Exposições e convenções | Sector tem crescido mas continua a deparar-se com entraves

A indústria das reuniões, incentivos, convenções e exposições (MICE, na sigla inglesa) continua a crescer a um ritmo moderado, mas persistem problemas crónicos relacionados com acessibilidade e infra-estruturas. Para representantes do sector, falta também promoção e uma estratégica concertada

 

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]o longo do ano passado, Macau foi palco de 1.381 reuniões, conferências, exposições e eventos de incentivo (+105 em termos anuais) que juntaram mais de 1,9 milhões de participantes e/ou visitantes (+10,4 por cento), de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Números que atestam o “bom desempenho” que a indústria tem tido, observa o presidente da Associação de Convenções e Exposições de Macau, Alan Ho, para quem é, no entanto, “preciso uma maior aposta na promoção para que o sector se possa internacionalizar”.

Mais do que promoção, Bruno Simões, director executivo da empresa smallWorldExperience e membro da direcção da Associação de Reuniões, Incentivos e Eventos Especiais (MISE na sigla em inglês), defende, por seu lado, melhorias “a nível da coordenação”.

“Penso que tem que haver uma estratégia mais concertada dentro dos departamentos do Governo e que tem de se trabalhar com os privados este sector – é assim que se faz em todo o mundo”, aponta Bruno Simões, para quem “provavelmente faz falta em Macau” um organismo que “una entidades públicas e privadas na atracção de grandes eventos para a cidade”. “Outro grande entrave é sempre a questão dos recursos humanos”, acrescentou.

Em termos de instalações, Alan Ho considera que o território se encontra bem servido, dado que conta com uma série de espaços disponibilizados pelas operadoras de jogo, as quais se revelam, no entanto, “insuficientes” durante a época alta, ou seja, entre Outubro e Novembro.

Neste sentido, defende, “o Governo devia abrir espaços públicos, como o Centro de Ciência, por exemplo, ou as instalações de instituições de ensino, como a Universidade de Macau ou o Instituto Politécnico de Macau para as convenções”. “Apresentamos essa proposta e o Governo respondeu que o vai fazer passo-a-passo”, disse Alan Ho, indicando que, este ano, vão ser organizadas duas convenções no Centro de Ciência.

Para Alan Ho, o facto da oferta de espaços para o sector MICE estar muito concentrada na ‘strip’ do Cotai também pode ser, por vezes, um inconveniente: “Algumas convenções deviam ser organizadas na península, para que seja mais fácil aos visitantes/participantes visitarem o centro histórico e fazer compras nos bairros antigos”.

Apesar de também constatar que o sector MICE “continua a crescer a um ritmo moderado”, em linha com o próprio desenvolvimento da cidade, Bruno Simões separa as águas: “O MICE é composto por vários segmentos e acaba por ser lato, e nem sempre todos crescem ao mesmo ritmo”.

“Diria que o das exposições está muito condicionado e que tem havido até algum desinvestimento”, afirmou. Para o empresário, tal afigura-se “normal”, atendendo a que “a cidade não oferece condições favoráveis nesse segmento, não tem indústrias locais fortes como outras cidades, não tem condições de acesso boas. São essas as razões pelas quais as feiras não são bem sucedidas em Macau”.

“As principais dificuldades para atrair eventos, ainda e passados estes anos todos, são as condições de acesso, as infra-estruturas. Não estamos preparados, não somos competitivos e isso tem afectado bastante o sector”, sustentou.

Já Alan Ho destaca que o sector “evoluiu bastante” nos últimos anos, como atesta, a seu ver, o ‘ranking’ da Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA, na sigla em inglês), dado que Macau passou da 49.ª posição no mercado da Ásia-Pacífico em 2012 para a 17.ª em 2016. Em paralelo, tem mais eventos acreditados pela UFI, uma das principais organizações do sector a nível internacional, realçou. “Estamos confiantes de que este ano e no próximo se vai manter o crescimento do sector MICE”, afirmou o mesmo responsável, destacando a “boa notícia” que representa a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau para a indústria.

