João Santos Filipe Manchete SociedadeMortalidade | Cadáveres por levantar mais do que duplicaram Só nos primeiros dias de Janeiro, e em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, o registo de cadáveres por levantar no território mais do que duplicou Só nos primeiros 19 dias de Janeiro o número de cadáveres por levantar no território, em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, mais do que duplicou. Os números, compilados pelo HM, têm em conta os avisos publicados pelos Serviços de Saúde (SSM) na plataforma do Gabinete de Comunicação Social desde Janeiro do ano passado. Desde o início do corrente mês, e numa altura em que Macau começou a conviver com a covid-19, os Serviços de Saúde emitiram sete avisos para o levantamento de cadáveres. Os anúncios foram publicados a 12, 16 e 19 de Janeiro. No primeiro dos dias foram feitos dois avisos, no segundo mais outros dois avisos, e ontem foram publicados mais três, o registo mais elevado. Por contraste, no ano passado, em Janeiro não se registou qualquer aviso, tal como no período até ao final de Março, ou seja, no primeiro trimestre. Foi preciso chegar a Abril para que aparecesse a primeira publicação. A partir dessa altura, e até Junho, foi publicado um anúncio por mês, num total de três avisos. Tendência de crescimento Quando a comparação é feita com todo o ano passado, faltam mais quatro avisos para que o registo seja igualado. Ao longo dos 12 meses do ano transacto foram publicados 11 avisos de cadáveres por levantar. Apesar de nos primeiros seis meses de 2022 apenas terem sido publicados três avisos, na segunda metade do ano a tendência conheceu um aceleramento. Em Julho e Agosto, altura que coincidiu com um surto local de covid-19 e o período de confinamento, foram publicados dois e três avisos, respectivamente, num total de cinco. Depois do pico de Agosto, nos restantes quatro meses houve três anúncios em quatro meses, em Setembro, Outubro e Dezembro. Novembro foi o único mês do segundo semestre do ano sem qualquer anúncio. Focando os avisos emitidos nos primeiros 19 dias de Janeiro deste ano, os cadáveres por levantar eram de pessoas com idades entre os 28 anos e 90 anos. Entre os falecidos, sete eram do sexo masculino e um do feminino. No caso de os cadáveres não serem levantados no prazo de sete dias após o anúncio dos Serviços de Saúde, os cadáveres são tratados como não reclamados. Além disso, no caso de o cadáver ter pertences, estes são dados como perdidos, após o prazo de um ano.
João Santos Filipe Manchete SociedadeNúmero de mortes atinge valor mais elevado desde 2016 Entre Janeiro e Maio, antes do confinamento, morreram mais 55 pessoas do que no mesmo período do ano passado. O número de suicídios explica o aumento de mortalidade no primeiro trimestre de 2022 Desde 2016 que não se morria tanto em Macau no período entre Janeiro e Maio. Segundo os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), nos primeiros cinco meses morreram 1.016 pessoas em Macau. O número de mortes até Maio, antes do mais recente confinamento, é o mais alto desde 2016, quando no período em causa foram registados 1.049 óbitos. Segundo a estatística mais recente disponibilizada pela DSEC, em comparação com o ano passado, houve um aumento da mortalidade em 55 casos, ou seja, de 5,7 por cento. Nos primeiros cinco meses de 2021 tinham morrido 961 pessoas. Nesta estatística saltam à vista duas tendências diferentes. Entre Janeiro e Fevereiro, a mortalidade estava a diminuir, com 205 e 187 óbitos, respectivamente, correspondendo a uma redução de 3,3 por cento e 3,1 por cento face ao ano anterior. No entanto, a partir de Março o número de óbitos começou a aumentar, o que fez com que o primeiro trimestre fosse mais mortal do que no ano passado. Em Março, foram registadas 218 ocorrências, o que representou um aumento de 16 por cento, face aos 188 casos de 2021, e que elevou as mortes do primeiro trimestre para 610, face às 593 do ano anterior. A tendência negativa não parou em Março, e em Abril, com 205 óbitos, e Maio, 201, agravando a situação face aos períodos homólogos de 9,6 por cento e 11 por cento, respectivamente. O peso dos suicídios Um dos motivos que contribuiu para o aumento das mortes foi o número de suicídios. Dados divulgados pelo Canal Macau da TDM, mostram que até ao final de Maio o número de suicídios se fixara em 43, mas não permitem a comparação com o mesmo período do ano passado. Também a estatística sobre as mortes em Junho ainda não foi divulgada pela DSEC. O peso dos suicídios para a mortalidade pode assim ser avaliado pelos dados do primeiro trimestre. Anteriormente, os Serviços de Saúde (SSM) divulgaram que entre Janeiro e Março 28 pessoas puseram termo à sua vida. Segundo os mesmos dados, os 28 casos correspondem a um aumento de 18 ocorrências face ao período homólogo. No primeiro trimestre o número de óbitos cresceu de 593, em 2021, para 610, este ano, no que foi um aumento de 17 ocorrências. No mesmo período o número de suicídios aumentou em 18 casos, subindo de 10 para 28 ocorrências. Apesar de representarem uma proporção de 4,6 por cento de todas as mortes, os números mostram que se o fenómeno do suicídio tivesse sido controlado através de políticas de reforço de saúde mental, e não tivesse havido um aumento das ocorrências, a mortalidade teria diminuído. Além disso, entre o primeiro trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022, a proporção de suicídios na mortalidade geral cresceu de 1,7 por cento para 4,6 por cento. Este número significa que em cada 20 mortes houve um suicídio, numa altura em que ainda não tinham sido impostas as medidas de confinamento.