Hoje Macau Grande PlanoUE tem de ser “muito mais vocal” sobre Israel em Gaza A ex-comissária europeia Elisa Ferreira exigiu ontem à União Europeia que seja “muito mais vocal” sobre os limites que Israel “está a ultrapassar” na guerra contra o Hamas, defendendo uma voz articulada do bloco comunitário. “A Europa, até por causa de todo o arsenal que tem de defesa de direitos humanos, tem de ser muito mais vocal em dizer a Israel que não pode ultrapassar os limites que está a ultrapassar, e que os acordos internacionais vigentes não permitem fazer determinadas acções”, afirmou Elisa Ferreira em declarações à Lusa após uma conferência no consulado-geral de Portugal em Macau. A académica notou, porém, que os Estados-membros nunca atribuíram competências à União Europeia em matéria de defesa que lhe permitam, por exemplo, intervir com armamento em casos de invasões de países. “Dito isso, muitos países – Irlanda, Espanha – movimentaram-se muito, e eu acho que convinha haver uma voz articulada e conjunta para impedir que estejamos com uma sensação de impotência perante mortes que são absolutamente inaceitáveis no século XXI”, considerou a ex-ministra do Ambiente (1995-1999) e do Planeamento e do Ordenamento Territorial (1999-2002) nos governos de António Guterres. Elisa Ferreira sublinhou que já “houve algumas expressões dessa vontade” por parte de Lisboa e que espera “que se mantenha”. Passos para a paz No final de Maio, Eslovénia, Espanha, Irlanda e Noruega, que reconheceram o Estado palestiniano há um ano, apelaram a todos os países para fazerem o mesmo em relação à Palestina e Israel, por ser um passo necessário para a paz na região. “Lembramos que o reconhecimento é outro passo para a implementação da solução dos dois Estados e fazemos um apelo à comunidade internacional para serem dados os passos necessários para a tornar realidade, entre eles, o reconhecimento individual da Palestina e de Israel por parte dos países que ainda não o fizeram”, lê-se numa “declaração conjunta”. A retaliação de Israel ao ataque do Hamas de 07 de Outubro provocou mais de 54 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas da Faixa de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas. Elisa Ferreira quer UE a procurar novos parceiros como China A ex-comissária europeia Elisa Ferreira defendeu ontem à Lusa que a União Europeia deve repensar parcerias e procurar novos interlocutores, incluindo Pequim, para se conservar “um grande actor” no cenário internacional. “Se há uma oportunidade em cada crise, como acho que dizem os chineses, também há uma oportunidade nesta crise da liderança dos Estados Unidos, porque nos mostrou que a Europa tem de saber por onde quer ir e não perder o controlo sobre a própria agenda, e, por outro lado, tem de diversificar parceiros no exterior”, disse, em Macau, em declarações à Lusa, a ex-ministra portuguesa, após uma conferência no consulado-geral de Portugal. No actual contexto de instabilidade, a China “tem de ser um grande parceiro”, considerou a académica. “A China é uma grande potência. Acho que sempre foi latente, agora afirma-se completamente, sobretudo nas áreas de futuro, em matérias de novas tecnologias digitais e ambientais”. “Durante muito tempo, a Europa queria ser um impulsionador das novas tecnologias de energias limpas, de poupança energética, etc.; acho que a China, quando define fazer uma coisa, quando se determina, quando se organiza, acelera com uma velocidade imparável”, notou. Em Macau a convite do Instituto de Estudos Europeus, Elisa Ferreira inaugurou ontem o ciclo “Conversas no Consulado”, com a palestra “Portugal: Dos sucessos do Portugal democrático às encruzilhadas do presente”.