EUA | Secretária do Comércio enaltece abertura de comunicação “regular” com China

No final da sua visita à China, em Xangai, Gina Raimondo congratulou-se com a criação de novos canais de comunicação entre as duas nações

 

A secretária do Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, afirmou ontem que o maior sucesso da sua viagem à China foi ter conseguido estabelecer “comunicação regular” com as autoridades do país asiático.

“A maior conquista, após três dias de reuniões produtivas, foi o estabelecimento de comunicação regular”, disse Raimondo, em Xangai, onde concluiu a sua primeira visita à China, desde que assumiu o cargo, em 2021.

Na segunda-feira, a representante máxima da Casa Branca para o comércio anunciou uma série de novos canais formais de comunicação com Pequim, que vão abranger controlos de exportação e questões comerciais.

“Agora, temos de lançar estes mecanismos e ver quais as questões que podemos resolver”, antecipou. “No geral, é um excelente começo e, embora esteja muito claro que existe desafios a longo prazo, nos próximos meses veremos se há algum progresso”, acrescentou.

Pequim interrompeu o diálogo com Washington sobre questões militares, comerciais ou climáticas, em Agosto de 2022, em retaliação contra a visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi.

Conversa aberta

A secretária do Comércio dos EUA defendeu que as linhas de comunicação servem para abrir caminho para a criação de um “ambiente regulatório previsível e condições de concorrência equitativas”.

“Não espero resolver tudo da noite para o dia, mas tenho esperança de que uma comunicação mais directa permitirá mais transparência e menor risco de avaliações erradas”, apontou.

A responsável norte-americana explicou que, durante a sua estadia no país asiático, manteve reuniões “sinceras e construtivas”.

“Eu não estive com rodeios: consegui explicar claramente que vamos proteger as áreas em que achamos que devemos fazê-lo e que vamos promover as áreas que pudermos”, vincou. “Isto significa que a nossa segurança nacional não é negociável”, defendeu Raimondo.

Entre as principais divergências estão as restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de determinados produtos norte-americanos, em especial de alta tecnologia, para a China.

Uma das principais queixas de Pequim envolve os limites no acesso a ‘chips’ semicondutores e outras tecnologias norte-americanas, que ameaçam dificultar o desenvolvimento de telemóveis, sistemas de inteligência artificial e outras indústrias cruciais nos planos de modernização industrial do Partido Comunista.

Em Pequim, Raimondo defendeu a estratégia da administração de Joe Biden de tentar “reduzir riscos”, através do aumento da produção doméstica de semicondutores e outros bens de alta tecnologia nos EUA, e criar fontes adicionais de abastecimento, para reduzir as chances de interrupção nas cadeias de produção. Pequim considerou que aquela política visa isolar a China e dificultar o seu desenvolvimento.

“Não se destina a impedir o progresso económico da China”, disse Raimondo, durante uma reunião com o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, na segunda-feira. “Buscamos uma concorrência saudável com a China. Uma economia chinesa em crescimento que cumpra as regras é do interesse de ambos”.

Outros diálogos

Já na terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reuniu-se com Gina Raimondo, pedindo que os dois lados aumentem a cooperação mutuamente benéfica.

Li disse que as relações económicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos são mutuamente benéficas e de natureza de benefício recíproco. A politização dos assuntos económicos e comerciais e o exagero do conceito de segurança não só afectarão seriamente as relações bilaterais e a confiança mútua, mas também prejudicarão os interesses das empresas e dos cidadãos dos dois países, e terão um impacto desastroso na economia global, afirmou, citado pelo Diário do Povo.

Observando que a China é o maior país em desenvolvimento e os Estados Unidos são o maior país desenvolvido, Li disse que os dois lados devem fortalecer a cooperação mutuamente benéfica, reduzir o atrito e o confronto e promover conjuntamente a recuperação económica mundial e enfrentar os desafios globais.

“O respeito mútuo, a coexistência pacífica e a cooperação de benefício mútuo são os caminhos certos para a China e os Estados Unidos se darem bem. Esperamos que o lado norte-americano trabalhe com a China para adoptar ações mais práticas e benéficas para manter e desenvolver as relações bilaterais”, acrescentou.

Durante uma visita a Pequim, no mês passado, a Secretária de Estado do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, tentou tranquilizar as autoridades chinesas sobre as múltiplas restrições impostas pela Casa Branca.

O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, visitou também a China em Julho. O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, visitou Pequim no mês anterior, na visita de mais alto nível por um responsável norte-americano desde 2018.

