nazis”, escreveu num comunicado, o director do museu, ele próprio de nacionalidade alemã. De acordo com o responsável, o quadro está actualmente na posse de uma família alemã, que ainda não o devolveu, apesar dos vários pedidos do Estado italiano. Trata-se de um óleo sobre tela de 47×35 centímetros, assinado por Jan van Huysum (1682-1749), um pintor holandês de renome, especializado em naturezas mortas, e que pertenceu, após 1824, às colecções do Palais Pitti, outro grande museu florentino. Levado pelos alemães durante a guerra, o quadro foi transferido dentro da Alemanha e o seu paradeiro perdeu-se durante muito tempo, antes de ser redescoberto, em 1991, após a reunificação alemã, segundo Eike Schmidt. Enquanto aguarda a devolução da obra original, o museu expõe a partir de hoje uma reprodução a preto e branco do “Vaso de Flores”, com a inscrição “Roubado”, em italiano, inglês e alemão, e uma curta legenda explicativa que recorda aos visitantes que “foi roubada por soldados do exército nazi, em 1944, e encontra-se hoje numa coleção alemã privada”.