Rui Filipe Torres h | Artes, Letras e IdeiasUma aldeia ocupada pelo cinema. O 23º Avanca Film Festival está a começar [dropcap]T[/dropcap]eve lugar a 16 de Julho, no Cine Teatro de Estarreja a conferência de imprensa que deu a conhecer a 23ª edição do AVANCA FILM FESTIVAL, que acontece de 24 a 28 deste mês. Avanca é uma aldeia onde os milenares costumes do trabalho da terra; lavrar, semear, colher, se misturam com a contemporaneidade do cinema do mundo que aqui chega com regularidade anual há 23 anos, afirmando desta forma o cinema enquanto lugar de encontro e mudança, capaz de promover dinâmicas sociais e culturais nos territórios, anular velhas centralidades e periferias, à velocidade dos filmes projetados nos ecrãs do auditório da igreja paroquial de Avanca, do Cine Teatro de Estarreja e nas salas do Cinema Dolce Vita – Ovar. Organizado pelo Cine-Clube de Avanca, com apoio do Município de Estarreja, do ICA – Ministério da Cultura, o Festival tem na relação com o território local, a freguesia de Avanca com 21,5 km2 e 7.000 habitantes, a 6 km de Estarreja, sede do concelho, uma das suas forças identitárias e diferenciadoras. O festival tem uma abertura inédita, popular e festiva. Inicia-se com banquete recepção aberto aos convidados, imprensa, e organização, a que se segue um percurso nas ruas da aldeia com as centenas de participantes em desfile encabeçado pela banda filarmónica e aplaudido pela população nas janelas, uma procissão cinematográfica, em direção ao auditório da igreja da paróquia onde a cerimónia de abertura tem lugar. Durante aproximadamente uma semana, em Avanca, pensa-se e vive-se o cinema que é feito no mundo. Na edição deste ano estão 84 filmes em competição, produzidos em países dos 5 continentes, dos quais 36 são filmes em estreia mundial. Na apresentação da edição a organização destacou : 1. A primeira competição internacional de cinema VR 360º (Realidade Virtual), num festival de cinema em Portugal 2. O primeiro festival a apoiar a rodagem de novos filmes. Nesta edição arranca pela primeira vez o AVANCA FILM FUND . Trata-se de um fundo financeiro para a produção de cinema no Concelho de Estarreja. 3. O primeiro festival de cinema em Portugal com workshops onde nascem novos filmes (os filmes rodados no festival receberam 57 prémios em festivais de vários países do mundo) 4. O único festival de cinema multigeracional a premiar cineastas com menos de 30 e mais de 60 anos; O único festival de cinema em Portugal com uma regional onde os novos filmes são a expressão de uma dinâmica de produção cinematográfica crescente. O cinema Português tem 7 filmes na competição Internacional, 10 filmes rodados na região, e 32 filmes portugueses nas diversas seções do Festival. Nesta edição, pela segunda vez a FICC – Federação Internacional de Cineclubes incluiu o AVANCA 2019 na lista de festivais de todo o mundo onde é atribuído o Prémio D. Quixote. Um dos pontos fortes do Festival são as Conferências Internacionais Cinema, Arte, Tecnologia, Comunicação que reúne investigadores que apresentam trabalhos sobre cinema na contaminada relação com outras artes, comunicação e tecnologia. Nesta 10ª edição da conferência vão estar investigadores de 16 países, de diversas universidades e centros de investigação, e apresentadas 126 comunicações. Festival de cinema no meio do milho e de vacas leiteiras, com uma identidade que o diferencia resultado não só do lugar onde acontece, a escola secundaria Egas Moniz com as salas de aula transformadas em Oficinas Criativas e workshops, em explosão criativa com equipas a rodar na aldeia e territórios próximos, e os campos de recreio transformados em parque de campismo improvisado. É uma identidade que antecede o festival expressa nas palavras do diretor e fundador do AVANCA FILM FESTIVAL António Costa Valente: “Cremos que um projetor e um ecrã não fazem um festival. Tão pouco uma passadeira vermelha, caras conhecidas, filmes em exibição, uns prémios, notícias e fotos. Cremos que copiar é feio e pouco proveito trará. Cremos, portanto, que os festivais não se podem fazer como se de um carimbo se tratasse. Acreditamos que um festival só vale a pena se tiver carácter, profundidade e for motor para algo novo. Acreditamos que vale a pena juntar o gosto e o desejo a um espaço sedutor, onde os mimos e os beijos possam andar no ar. Afinal, trata-se de cinema. Trata-se de uma indústria à sombra das ilusões, do espreitar realidades que nos furam os olhos, de pensamentos transformistas, trespassantes, impudicos. Se o cinema passa por aqui, então um cine festival terá de lhes dar o braço e ser capaz de lhes falar em silêncio. O AVANCA acredita na voragem inconclusiva das fronteiras e as temáticas passam-lhe ao lado. Por isso, todos os filmes podem passar neste festival, desde que se goste… mesmo que magros, gordos, brancos, pretos, coxos, cegos, todos… AVANCA é um espaço livre de olhos nos 360º da vida e da vida fílmica.” AVANCA é assim um festival de cinema que vive a informalidade e o conhecimento, a experimentação e vontade de novo, num trabalho de construção de novos públicos, assente na centralidade do cinema enquanto dispositivo técnico expressivo capaz de pensar e olhar o mundo que a todo momento se reconstrói com o sonhos e cimento do real. Um festival que procura pensar os filmes e com eles, ou através deles, pensar melhor o mundo. Algumas das obras presentes na seleção oficial AVANCA 2019 “Elvis Walks Home” de Fatmir Koci – Albânia “Eternal Winter”de Attila Szász – Hungria “The Bra”de Veit Helmer – Alemanha “Puppet Master” de Hanna Bergholm – Finlândia “Taniel” de Garo Berberian – Reino Unido “Simon Cries” de Sergio Guataquira Sarmiento – Bélgica “Carnaval sujo” de José Miguel Moreira – Portugal “Elephantbird” de Masoud Soheili – Afeganistão “Aquarela” de Al Danuzio – Brasil “Flutuar”de Artur Serra Araujo – Portugal “Retiro” de Alejandro Sorin, Miguel Dianda e/and Nicolás Ferrando – Argentina “Tweet” de Zhanna Bekmambetova – Rússia “Lola the Living Potato” de Leonid Shmelkov – Rússia “Tangle” de Malihe Ghloamzadeh – Irão “Two Ballons” de Mark C. Smith – EUA “Land” de Alexandra Oliveira – Portugal “A Tua Vez” de Cláudio Jordão, David Rebordão – Portugal “Boca do Inferno” de Luís Porto – Portugal “Magister”de Gustavo dos Santos – Portugal “A cor em Júlio Resende” de Casimiro Alves – Portugal “Ciclo”de Tiago Margaça -Portugal “A menor resistência”de Rafael António Silva Marques – Portugal “(in)UTILIDADES” de Joaquim Pavão – Portugal