João Santos Filipe SociedadeDSAT vai “acompanhar de perto” a MOME [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) promete “acompanhar de perto” a empresa MOME LTD, que no passado dia 15 de Agosto lançou uma aplicação móvel para chamar táxis. Em causa está o facto da aplicação denominada mTaxi permitir que os clientes façam pagamentos extra, denominados como “prendas”, para garantir que os taxistas estão disponíveis nas alturas de maior movimento. “A DSAT vai cooperar com o CPSP [Corpo de Polícia de Segurança Pública] para reduzir todos os tipos de comportamentos ilegais no sector dos táxis. A DSAT vai acompanhar de perto a empresa que disponibiliza a aplicação móvel para fornecer este serviço”, respondeu a entidade do Governo, após ter sido questionada sobre o assunto. O organismo liderado por Lam Hin San deixou ainda um apelo aos passageiros para que relatem todas as situações em que são vítimas de cobranças excessivas. Por outro lado, a DSAT explicou também que qualquer cobrança que não siga a tabela de preços é considerada ilegal. A penalização é uma multa de 1000 patacas. “A DSAT insiste que todas as pessoas que operam o serviços de táxis devem seguir o ‘Regulamento do Transporte em Automóveis Ligeiros de Aluguer”, que diz que é ilegal a cobrança “ao passageiro de uma importância diferente da legalmente fixada na tabela de tarifas”. Finalmente, o Governo explicou que as aplicações que oferecem serviços para chamar táxis em Macau não precisam se registar, uma vez que as leis definem que as funções da DSAT neste campo se limitam a “conceder alvarás de táxis e fiscalizar a respectiva actividade”. Tradição antiga Lançada a 15 de Agosto, a aplicação mTaxi permite que os clientes paguem “prendas” aos taxistas, quando pedem o serviço. No entanto, a prática está enraizada no território há vários anos e utilizada nas alturas em que há maior procura do serviço. Por sua vez, a MOME LTD é uma empresa que se dedica a desenvolver soluções de marketing e aplicações móveis e é uma subsidiária da MacauPass, companhia de pagamentos electrónicos. Joe Liu é a cara mais conhecida da empresa, que fundou. Além disso, o empresário, filho de Alfred Liu e sobrinho de Liu Chan Wan, membro do Conselho do Executivo, é também director da empresa de autocarros Transmac e da própria MacauPass.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTáxis | Aplicação da MOME permite oferecer “prendas” para chamar taxistas mTaxi é o nome da aplicação lançada pela empresa de Joe Liu que permite o pagamento de um montante extra, conhecido como ‘prenda’, para aumentar as hipóteses de chamar um táxi com sucesso [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]aplicação móvel mTaxi, que permite aceder ao serviço de táxis no território, está a ser colocada em causa, devido à opção que tem de oferta de “prendas” a taxistas. “Prenda” é o termo utilizado no sector para os incentivos monetários dados pelos clientes com o objectivo de atrair um táxi quando o passageiro é informado que todas as viaturas estão ocupadas. Segundo a informação disponível nas plataformas onde é possível descarregar a aplicação, esta foi lançada no dia 15 de Agosto e é propriedade da empresa MOME LTD, uma subsidiária da empresa MacauPass. Também de acordo com a descrição da mTaxi, esta é a aplicação do género em Macau com maior número de taxistas registados para fornecerem os seus serviços. O HM entrou em contacto com a MOME para compreender o funcionamento do pagamento de “prendas” e a decisão de integrar este tipo de opção na aplicação móvel, mas até ao fecho da edição não recebeu qualquer resposta. No entanto, para Andrew Scott, presidente da Associação dos Passageiros de Táxi de Macau (MPTA, na sigla inglesa) critica a inclusão da opção do pagamento de “prendas” e justifica que os preços que os taxistas podem cobrar estão definidos pela legislação em vigor. “Os preços pagos pelo serviço de táxi são definidos pela DSAT. Na tabela de preços oficial não há qualquer referência a ‘prendas’. Todos percebemos que ‘prendas’ é um eufemismo para o pagamento extra, que encoraja os taxistas a irem ao encontro de determinado cliente durante as horas mais ‘ocupadas’”, começou por explicar Andrew Scott, ao HM. “Se o taxista está disponível, tem a obrigação moral e legal de fornecer os seus serviços, independentemente do pagamento das chamadas ‘prendas’. A criação de um sistema de ‘prendas’ implica o pagamento extra de um montante que faz com que os taxistas fiquem disponíveis, enquanto que o não pagamento significa que os taxistas deixam de estar disponíveis. Não é uma forma justa de operar”, acrescentou. Por esta razão, Andrew Scott defende que a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) deve intervir. O HM contactou também a DSAT para perceber a legalidade desta opção, mas até ao fecho da edição não recebeu resposta. Prática habitual Segundo um conhecedor do sector dos táxis, que pediu para não ser identificado, a prática do pagamento de “prendas” está enraizada no sector local. A diferença é que agora surge uma aplicação a traze-la abertamente a público. “Os táxis pretos sempre recorreram às centrais [de telefone] e, por vezes, para angariarem um maior número de clientes usam esse sistema de ‘prendas’. As telefonistas dizem ao cliente que não há táxis disponíveis. Depois, o cliente oferece um determinado número de ‘prendas’, em que cada uma é, por exemplo, 10 patacas”, explicou a fonte, ao HM. “Depois, as operadoras comunicam por rádio essa informação do pagamento extra para que surja um taxista disponível”, completou. Segundo a mesma fonte, o sistema é do conhecimento da DSAT há vários anos. “É uma questão cuja legalidade nunca foi muito bem explicada. Se uma pessoa oferece o montante por sua vontade, então não deveria ser ilegal. Mas, por outro lado, não consta na tabela de preços aprovada”, defendeu. “Na altura em que Wong Wan era o director da DSAT, e até antes, a questão foi discutida, mas a DSAT considerou que não existiam provas suficientes para a actuar”, revelou. A empresa MOME LTD dedica-se a soluções de marketing e desenvolvimento de aplicações móveis e é uma subsidiária da MacauPass, companhia de pagamentos electrónicos. Joe Liu é a cara mais conhecida da empresa, que fundou. Além disso, o empresário, que é filho do empresário Alfred Liu e sobrinho de Liu Chan Wan, membro do Conselho do Executivo, é também director da empresa de autocarros Transmac e da própria MacauPass.