Festival da Eurovisão | Mimicat vai representar Portugal

A cantora Mimicat, com a música “Ai Coração”, venceu sábado o Festival da Canção e vai representar Portugal no Festival Eurovisão da Canção, previsto para Maio em Liverpool, Reino Unido. Mimicat é o nome artístico da cantora portuguesa Marisa Mena, de 38 anos, que se candidatou ao Festival da Canção, submetendo “Ai Coração”. A cantora já tinha participado em 2001 numa das semifinais do festival, com o nome Izamena.

Mimicat vai representar Portugal no 67.º Festival Eurovisão da Canção, cuja final está marcada para 13 de Maio em Liverpool, no Reino Unido. A final é antecedida por duas semifinais nos dias 09 e 11 de Maio e Portugal está na primeira semifinal.

Na final do Festival da Canção,em Lisboa, competiram 13 canções. Na votação do júri regional, houve um empate entre as canções de Mimicat e de Edmundo Inácio, mas na votação do público, os 12 pontos foram para a canção “Ai Coração”. Em 2022, Portugal participou na Eurovisão com “Saudade, Saudade”, composta e interpretada por Maro, tendo ficado em nono lugar.

A vitória da Eurovisão em 2022 coube à Ucrânia com a canção “Stefania”, pelo grupo Kalush Orchestra. A Ucrânia deveria ser este ano o país anfitrião do festival, mas por causa da invasão militar da Rússia no país, a organização decidiu que a cerimónia seria no Reino Unido, em Liverpool.

Portugal participou no Festival Eurovisão da Canção pela primeira vez em 1964 e venceu pela primeira e única vez em 2017, com “Amar pelos dois”, interpretado por Salvador Sobral e composto por Luísa Sobral.

13 Mar 2023

Organização da Eurovisão apanhada de surpresa com bandeiras em atuação de Madonna

[dropcap]A[/dropcap] organização do 64.º Festival Eurovisão da Canção admitiu ontem ter sido apanhada de surpresa pela inclusão de bandeiras da Palestina na actuação da cantora norte-americana Madonna, referindo que esse elemento cénico não fez parte dos ensaios.

“Na transmissão em directo da grande final do Festival Eurovisão da Canção, dois bailarinos de Madonna mostraram momentaneamente bandeiras de Israel e da Palestina nas costas das suas indumentárias. Este elemento da performance não fez parte dos ensaios, tinha sido verificado pela EBU [sigla em inglês para União Europeia de Radiodifusão] e pela emissora de acolhimento, KAN [estação de televisão pública de Israel]”, refere a organização num comunicado citado por vários órgãos de comunicação social.

Na nota, a organização sublinha recorda que o Festival Eurovisão da Canção “é um evento não-político” e que “Madonna foi avisada disso”.

A cantora norte-americana levou o conflito israelo-palestiniano para o palco da final do 64.º Festival Eurovisão da Canção, no sábado à noite em Telavive, terminando a actuação com a expressão “Wake Up” (Acordem, em português) projectada em ecrãs.

Madonna, subiu ao palco da final do concurso, no sábado à noite em Telavive, depois da actuação dos 26 concorrentes. A cantora tinha recebido vários apelos para boicotar o concurso, mas acabou por aproveitar a actuação para tomar uma posição, terminando-a com dois bailarinos que usavam bandeiras de Israel e da Palestina nas costas a caminharem abraçados.

Mas a “rainha da pop” não terá sido a única a quebrar as regras do concurso. De acordo com a organização, a Islândia pode “ser punida”, depois de os seus representantes, a banda Hatari, conhecida pela sua oposição declarada à ocupação israelita dos territórios palestinianos, terem empunhado bandeiras da Palestina durante a emissão em directo.

Num outro comunicado, a organização do concurso refere que “as consequências deste ato serão discutidas na próxima reunião do conselho executivo do concurso”.

Hoje, a ministra da Cultura israelita, Miri Regev, classificou como “um erro” a presença da bandeira palestiniana nas costas de bailarinos durante a actuação de Madonna de sábado.

“Foi um erro, não podemos misturar a política com um evento cultural, com todo o respeito que devo a Madonna “, disse Miri Regev antes do conselho de ministros semanal.

Questionada pelos jornalistas, a ministra, que não assistiu à final do festival, criticou a KAN por ter falhado a missão de impedir as bandeiras de aparecerem no ecrã.

Antes da actuação, Madonna tinha pedido a todos os que a ouviam que “nunca subestimem o poder da música para juntar as pessoas”, e citou “uma grande canção”, da sua autoria, “Music”, na qual canta “music makes the people come together” [a música faz as pessoas unirem-se, em português].

