Ucrânia | China defende que ainda é possível solução pacífica para conflito

A China disse hoje que uma solução pacífica para a crise ucraniana é “ainda possível”, depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter avançado com uma operação militar na Ucrânia.

“A China acredita que a porta para uma solução pacífica da crise ucraniana ainda não foi completamente fechada, e não deve ser fechada. Saudamos todos os esforços que possam ajudar a resolver isto através dos canais diplomáticos”, disse o embaixador chinês nas Nações Unidas, Zhang Jun, durante uma reunião do Conselho de Segurança, segundo um comunicado da missão diplomática na ONU.

Segundo Zhang, “a situação está num momento crucial”, mas todas as partes envolvidas devem “exercer contenção” e “evitar uma nova escalada de tensões”.

“Mencionámos muitas vezes que esta é uma questão com um contexto histórico complexo e que a situação atual é o resultado de muitos fatores”, continuou.

O embaixador disse que a posição da China sobre “a salvaguarda da soberania e integridade territorial dos Estados” sempre foi “consistente”.

“Os princípios da Carta das Nações Unidas devem ser defendidos conjuntamente. Esperemos que as partes sejam racionais e se empenhem no diálogo e na consulta para resolver a crise”, acrescentou.

Zhang disse que “as legítimas preocupações de segurança de todos devem ser tidas em conta, mas é especialmente importante não acrescentar combustível ao fogo. A China continuará a promover negociações de paz à sua própria maneira, e apoia quaisquer esforços que conduzam a uma solução diplomática”.

A China manteve na quarta-feira a posição de que as sanções não são eficazes na resolução do conflito e de que se opõe às punições unilaterais, aproveitando ao mesmo tempo a oportunidade para atacar os Estados Unidos.

“Há que perguntar que papel Washington desempenhou na crise ucraniana”, disse a porta-voz chinesa Hua Chunying, acrescentando que “é irresponsável acusar os outros de provocar incêndios enquanto se acrescenta combustível ao incêndio”.

Até agora, a China tem mantido a sua posição de que a crise deve ser resolvida através da negociação e “de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas”.

A imprensa oficial chinesa comentou esta semana que Pequim está a tratar a crise ucraniana “com prudência” e sublinhou que a China apela à implementação dos Acordos de Minsk de 2015.

Por outro lado, salientou também que “a situação mostra que a Rússia estava muito insatisfeita por as suas preocupações de segurança não terem sido satisfeitas” e que “Putin viu a fraqueza do Ocidente”.

24 Fev 2022

Reserva financeira | Cifra de 643,17 mil milhões de patacas no final de 2021

A reserva financeira da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) cifrou-se, até final do ano passado, em 643,17 mil milhões de patacas, anunciaram ontem as autoridades.

O valor da reserva básica era de 139,08 mil milhões de patacas e a reserva extraordinária 504,09 mil milhões de patacas, indicou, em comunicado, a Autoridade Monetária de Macau.

“Em 2021, a reserva financeira [da RAEM] norteou-se pelo princípio da prudência em matéria da gestão dos investimentos, tendo registado rendimentos dos investimentos na ordem de 14,74 mil milhões de patacas, o que correspondeu a uma rentabilidade anual de 2,3 por cento”, acrescentou.

Nos últimos cinco anos, a rentabilidade anual média da reserva financeira foi de 3,5 por cento, enquanto a média da taxa de inflação anual foi de 1,6 por cento, em comparação com o período homólogo, de acordo com a mesma nota.

No ano passado, devido aos impactos negativos na economia mundial da pandemia da covid-19, a reserva financeira da RAEM “tomou uma atitude prudente, com o objectivo de equilibrar os riscos e os investimentos”, referiu.

Para 2022, a Autoridade Monetária de Macau previu que se mantenham “incertezas nos mercados financeiros globais”, situação que levará a reserva financeira a manter “medidas prudentes” no reforço dos rendimentos a médio e longo prazo.

24 Fev 2022

IAM ordenou suspensão da importação de carne congelada do Brasil

O Instituto de Assuntos Municipais (IAM) suspendeu a importação de carne congelada brasileira de uma empresa, depois de um lote ter obtido resultados positivos em testes ao coronavírus SARS-CoV-2 em Hong Kong.

O IAM sublinhou que testou amostras do interior e do exterior das embalagens de carne de vaca do Brasil e de carne de porco da Polónia, tendo todas dado negativo ao novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, de acordo com um comunicado divulgado na ontem.