Apesar de considerar que Macau e Hong Kong têm estratégias e mercados diferentes (a primeira voltada para as reuniões, a segunda para as exposições), Alan Ho reconhece que “Macau provavelmente precisaria de duas ou três décadas” para alcançar, em termos genéricos, o nível da região vizinha no que toca ao segmento MICE.

 

Falta de espaços ao ar livre

Apesar das diferenças entre os dois territórios, Maureen Earls, da Central Harbourfront Event Space, de Hong Kong, encontra um denominador comum: “A grande dificuldade é ter espaços ao ar livre, onde possamos fazer eventos de grande escala para milhares de pessoas, como concertos e diferentes tipos de exposições”. Para Maureen Earls, que esteve envolvida na organização das cerimónias de transferência de Macau e de Hong Kong, em sentido inverso, “há muitos espaços ‘indoor’ para a organização de seminários, exposições, encontros de negócios. Parece-me haver abundância”, comentou ao HM.

13 Mar 2018

Exposições e conferências com fim do ano em alta

[dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]o quarto trimestre, o número de reuniões e conferências aumentou em termos anuais, tendo atingido 86.000 participantes (+23,8 por cento), em virtude do acréscimo de 34 por cento nos participantes dos eventos com 200 ou mais indivíduos (72.000). De acordo com os dados divulgados ontem pelo Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), realizaram-se 244 reuniões e conferências (-8, em termos homólogos). A duração média geral de reuniões e conferências foi de 1,6 dias, permanecendo no nível do trimestre homólogo de 2016. No trimestre de referência foram realizadas 18 exposições (+2, em termos anuais), em que participaram 591.000 visitantes (+45,8 por cento). Destaca-se que 16 exposições foram organizadas por entidades não governamentais, tendo atraído 459.000 visitantes (+31,0 por cento), enquanto duas exposições foram organizadas por entidades governamentais, tendo atraído 132.000 visitantes, com um crescimento acentuado de 140,7 por cento.

De acordo com informações recolhidas junto das entidades organizadoras das 18 exposições, no quarto trimestre as receitas e despesas das exposições cifraram-se em 76,73 milhões e 114 milhões de patacas, respectivamente. Refira-se que as receitas eram provenientes, principalmente, dos “subsídios concedidos pelo Governo e por outras instituições” (75,3 por cento do total), enquanto as despesas eram efectuadas essencialmente em “serviços de produção, construção e decoração” (27,1 por cento).

Em 2017, realizaram-se um total de 1.381 reuniões, conferências, exposições e eventos de incentivo (+105, em termos anuais), que tiveram 1.901.000 participantes e visitantes (+10,4 por cento, em termos homólogos).

De acordo com as informações recolhidas junto das entidades organizadoras das 51 exposições realizadas em 2017, as receitas cifraram-se em 184 milhões de patacas,

28 Fev 2018

Eventos MICE agradam a gregos e troianos

[dropcap]O[/dropcap] recente investimento na realização de eventos que contribuem para o desenvolvimento da indústria das convenções e exposições (MICE, na sigla inglesa) tem-se revelado do agrado não só das organizações de grande envergadura, como das pequenas e médias empresas que confirmam um aumento de receitas aquando das iniciativas. É o que diz um comunicado de imprensa do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), onde é possível verificar que Macau já pode ser considerada a “primeira escolha pelos responsáveis que escolhem o território para o seu evento”.

Robin Lee, Director da Jeunesse Greater China, explica que a cidade goza de uma localização privilegiada, complementada por excelentes infra-estruturas e instalações especializadas para a realização de convenções e exposições. A empresa planeia organizar encontros internos quatro vezes por ano, cada um com cerca de 12 mil participantes e Macau surge como a primeira escolha para a realização deste tipo de eventos.

As pequenas e médias empresas também dão aval a estes eventos, visto que o aumento de visitantes contribui para o desenvolvimento da economia comunitária local, indica o IPIM, que assegura que vários proprietários de estabelecimentos comerciais situados na Rua do Cunha consideram que a realização de eventos de grande dimensão no Cotai impulsiona o número de visitantes na zona, o que contribui para um aumento de mais de 10% nas receitas diárias.

14 Jul 2016