AL | Chan Hong pede medidas para combater cyberbullying

Macau apresenta os números mais preocupantes de um estudo que avaliou o cyberbullying entre os jovens de cinco jurisdições. A deputada Chan Hong mostrou-se preocupada e pede ao Executivo medidas para combater o fenómeno

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s últimos dados relativos às taxas de cyberbullying juvenil em Macau revelaram números merecedores de atenção. O alerta foi dado ontem por Chan Hong na Assembleia Legislativa (AL), tendo a deputada pedido ao Executivo medidas de combate à violência virtual.

A taxa de vítimas de cyberbullying no território atinge os 86 por cento e a de agressores os 82 por cento, valores acima dos dados registados em Cantão, Hong Kong, Taiwan e Singapura. Para Chan Hong, trata-se de “um problema grave em Macau”, pelo que sugere a implementação de medidas para o combate ao fenómeno.

Durante o período de antes da ordem do dia, a deputada destacou a necessidade de reforçar a sensibilização e o conhecimento da população relativamente ao tema. “Os conhecimentos dos jovens são insuficientes quanto à definição e ao conteúdos dos actos de violência virtual, e poucos no caso da respectiva legislação, pelo que há que reforçar a educação sobre os valores.”

Por outro lado, é ainda fundamental que se invista na formação. “Sugere-se às autoridades da área da educação que definam instruções e procedimentos para o tratamento do ciberbullying e que reforcem as acções de formação sobre a matéria junto dos docentes e encarregados de educação”, disse.

A par das medidas de sensibilização, Chan Hong apelou ainda ao reforço no aconselhamento e apoio psicológico. Segundo os dados da mesma investigação, apenas 20 por cento das vítimas procuram apoio e cerca de 61 por cento dos jovens inquiridos são simultaneamente agressores e vítimas. Independentemente do papel que exercem no acto de cyberbullying, são sempre jovens que denotam elevados graus de depressão e ansiedade pelo que, considera, urge o devido acompanhamento psicológico. Para a deputada, e de forma a mudar comportamentos, “o apoio psicológico deve ter como destinatários tanto as vítimas, como os agressores e as escolas têm de reforçar esta valência porque, se não actuam de forma adequada, podem causar graves danos psicológicos tanto às vítimas como aos agressores”.

Menos tempo na rede

Além da intervenção directa, Chan Hong deixou no ar a necessidade de prevenir o fenómeno tendo em conta “o vício da Internet dos jovens de Macau”. Para a deputada, o facto de se passar demasiado tempo a “navegar” diminui as competências interpessoais, pelo que o Governo deve apoiar as escolas na criação de instrumentos destinados a avaliar o grau deste vício e no estabelecimento de normas para o acesso à Internet”, de modo a “criar bons hábitos para a utilização saudável” da web.

A investigação referida foi levada a cabo pela União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), em colaboração com organizações de Cantão, Hong Kong, Taiwan e Singapura, e baseou-se na recolha de cerca de quatro mil opiniões de jovens com idades inferiores a 24 anos. Do total, 468 inquéritos foram recolhidos em Macau.

5 Jan 2017

Macau com mais cyberbullying do que regiões vizinhas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] taxa de cyberbullying dos jovens de Macau destacou-se num estudo recente que abordou a problemática em cinco jurisdições da região. Os resultados revelaram que os jovens de Macau são mais intimidados virtualmente do que os das restantes áreas analisadas, ao registarem-se médias de 68 por cento de agressores e 72,9 por cento de vítimas. No território, a taxa de agressores é de 82,6 por cento e das vítimas de 86,4 por cento.

A investigação levada a cabo pela União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), em colaboração com organizações de Cantão, Hong Kong, Taiwan e Singapura, baseou-se na recolha de cerca de quatro mil opiniões de jovens com idades inferiores a 24 anos. Do total, 468 inquéritos foram recolhidos em Macau.

Enquanto nas outras regiões submetidas ao inquérito, os principais agressores são “amigos” das vítimas, em Macau, o agressor pode também ser “alguém na escola” e “estrangeiros”, revelaram os mesmos resultados.

A investigação também considerou a sobreposição de papéis em que o agressor também é a vítima. Os dados mostraram que 61,4 por cento dos jovens inquiridos têm o duplo papel.

Agressores “amigos”

Os actos que integram o cyberbullying são, na sua maioria, classificados como “discussões”, “assédios” e “revelação dos dados pessoais ao público”.

Outros aspectos revelados com as conclusões do estudo, que decorreu entre Fevereiro e Junho, dizem respeito aos estados psicológicos associados: os jovens envolvidos em cyberbullying, independentemente de serem agressores ou vítimas, manifestam taxas de incidência de depressão, ansiedade e stress substancialmente mais altas do que aqueles que não estão envolvidos. A incidência dos sintomas em agressores é mais alta do que nas vítimas, sendo que, segundo os mesmos dados, os jovens do sexo masculino são o grupo de maior risco.

Apesar dos números, apenas 20 por cento das vítimas procuram auxílio.

A investigação abordou ainda o tempo gasto na Internet. Também aqui os jovens de Macau apresentaram resultados superiores, ao passarem cerca de uma hora diária a mais do que os restantes inquiridos. Estão online quase seis horas por dia.

O estudo teve como objectivo chamar a atenção para a problemática do cyberbullying, de modo a sensibilizar as áreas da educação para a prevenção.

16 Dez 2016