A Holanda venceu no sábado, pela quinta vez, o Festival Eurovisão da Canção, com o tema “Arcade”, interpretado por Duncan Laurence, que era o favorito à vitória de acordo com a média de várias casas de apostas.

Israel acolheu o Festival Eurovisão da Canção, depois de o ter vencido, pela quarta vez, no ano passado, em Lisboa, com o tema “Toy”, interpretado por Netta. O movimento de boicote cultural a Israel instou os artistas a boicotarem o concurso.

20 Mai 2019

Cantora Maria Guinot morre aos 73 anos

[dropcap]A[/dropcap] cantora, compositora e pianista Maria Guinot, que representou Portugal no Festival da Eurovisão em 1984, com “Silêncio e Tanta Gente”, morreu hoje, aos 73 anos, avançou o canal de televisão SIC. Maria Guinot – Maria Adelaide Fernandes Guinot Moreno – nasceu em Lisboa, em 1945, fixou-se com a família no Barreiro, ainda na infância, iniciou uma formação musical clássica, em finais da década de 1950, mas foi no modelo de canção que se destacou.

Editou um primeiro ‘single’, em 1968, com “Criança Loura”, “A Canção Que Eu Canto”, “La Mère Sans Enfant” e “Toi, Mon Ami”, revelando-se como autora, na linha dos ‘baladeiros’, que emergia na época.

A perspectiva foi reafirmada num segundo disco, no ano seguinte, com canções como “Balada do Negro Só”, “Silêncios do Luar”, “Escuta Menino”, “Poema de Inverno”. Apesar de ouvida na rádio, ficou afastada dos palcos durante vários anos.

O regresso aconteceu em 1981, com “Um Adeus, Um Recomeço”, que lhe garantiu o 3.º lugar no Festival RTP, a edição de novos discos e a revelação de novas canções: “Falar Só Por Falar”, “Vai Longe O Tempo”, “Um Viver Diferente”.

Foi, porém, em 1984, quando venceu o Festival RTP, com “Silêncio e Tanta Gente”, que o seu nome chegou ao grande público. A interpretação ficou na memória: em solidariedade com os músicos em greve, Maria Guinot recusou o ‘playback’ adotado nessa edição, e acompanhou-se a si mesma ao piano.

Em 1986, compôs “Homenagem às mães da Praça de Maio”, nos dez anos do início da concentração das mulheres que, em Buenos Aires, exigiam saber dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983).

A canção foi incluída no duplo álbum da CGTP-Intersindical “Cem anos de Maio” e foi uma das ‘bandeiras’ do programa “Deixem Passar a Música”, da RTP, no qual Maria Guinot foi acompanhada por José Mário Branco, que produziu e dirigiu a orquestra.

Guinot cantou aqui grande parte do seu repertório, destacando-se a sua “Saudação a José Afonso”, canção recusada pelo júri do festival da canção de 1986. “Não podia deixar passar esta oportunidade de homenagear um homem como José Afonso”, disse Maria Guinot no programa, emitido pouco antes da morte do compositor de “Grândola, Vila Morena”. “A orquestração de José Mário Branco é de desespero e de raiva”, acrescentou.

No ano seguinte, lançou o seu primeiro álbum, “Esta Palavra Mulher”, numa edição de autor. Seguir-se-ia, em 1991, “Maria Guinot”, com produção de José Mário Branco, e a participação de músicos como a violoncelista Irene Lima, o contrabaixista Carlos Bica, o saxofonista Edgar Caramelo e o percussionista João Nuno Represas. Até 2004, quando foi editado “Tudo Passa”, não há registo de outros disco de Maria Guinot.

Escreveu, porém, “Histórias do Fado” (1989), com Ruben de Carvalho e José Manuel Osório, e manteve a intervenção política e social: subscreveu a saudação ao 30.º aniversário da Revolução Cubana, em 1989, com o ator Rogério Paulo, os escritores José Saramago e Natália Correia; condenou a política de não admissão de mulheres por bancos privados portugueses, no manifesto “Dizemos Não Aos Bancos Com Preconceitos”, no início dos anos de 1990; fez parte do movimento pela despenalização do aborto e da Frente para a Defesa da Cultura, que, na época, marcou a contestação do setor.

Em 1991, actuou em Cabo Verde, no Dia de Portugal. Em 1994, nos 20 anos do 25 de Abril, montou o espetáculo “Os Poetas de Abril”, com a atriz e encenadora Fernanda Lapa. Afastada do activo desde 2010, por doença, recebeu, em 2011, a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.

4 Nov 2018