30 Ago 2023

EUA | Secretária do Comércio defende em Pequim relação estável

A secretária do Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, considerou em Pequim “extremamente importante” que Estados Unidos e China tenham relações comerciais estáveis, numa altura em que as duas maiores economias do mundo tentam reduzir tensões

 

A responsável norte-americana, Gina Raimondo é a quarta funcionária do governo de Joe Biden a visitar a China este ano, num sinal de retoma do diálogo de alto nível entre os dois países.

As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.

“Bem-vinda. É um grande prazer iniciar este diálogo convosco, visando coordenar questões económicas e comerciais”, disse o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, no início do encontro com Gina Raimondo.

Os dois funcionários sentaram-se cara a cara, numa mesa preenchida pelas respectivas delegações, segundo imagens difundidas pela televisão estatal CCTV.

“As nossas trocas comerciais ascendem a 700 mil milhões de dólares. É extremamente importante que tenhamos relações económicas estáveis”, indicou Gina Raimondo ao seu interlocutor. “É um relacionamento complicado, um relacionamento difícil”, admitiu.

“É claro que discordaremos em algumas questões, mas penso que podemos avançar se formos directos, abertos e pragmáticos”, assegurou Raimondo.

O ministério do Comércio chinês disse na semana passada esperar que a reunião produza “discussões aprofundadas” sobre a “resolução de disputas económicas e comerciais”.

Entre as principais divergências estão as restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de determinados produtos norte-americanos, em especial de alta tecnologia, para a China.

Washington considera esta medida crucial para preservar a sua segurança nacional. Mas Pequim acredita que o objectivo principal é limitar o seu crescimento económico e desenvolvimento.

“Consideramos que uma economia chinesa forte é bom”, disse Gina Raimondo, que também viajará esta semana para Xangai, a “capital” económica da China.

Outras vistas

Durante uma visita a Pequim, no mês passado, a Secretária de Estado do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, tentou tranquilizar as autoridades chinesas sobre as múltiplas restrições impostas pela Casa Branca. O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, visitou a China em Julho.

Também o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, visitou Pequim no mês anterior, na visita de mais alto nível por um responsável norte-americano desde 2018.

Apesar de funcionários de ambos os lados expressarem optimismo, não houve nenhum anúncio sobre progressos nos diferendos que puxaram as relações para o nível mais baixo em décadas.

O Governo chinês deseja reavivar o interesse dos investidores estrangeiros na China, à medida que tenta reverter o abrandamento da economia do país.

A China está pronta para trabalhar em conjunto para “promover um ambiente político mais favorável” e “reforçar o comércio e o investimento bilateral”, disse Wang Wentao, sem dar detalhes sobre possíveis iniciativas.

Raimondo disse que os dois lados estão a trabalhar no estabelecimento de “novas trocas de informações”, visando um “compromisso mais consistente”.

“Acredito que podemos progredir se formos directos, abertos e práticos”, disse.

Pequim interrompeu o diálogo com Washington sobre questões militares, climáticas e em outros âmbitos, em Agosto de 2022, em retaliação contra a visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi.

Passos em volta

Antes de deixar Washington, Raimondo disse que estava à procura de “medidas concretas e viáveis” para avançar nas relações comerciais, mas não deu mais detalhes, reconhecendo apenas que os desafios são significativos.

Uma das principais queixas de Pequim envolve os limites no acesso a ‘chips’ semicondutores e outras tecnologias dos EUA, que ameaçam dificultar o desenvolvimento de telemóveis, sistemas de inteligência artificial e outras indústrias cruciais nos planos de modernização industrial do Partido Comunista.

“Em questões de segurança nacional, não há espaço para compromissos”, mas a maior parte do comércio entre EUA e China “não envolve preocupações sobre segurança nacional”, disse Raimondo a Wang. “Estou empenhada em promover o comércio e o investimento nas áreas que são do nosso interesse mútuo”, assegurou.

Raimondo defendeu a estratégia da administração Biden de tentar “reduzir riscos”, através do aumento da produção doméstica de semicondutores e outros bens de alta tecnologia nos EUA, e criar fontes adicionais de abastecimento, para reduzir as chances de interrupção nas cadeias de produção. Pequim considerou que aquela política visa isolar a China e dificultar o seu desenvolvimento.

“Não se destina a impedir o progresso económico da China”, disse Raimondo a Wang. “Buscamos uma concorrência saudável com a China. Uma economia chinesa em crescimento que cumpra as regras é do interesse de ambos”.

28 Ago 2023