Teatro | Espectáculo musical “Canções de Faca e de Alguidar” estreia hoje

Estreia hoje o novo espectáculo da companhia teatral “D’As Entranhas”, muito ligado à música e ao universo cultural dos anos 80. “Canções de Faca e de Alguidar” é produzido com actores amadores e promete um registo “kitsch” e “trágico-cómico”, protagonizado no feminino

 

O auditório da Casa Garden recebe hoje o espectáculo “Canções de Faca e de Alguidar”, a nova produção musical da companhia “D’As Entranhas”. A concepção e direcção artística está a cargo de Vera Paz, co-fundadora “D’As Entranhas”, e também intérprete nesta produção. Ao seu lado, no palco, juntam-se actores amadores e outros com formação e experiência nas lides teatrais, como é o caso de Mónica Coteriano, Catarina Cortesāo, Célia Brás ou Jorge Vale, entre outros.

Sem querer desvendar muito a narrativa que dá o mote ao espectáculo, Vera Paz revela apenas que são histórias com “canções de faca e alguidar, protagonizadas no feminino, com um homem”. As mulheres que sobem ao palco têm cerca de 50 anos e “uma história de vida de amores e desamores, com muitas lágrimas, lençóis e cicatrizes”.

Este promete ser um “espectáculo com quadros vivos, separadores, e com uma componente vídeo e áudio muito marcada, como acontece sempre com os nossos espectáculos. É um registo kitsh, trágico-cómico, e a acção situa-se nos anos 80”.

A homenagem aos anos 80 surgiu como natural, por ter marcado a geração de Vera Paz. “Era tudo muito sentimental e emocional, e, face aos tempos que correm em que tudo é digital, é preciso que os sentimentos estejam à flor da pele e se possam revelar. Queremos homenagear este período das nossas memórias, embora também tenhamos músicas dos anos 70 ou 50. Só não temos músicas do yé-yé dos anos 60, porque não gosto nada desse movimento (risos)”, contou Vera Paz ao HM.

O prazer do amador

“Canções de Faca e de Alguidar” tem uma segunda sessão amanhã, mas os espectáculos já estão esgotados, sem que haja possibilidade de realizar uma terceira sessão. O facto de Vera Paz ter trabalhado com actores amadores não se revelou uma dificuldade acrescida, pelo contrário.

“Foi um desafio trabalhar com este elenco. Tenho dois actores profissionais, a Mónica Coteriano e o Jorge Vale que já têm alguma experiência na área. A Catarina [Cortesão] também alguma experiência no teatro universitário.”

“Gosto muito de trabalhar com actores amadores”, por serem “actores-verdade”, declarou Vera Paz. “Demora mais tempo a lá chegar, porque tecnicamente não têm defesas nem recursos, mas têm uma enorme entrega. São pessoas que se identificaram com o projecto e isso foi muito positivo e gratificante. A equipa está equilibrada.”

A companhia promete apresentar, em Novembro, um outro espectáculo, mas desta vez baseado na obra poética de Adília Lopes. “A história será também sobre uma mulher. Só trabalho sobre o universo feminino, que me é caro. O amor sempre em pano de fundo, as interrogações sobre tudo isto e as relações. O amor vale sempre a pena, até ao fim”, rematou a co-fundadora “D’As Entranhas”. As duas sessões do espectáculo começam às 21h.

27 Mai 2022