COP27 | Ainda há “longo caminho a percorrer”, diz China

O Governo chinês saudou ontem o acordo alcançado na conferência do clima das Nações Unidas, no Egipto, mas alertou que “há ainda um longo caminho a percorrer”, em termos de cooperação global contra as alterações climáticas. “A governação global em assuntos do clima ainda tem um longo caminho a percorrer”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Mao Ning, em conferência de imprensa.

A porta-voz apontou, em particular, a “ausência de um roteiro claro” na prestação de apoio financeiro aos países em desenvolvimento, pelos países desenvolvidos, como factor que “não permite o estabelecimento de confiança mútua entre os [hemisférios] Norte e Sul”. “Os países desenvolvidos ainda não estão a cumprir com o seu compromisso de fornecer 100 mil milhões de dólares anualmente em apoio financeiro aos países em desenvolvimento, para combater o aquecimento global”, disse a porta-voz.

A China atribui, no entanto, “grande importância a esta cimeira e apoia totalmente o Egipto, que cumpriu com sucesso o seu papel como país anfitrião”.

O país rejeitou nesta cimeira deixar de ser considerado uma nação em desenvolvimento, apesar de ser há vários anos a segunda maior economia mundial. Depois de negociações difíceis, que ultrapassaram o cronograma original, a COP27 terminou no domingo com um texto muito contestado sobre ajuda aos países pobres afectados pelas alterações climáticas, mas também com o fracasso em estabelecer novas ambições para a redução de emissão de gases com efeito estufa.

22 Nov 2022

COP27 | EUA e China retomam conversações sobre o clima

O diálogo construtivo, em matéria de alterações climáticas, voltou à mesa das negociações das duas maiores potências mundiais

 

Estados Unidos e China retomaram sábado as conversações na Cimeira do Clima do Egipto (COP27), num novo passo de aproximação entre os dois países depois do encontro entre Joe Biden e Xi Jinping na semana passada.

O enviado especial da China para o clima, Xie Zhenhua, confirmou no mesmo dia, numa conferência de imprensa, que a colaboração sobre o clima entre os dois países foi renovada. O descongelamento das relações entre os dois países seguiu-se a uma reunião entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na reunião do G20 na Indonésia no início da semana.

A cooperação Estados Unidos-China sobre o clima em 2014 ofereceu uma base fundamental para o Acordo de Paris um ano mais tarde, e elementos de uma declaração conjunta emitida pelos dois países no ano passado foram adoptados no acordo de Glasgow.

Xie Zhenhua disse que os dois países concordaram em colocar na agenda formal de negociações a questão de como lidar com as perdas e danos nos países em desenvolvimento em resultado das alterações climáticas.

O mesmo responsável ressalvou que qualquer novo acordo deve ter em consideração o que ficou estabelecido no Acordo de Paris no que diz respeito às contribuições dos países desenvolvidos.

“A responsabilidade do financiamento cabe aos países desenvolvidos e é sua responsabilidade e obrigação”, disse Xie, porém “os países em desenvolvimento devem contribuir numa base voluntária. O Acordo de Paris deixou isto muito claro”, insistiu.

A questão de saber se os países com elevadas emissões, como a China, devem ou não contribuir para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar os danos provocados pelas alterações climáticas é um dos pontos controversos da COP27 em Sharm el-Sheikh.

Mãos abertas

A União Europeia está a pressionar no sentido da adopção de uma linguagem formal no acordo que permita a expansão da base de doadores em qualquer novo programa de compensação de perdas e danos e os Estados Unidos disseram também várias vezes que a China deveria contribuir para o financiamento de qualquer programa de compensação de perdas e danos.

O representante chinês argumentou que o seu país tem prestado apoio a outras nações em desenvolvimento sob a forma de ajuda a sistemas de alerta precoce, projectos de redução de emissões de carbono e desenvolvimento de energias renováveis.

Xie acrescentou que as discussões com o seu homólogo norte-americano, John Kerry, continuarão depois da reunião da COP27: “Acordámos que após esta COP continuaremos as nossas consultas formais”, confirmou.

21 Nov 2022