Rex Tso sobe ao ringue em Hong Kong com a Top Rank

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]lutador de Hong Kong Rex “The Wonder Kid” Tso vai voltar a subir a um ringue da Top Rank para um novo combate. O “puto maravilha” encabeça o cartaz, do qual fazia parte também o lutador do território KK Ng, que acabou por desistir, como confirmou ontem ao HM fonte da organização.
Tso, que se iniciou no Boxe profissional em Macau, vai defrontar Ryuto Maekawa pelo título internacional de juniores peso pluma da World Boxing Organization (WBO). O japonês nunca perdeu um combate, algo que marca também a carreira de Rex Tso, que estará, desta vez, a jogar em casa.
Marcada para o dia 8 de Outubro, a “Battle of Victors” junta-se ao campeonato de Fórmula E da FIA em Hong Kong, como um dos espectáculos adicionais. Tso, que venceu em Maio deste ano o coreano Young Gil Bae, encontra agora aquele que é considerado o número dois da Ásia pela WBO Asia-Pacific, conhecido pela rapidez dos combates.
Com uma audiência que se espera que seja de mais de cinco mil pessoas, o evento conta com oito combates: lutadores da Austrália, Japão, Reino Unido, Tailândia e Filipinas juntam-se a outros do Nepal e Indonésia. O “Battle of Victors” é, de acordo com a Top Rank, “o maior evento de boxe profissional em Hong Kong”. Da região vizinha sobe ainda ao ringue Raymond Poon, colega de Tso.
Para Bob Arum, dirigente da Top Rank, “é um prazer ver que Rex Tso está a emergir como uma estrela nesta parte do mundo”. Os bilhetes estão à venda por preços que vão dos 380 a 1880 dólares de Hong Kong.

22 Set 2016

Óbito | Muhammad Ali morreu aos 74 anos nos EUA

Foi mais do que um lutador. Muhammad Ali era um ser complexo, cheio de humor e manias, mas que deixou marcas bem profundas no boxe e na política

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uando até os próprios adversários se riem das piadas e nutrem amizade com o oponente, algo de carismático tem de ter essa pessoa. E Muhammad Ali era assim: deixava no ar uma arrogância quase impossível de aturar, mas que penetrava de tal forma que, de uma maneira ou de outra, todos o respeitavam.
“Não gostava do Ali, ele estava a desafiar-me pelo título. Mas ainda, assim ele é uma das pessoas mais maravilhosas que já conheci. Diverti-me muito porque ele estava sempre na brincadeira durante o combate. Quem me dera não ter estado tão ansioso por ganhar, isso não me deixou aproveitar a situação e se pudesse fazer esse combate outra vez, faria”, dizia George Foreman, ex-lutador e um dos grandes nomes do Boxe, ao HM em 2013.
A morte de Ali no sábado não deixou só o mundo do Boxe mais pobre, mas todo o mundo do Desporto. Tal como acontece quando morre uma lenda, esta vez não foi excepção e das redes sociais a comunicados da Casa Branca dos EUA, foram diversos os que manifestaram luto e pesar.
Muhammad Ali sofria de Parkinson desde 1984, quando foi diagnosticado três anos depois de se ter retirado dos combates. Foi internado algumas vezes, nomeadamente com infecções pulmonares e urinárias. Sempre resistiu e sempre manteve a forma teimosa como se apresentava ao mundo, mesmo quando as palavras saíam com algum custo e as mãos não acompanhavam o que em tempos tinha sido um lutador que “flutuava como uma borboleta e picava como uma abelha”.

O maior
“Sou o maior. Disse isso a mim mesmo inclusive antes de saber que o era” sempre foi uma das frases preferidas do “rei do mundo”, como se intitulou no fim do combate com Sonny Liston, em 1965, quando venceu o primeiro título de campeão do mundo de pesos-pesados. Com mais de 60 combates, Ali venceu mais de 50 das suas lutas – 37 delas por KO. Perdeu apenas cinco.
Mas Muhammad Ali não foi apenas um mito do Boxe. Foi parte integrante da cultura popular e política da sua época, especialmente quando em 1967 é proibido de regressar aos ringues por se ter recusado a lutar no Vietname.
“Não vou percorrer 10 mil quilómetros para ajudar a assassinar um país pobre simplesmente para dar continuidade à dominação dos brancos sobre os escravos negros”, dizia em sua defesa, semelhante à que usou quando decidiu mudar de nome.
“Cassius Clay é o nome de um escravo. Não foi escolhido por mim. Eu não o queria. Sou Muhammad Ali, um homem livre.”
Por tudo isto e por tantas coisas que não caberiam aqui, dizer que Ali foi só um campeão do Boxe seria “uma injustiça”, como relembra Foreman à BBC.
Questionado certa vez sobre como gostaria de ser lembrado, ele disse: “Como um homem que nunca vendeu o seu povo. Mas se isso for muito, então apenas como um bom lutador. Nem vou me importar se não for mencionado o quanto fui bom.” Mas há quem tenha mais a acrescentar.
“Ali viveu uma vida cheia de convicções religiosas e políticas que o levaram a tomar decisões difíceis e viver com as consequências”, referiu o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que fará uma homenagem no funeral de Ali. “Muhammad Ali abalou o mundo. E o mundo ficou melhor por causa disso”, acrescentou Obama, actual presidente.
Nascido no estado do Kentucky, nos EUA, é lá que o tetra-campeão do mundo vai a enterrar depois de ter morrido por choque séptico provocado “por causas naturais não especificadas”.
Com frases e intervenções que ascenderam ao campo do Rap, do poema e da Filosofia, Muhammad Ali – o “Elvis do boxe, o Tarzan do boxe, o Super-Homem do boxe, o Drácula do boxe, o grande mito do boxe” – fez ouviu o sino soar pela última vez. Mas deixa a certeza de que foi “o campeão mais bonito” que o mundo já viu.

6 Jun 2016