Euro 2020 | Grupo B fecha hoje

Após a conclusão do Grupo A, é a vez do Grupo B. Num Euro que parece correr como o vento, é hora de colocar os pontos nos is e perceber quem vai passar à fase seguinte. No segundo grupo da competição está a Bélgica, a nova “favorita” a precisar de juntar o seu talentoso grupo de jogadores a troféus de primeira instância. Mas pelo caminho há uma Dinamarca motivada, uma Finlândia com garra e uma Rússia capaz de dificultar a vida a qualquer equipa

 

Por Martim Silva

Não há elogios suficientes para a selecção da Bélgica, dotada de um talento de outro mundo. Os diabos vermelhos têm a melhor geração de jogadores de que há memória. Apenas 5 dos 26 jogadores convocados por Roberto Martínez jogam fora dos 5 principais campeonatos da Europa.

Em todas as facetas do desporto-rei, jogar contra a Bélgica parece injusto e complexo. A capacidade de jogo é tremenda, havendo poucas nações capazes de a derrotar. Com a ascensão de um conjunto de jogadores que está capacitado para ombrear com Alemanha, França, Itália, Espanha e outros, os seus adversários de grupo podem, e devem, tomar todos os cuidados necessários.

Mas o Grupo B do Euro 2020 é talvez o mais resiliente. Começando com a Dinamarca. A equipa nórdica parece adversa à desistência. Mesmo depois do colapso repentino de Christian Eriksen, os dinamarqueses deram uma resposta com cabeça, mãos e pés. Apesar da derrota por 2-1 contra os belgas, a Dinamarca foi competente e competitiva até ao apito final. De hoje para amanhã (00:00) os dinamarqueses vão defrontar a Rússia, outra selecção convicta da sua competência. Os pupilos do seleccionador da Dinamarca, Kasper Hjulmand, completarão os três jogos em Copenhaga, trazendo desta maneira uma ligeira vantagem para o confronto frente à equipa treinada por Stanislav Cherchesov. A Rússia demonstrou muito mais na vitória frente à Finlândia (1-0) do que tinha mostrado quando foi goleada frente à Bélgica (3-0), estando a chave desse triunfo nos pés de Aleksey Miranchuk, médio da Atalanta, que além de marcar o golo da vitória fez uma exibição de encher o olho.

Do lado dinamarquês desponta Yussuf Poulsen. Frente à Bélgica, o avançado do RB Leipzig foi uma dor de cabeça para a defesa liderada por Jan Vertonghen, tendo marcado o primeiro e único golo da Dinamarca neste Euro. Pierre-Emile Højbjerg, médio do Tottenham, coroou um bom desempenho com a assistência para o golo nórdico. Há ainda Simon Kjær e Martin Braithwaite na equipa de Hjulmand, jogadores com habilidade suficiente para vencer uma partida.

Do lado russo, os desempenhos de Miranchuk, Aleksandr Golovin e Igor Diveev frente aos finlandeses pintam um ataque robusto e solidez defensiva. Os treinadores de ambas as equipas, acreditam que a chave da vitória está na capacidade de trabalho. Para Cherchesov, o factor casa dos dinamarqueses não incomoda. “Este vai ser o nosso primeiro jogo fora em dois torneios seguidos e sem os nossos adeptos. No entanto, isso não é um problema. Não usámos a palavra ‘problema’ nos últimos cinco anos. É apenas uma contingência e sabemos como lidar com ela.”. Já o seleccionador da Dinamarca acredita na dificuldade da tarefa pela frente. “Aconteça o que acontecer, vamos tentar ganhar o jogo. Vai ser um duelo incrivelmente difícil frente à Rússia. Eles têm uma boa equipa. Não temos de forçar nada.” rematou o seleccionador da Dinamarca.

Produto do talento

A Finlândia tem pela frente jogadores como Romelu Lukaku, Eden Hazard e o regressado Kevin De Bruyne, que no jogo frente à Dinamarca marcou e fez uma assistência, trunfos que vai tentar contrariar com a vontade de disfrutar o último jogo da fase de grupos. “Criámos mais contra a Rússia, mas o último passe ainda não foi o ideal. Precisamos de melhorar este aspecto. Os jogadores estão bem-dispostos e faremos tudo para tirar proveito do último jogo da fase de grupos. Todos conhecemos a qualidade da selecção belga e estamos bem cientes de que vamos ter uma tarefa difícil.” sublinhou o seleccionador da Finlândia, Markku Kanerva.