O IAM garantiu que tem testado regularmente, desde Julho de 2020, amostras de embalagens de carne e outros produtos congelados, sem qualquer resultado positivo em testes nos últimos três meses.

Na segunda-feira, o Centro para a Segurança Alimentar da região vizinha de Hong Kong anunciou que três amostras de carne de vaca do Brasil e uma amostra de carne de porco da Polónia tiveram testes positivos à presença de SARS-CoV-2. O centro ordenou a eliminação de todo o lote e a desinfecção dos armazéns onde se encontrava a carne.

Tráfico de congelados

Em 14 de Fevereiro, os Serviços de Alfândega (SA) de Macau anunciaram a detenção de dois homens, acusados de contrabando de dez toneladas de carne congelada.

As patrulhas dos SA foram reforçadas para combater a entrada ilegal de pessoas e bens, “prevenindo a entrada do coronavírus em Macau através de actividades ilegais”, indicaram os SA.

A imprensa estatal chinesa tem noticiado regularmente multas aplicadas a comerciantes que importaram, de forma ilegal, carne congelada.

A 4 de Janeiro, a polícia chinesa aplicou uma pena de detenção de dez dias a dois comerciantes, numa cidade do sudoeste do país, acusados de não terem submetido um lote de pernas de frango enviadas do Brasil aos controlos sanitários.

O Governo chinês afirmou que os recentes surtos da variante Ómicron da covid-19 no país devem-se, em parte, a produtos provenientes do estrangeiro.

24 Fev 2022

Hong Kong | Dois novos casos assintomáticos

Uma residente de Hong Kong de 30 anos e outra de Macau com 50 anos, provenientes do território vizinho, testaram positivo para a covid-19 na terça-feira. Os dois casos, ambos importados, foram classificados “casos de infecção assintomática”.

As duas mulheres chegaram a Macau na segunda-feira, através do autocarro de ligação dos postos fronteiriços da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (Autocarro Dourado), e ambas testaram negativo no primeiro teste. No entanto, já instaladas no Regency Art Hotel para cumprir quarentena, o resultado dos testes realizados no dia seguinte foi positivo, tendo as pacientes sido encaminhada para o Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane para isolamento e tratamento.

Inoculadas respectivamente com uma e duas doses da vacina da BioNTech, as duas mulheres não apresentam sintomas, não entrando para a contabilização de casos confirmados. Até ao momento, foram registados em Macau 80 casos confirmados de covid-19 e 29 casos de infecção assintomática.

24 Fev 2022

A origem da cozinha Macaense em Macau (Última parte)

Por Ritchie Lek Chi, Chan
*Artigo publicado no Macau Daily News em 1de Agosto de 2021

 

O Padre Manuel Teixeira, conhecido historiador de Portugal e Macau, escreveu a “Lenda da Origem dos Macaenses em Macau” no 20.º número da edição chinesa da Revista de Cultura. Este artigo prova que os macaenses não tinham ascendência chinesa originalmente. “Na nossa opinião, as primeiras pessoas que seguiram os portugueses para a China foram indianas e malaias, podendo haver também uma ou duas portuguesas (europeias).”

Com a mudança dos tempos, portugueses residentes em Macau começaram a casar com chinesas. Em meados do século XVII, a migração de residentes de Lingnan (a área que cobre a província de Guangdong e Guangxi) e das zonas costeiras da província de Fujian para Macau continuou a aumentar. Esta situação propicia condições favoráveis ​​para que portugueses ou outras etnias da colónia portuguesa se casem com chinesas, momento em que surge uma nova geração de mestiços.

E apresenta outra razão. “Embora houvesse poucos casamentos entre Portugal e a China antes da abertura do porto, um grande número de escravas chinesas entrou nas suas famílias quando os empresários portugueses comercializaram e se estabeleceram ao longo da costa da China. Há muitos portugueses do sexo masculino a viver com estas escravas ou como concubinas, tendência desenvolvida por estes empresários e soldados portugueses em Goa, Malaca, Índia e outros locais. ”

Em 1565, Ye Quan, um escritor da província de Anhui, veio para Macau. Testemunhou e escreveu sobre a relação entre as mulheres chinesas e os portugueses. “Eu estava na casa de um ocidental e vi uma criança de seis ou sete anos a chorar. Perguntei ao tradutor se essa criança era filha de um ocidental. O tradutor disse: “Não. Este ano as pessoas sequestraram pessoas de Dongguan para vender, deve estar a pensar nos seus pais e a chorar.” A maioria dos ocidentais criaram cinco ou seis pessoas, e há mais de dez mulheres, e todas se enquadravam nessa categoria.