Do lado da equipa orientada por Roberto Martínez a conquista do Grupo B é um objectivo mínimo, com as ambições dos belgas a estar na conquista do troféu de campeão europeu devido à aglomeração de tantos jogadores acima da média. Com o favoritismo em mente, a Bélgica não deverá olhar para o jogo com a Finlândia como um mero amigável. O objectivo belga passa por assegurar a conquista do grupo o mais depressa possível para o foco se alargar para a final, onde uma equipa como a Bélgica pertence.

 

As contas que vão definir o Grupo D

É no Grupo D do Euro 2020 que reside a maior esperança futebolística. A selecção de Inglaterra, com todo o aparelho mediático desportivo implícito, tem a distinta tarefa de validar todos os elogios direccionados à equipa de Gareth Southgate. Luka Modrić, médio croata, já tinha deixado claro estes sentimentos quando referiu que a arrogância dos ingleses provinha dos seus jornalistas e comentadores, inflacionando as capacidades colectivas e individuais das tropas de Sua Majestade.

A equipa de Southgate não tem estado ao melhor nível e jogadores como Jack Grealish têm ficado de fora do onze inicial. O jogador do Aston Villa em apenas 20 minutos de jogo contra a Escócia sofreu quatro faltas – o recorde de maior número de faltas sofridas por um suplente num Euro pertence a Éder, que frente a França em 2016 sofreu cinco. O nível exibicional tem sido fraco e não há jogadores a destacar-se. O empate contra a Escócia (0-0) com poucas oportunidades de golo deu azo à urgência inglesa de acabar com esta fase menos positiva.

Pela frente está a República Checa que tem no seu plantel um dos melhores marcadores do torneio, Patrik Schick. Os checos têm uma selecção que gira à volta do atacante do Bayer Leverkusen, muito devido à sua qualidade e características físicas notáveis. Além de Schick há jogadores como Tomáš Souček e Vladimir Coufal, ambos representam o West Ham e trazem para a equipa uma dinâmica mais combativa e defensiva. O jogo será apitado pelo português Artur Soares Dias.

Na outra partida do Grupo D, defrontam-se Escócia e Croácia. Modrić tem carregado a selecção de Zlatko Dalić nas suas costas, não se esperando nada de diferente frente a uma selecção escocesa que com bola não é perigosa e sem ela tem algumas limitações.

Itália sai invicta da fase de grupos

Entre as características mais vezes apontadas a Itália, a organização defensiva está no topo. Esta tradição faz parte da presente equipa, orientada por Roberto Mancini. Com o triunfo frente ao País de Gales (1-0), os azzurri igualaram o recorde da selecção italiana de Vittorio Pozzo entre 1935 e 1939 quando estiveram 30 jogos sem qualquer derrota. Para Mancini e os seus pupilos, a chave tem sido o incansável meio-campo e a capacidade atacante de Domenico Berardi, Lorenzo Insigne e Leonardo Spinazzola mas é na defesa que está a resposta para tanto triunfo.

Além da marca histórica de jogos sem perder, a Itália segue para os oitavos de final do Euro 2020. A vitória sobre o País de Gales foi clara e evidente, apesar de alguns sustos pelo caminho, nomeadamente, o falhanço de Gareth Bale em frente à baliza de Gianluigi Donnarumma, por volta do minuto 75. Mas a chave esteve sempre na defesa com Leonardo Bonucci a ser um maestro de passes progressivos. O central da Juventus iniciou várias ligações ofensivas desde trás, ajudando Marco Verratti, que se estreou oficialmente no Euro, Jorginho e Matteo Pessina.

O médio da Atalanta, que fez o único golo do encontro aos 39 minutos após passe de Verratti, fez um pouco de todo dentro de campo. Atacou a profundidade, movimentou-se como um avançado e funcionou como um ala. Depois da humilhação de não se qualificar para o Mundial de 2018, a Itália assume cada vez mais o papel de candidato a vencer o Euro 2020.

No outro jogo do Grupo A, a Suíça derrotou a Turquia por 3-1. Os golos helvéticos foram marcados por Xherdan Shaqiri (2) e Haris Seferović. O único tento turco da competição foi marcado por Irfan Kahveci. A Suíça fica com 4 pontos, tendo a possibilidade de passar à próxima fase, se estiver entre os quatro melhores terceiros classificados.

22 Jun 2021