As roupas masculinas são como estão. As roupas femininas eram embrulhadas num pano branco e embrulhadas numa camisa de estilo ocidental com um pano horizontal por baixo. Elas não usavam roupa interior e andavam descalças. Fazia muito frio em Dezembro, e suas roupas eram apenas aquelas. As mulheres eram concubinas bárbaras, e havia milhares delas. Sabendo que se trata de filhos de boas famílias na China, este incidente é odioso. “Isto mostra que nos primeiros dias da abertura de Macau como porto, havia um grande número de mulheres chinesas a servirem como criadas ou concubinas dos portugueses. Esta afirmação foi também confirmada por estudiosos.

O casamento misto entre portugueses e chineses começou no início da abertura de Macau. Diz o Padre Rev. Benjamin Videira Pires: “O casamento misto de portugueses e mulheres locais (chinesas) começou quando os portugueses chegaram a Macau. ” (Nota 1)

A Professora Doutora Ana Maria Amaro do Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Políticas Sociais no seu artigo “Filho da Terra – Um Estudo dos Macaenses em Macau” descreve claramente a situação destas mulheres chinesas. “Segundo dados históricos, os primeiros portugueses coabitaram com mulheres malaias e indianas. Aparentemente, as chinesas eram sobretudo mulheres vendidas pelos pais ou que seguiam os piratas com quem os portugueses serviam, algumas mulheres tornaram-se esposas.

Portanto, parecia natural que as mulheres chinesas fossem concubinas naquela época, mas pensávamos que até recentemente as avós distantes do grande povo de Macau eram eurasiáticas e não chinesas. “(Nota 2)

Com base nos argumentos apresentados por vários estudiosos acima mencionados, pode-se constatar que as mulheres chinesas pertenciam como membros dessas famílias portuguesas, e que os macaenses começavam a entrar na segunda fase. Idioma e hábitos de vida, incluindo a cultura alimentar, começaram a infiltrar-se na cultura e nos costumes chineses. Um dos exemplos óbvios é o “Tacho”. Só nesta altura se pode dizer que “os chineses deram um contributo para os pratos dos macaenses”.

Até hoje, o autor acredita que alguns pratos Macaenses são difíceis de rastrear até à verdadeira origem. Pastéis de Bacalhau é um exemplo. A maioria das pessoas pensa que vem de Portugal, mas este tipo de alimento é extremamente comum na Indonésia e o método de fabricação é  semelhante. Portanto, é difícil concluir se esta comida indonésia é afectada por Portugal. A maioria dos websites da Indonésia tem outra maneira de dizer que as “bolinhas de batata” da Indonésia, têm origem na Holanda, porque os holandeses gostam de fazer este tipo de comida.

Este tipo de “bolinho de batata” é originário de Portugal, da Holanda ou da Indonésia? É difícil chegar a uma conclusão, é preciso mais investigação. Mas os Pasteis de Bacalhau de Macau são, sem dúvida, de origem portuguesa. O ingrediente básico desta comida é puré de batata, que os macaenses misturam com o bacalhau salgado marinado e outros ingredientes, como a cebola, e depois fritam numa panela até dourar. Os indonésios misturam o puré de batata com frango picado ou carne picada ou carneiro, misturados com chalotas e alguns temperos, misturados com farelo na superfície e fritos na frigideira até dourar. O nome do alimento é Kroket ou Perkedel.

Governo de Macau promove vigorosamente a cozinha macaense

A “cozinha macaense” baseia-se nos métodos de cozinha portuguesa, misturando métodos de cozinhar e materiais culinários de outras proveniências, e após centenas de anos de herança e adaptação, desenvolveu-se uma cultura culinária única.

Com o intuito de apresentar ao público esta cultura alimentar única, destacando que Macau é uma sociedade harmoniosa e um local onde se integram diferentes culturas, há muitos anos que o Governo da Região Administrativa Especial de Macau se esforça para promover e preservar o trabalho de propaganda deste tipo de cozinha. Os Serviços de Turismo publicaram livros relacionados com a gastronomia macaense nas suas páginas Web, tendo o Instituto Cultural também publicado vários tipos de livros nesta área (Nota 3).

De facto, na década de 1980, os círculos macaenses ou residentes ou grupos locais em Macau publicaram sucessivamente livros e periódicos sobre a cozinha macaense. Em 2016, o Macau Daily News publicou um artigo intitulado “Cozinha Macaense de Macau que vale a pena ver”, O editor dissertou sobre a origem histórica deste tipo de cozinha, incluindo no artigo os livros de cozinha macaense publicados em Macau e os nomes dos seus autores.

De 1983 a 2014, foram publicados cerca de 13 livros e periódicos sobre a culinária Macaense, entre eles uma versão luso-chinesa e uma versão chinesa e portuguesa (Nota 4). Por outro lado, em termos de demonstrações físicas, a sala expositiva do segundo andar do Museu de Macau dispõe de uma área relacionada com a gastronomia e os dotes culinários macaenses, para divulgar a gastronomia e as características alimentares dos macaenses.

No entanto, de acordo com os macaenses, muitos dos pratos macaenses já se perderam. A razão é que as aptidões culinárias dos macaenses só foram transmitidas de geração em geração. A maioria das famílias não transmite as suas receitas a estranhos. São apenas transmitidas dentro da família e raramente divulgadas ao público.

Os pratos confeccionados por famílias diferentes são distintos, cada um tem o seu estilo e não existe um padrão e normas unificadas, sendo que algumas receitas se tornaram o símbolo da família. Uma vez que cozinhar pratos macaenses leva muito tempo e exige mais preparação, a nova geração Macaense não tem interesse em cozinhar. Essa também é uma das razões pelas quais os pratos originais se foram perdendo.

Felizmente existe um grupo de macaenses entusiastas, com o intuito de preservar, herdar e promover os dotes culinários deixados pelos seus antepassados. No início de 2007, foi fundada a “Confraria da Gastronomia Macaense”, comprometida em coleccionar receitas e publicar os livros de culinária Macaense, através da organização de competições de culinária macaense e da organização de cursos de formação e outras actividades.

Divulgar junto dos cidadãos de Macau e dos jovens chefs, para que os dotes culinários dos macaenses fiquem bem organizados e preservados. Em 2012, a “Cozinha macaense e competências culinárias” foi finalmente incluída na Lista do Património Cultural Imaterial de Macau.

As qualidades da culinária macaense passavam originalmente pelo método de cozinhar das famílias comuns, mas agora esta gastronomia está amplamente divulgada na população e tornou-se numa das cozinhas favoritas dos residentes locais e dos turistas. Quem visita uma cidade pode saborear a gastronomia local, que ajuda a criar uma boa memória de viagem, mas Macau pode transformar-se numa típica cidade turística de lazer pelas suas iguarias.

 

Nota 1: Website do Instituto de História Qing da Universidade Renmin da China, “Casamento de portugueses em Macau durante as dinastias Ming e Qing”, o segundo ponto, o padrão de casamento dos portugueses em Macau, (1) Casamento misto com estrangeiros, parágrafo 9. “Ethnic Studies” Issue 3, 2017 Autores: Tang Kaijian; Yan Xuelian.

Nota 2: Ana Maria Amaro, “Filho da Terra – Um Estudo dos Macaenses em Macau”, Revista de Cultura, Edição Chinesa N.º 20, terceiro trimestre de 1994, página 13, parágrafo 2, publicada pelo Instituto Cultural de Macau.

Nota 3: “A Cozinha de Macau da Casa do Meu Avô”,Graça Pacheco Jorge. A versão em português foi publicada em 1992 e a versão em chinês foi publicada em 2015.

Nota 4: “Pratos Macaenses de Macau Dignos de Uma Escavação Vigorosa”, Macau Daily News, 11 de Julho de 2016, Edição E08: Visão, Autor: Lu Shanyuan.

*Artigo publicado no Macau Daily News em 1de Agosto de 2021

24 Fev 2022

PJ | Mulher acusada de violência doméstica

Uma mulher de 46 anos é suspeita da prática do crime de violência doméstica, por agressões ao filho menor. De acordo com a informação da Polícia Judiciária (PJ), a mulher é reincidente uma vez que se encontra a aguardar julgamento pelo mesmo tipo de crime, relacionado com factos ocorridos em 2018.

A investigação para a nova queixa, começou depois de o Hospital Centro S. Januário ter relatado às autoridades a admissão nos seus serviços de um menino de oito anos com várias contusões na cabeça, mãos e barriga. Segundo o relato da vítima, a progenitora costuma bater-lhe à hora do pequeno-almoço ou quando demora a fazer os trabalhos de casa.

O facto de a criança também não ajudar em tarefas domésticas também foi indicado como uma das razões para as agressões. A suspeita, que é croupier, foi levada pela PJ para a investigação, e recusou cooperar. Face ao segundo incidente, a PJ encaminhou o caso para o Instituto de Acção Social e a criança ficou à guarda de um centro de apoio.

24 Fev 2022

As relações China-Rússia e os acontecimentos em Donetky-Lugansk (Ucrânia)

Por Francisco José Leandro – Professor Associado da Universidade Cidade de Macau

 

Nas relações China-Rússia há cinco factos que, independentemente dos próximos desenvolvimentos no sudeste da Ucrânia, irão ditar a posição chinesa. Em primeiro lugar, a China e a Rússia são membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, facto que a China entende como uma especial responsabilidade no quadro da preservação do sistema da Carta das Nações Unidas; isto significa o respeito pela integridade territorial de todos os Estados e, tal como afirmou recentemente o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China Wang Yi, “todas as soluções para a crise na região de Donetky-Lugansk devem ser negociadas no quadro dos Acordos de Minsk” (2015). Posição lógica e coerente na sequência dos acordos de Budapeste em 1994, no quadro da OSCE, aos quais a China deu o seu apoio de forma escrita.

Em segundo lugar, a assimetria das relações económicas (a economia Chinesa é cerca de 11 vezes a da Rússia), os recentes desenvolvimentos no contexto da iniciativa da nova rota da seda na região da Eurásia, designadamente no âmbito da Parceria Económica Euro-asiática (2021), da Parceria Estratégica China-Rússia (1994), da entrada em funcionamento do gasoduto “Power of Siberia” (2022) e das possibilidades que oferece o Projecto Yamal e a Rota da Seda Polar, levará previsivelmente a que China a adopte uma posição de responsabilidade e de comedimento perante a comunidade internacional e perante os seus próprios interesses.

Em terceiro lugar, a China é um importante parceiro comercial da Ucrânia. A Ucrânia importa da China 15% do seu total de importações, exposta para a China 16% do seu total de exportações. Para além disso, é necessário ter em conta que, face às posições políticas já assumidas pela União Europeia e pela maioria dos seus Estados-Membros, a China é o maior parceiro comercial do Espaço Comum Europeu e, também por essa razão, não se espera um inequívoco, incondicional e público alinhamento China-Rússia. Espera-se, isso sim, um intenso debate diplomático sem os holofotes dos meios mediáticos.

Em quarto-lugar, as relações China-Rússia já não são as que se verificavam em 1958 durante a cimeira Mao Zedong-Kruschev. A China é hoje uma superpotência económica, uma potência em crescimento e com sofisticação militar, um reconhecido actor global, ao qual a Rússia se vai procurar associar, para capitalizar no seu esforço de regresso ao concerto dos estados mais poderosos do sistema internacional. Todavia, as assimetrias geoeconómicas estão a favor da China, que estou em crer não deseja mais do que aprofundar parceiras, distanciando-se da ideia de alianças formais.

Finalmente, a China e a Rússia têm um forte ponto comum nas suas agendas das relações internacionais: são ambas potências revisionistas que não aceitam uma ordem internacional baseada unicamente no modelo neoliberal e, como tal, têm visões próprias para a evolução do sistema. Ambas sabem também, que uma eventual reeleição do Presidente Donald Trump (2025) aconselha a uma redobrada prudência, já que alinhadas representam uma possibilidade de reequilíbrio ideológico da ainda ordem hegemónica.

24 Fev 2022

China pune 17 funcionários em caso de mulher que vivia acorrentada numa aldeia

As autoridades chinesas puniram 17 funcionários da província de Jiangsu, leste da China, por um caso de maus-tratos a uma mulher, que foi vendida em 1998 e passou anos acorrentada, num caso que chocou o país asiático.

Os funcionários, alguns dos quais foram demitidos, “não protegeram os direitos das crianças e mulheres” e incorreram em “formalismos e burocracia”, informou hoje a agência noticiosa oficial Xinhua.

O caso, que causou grande indignação nas redes sociais do país, foi conhecido devido a um vídeo publicado a 28 de janeiro na aplicação Douyin – o nome do Tiktok na China – que mostrava uma mulher acorrentada pelo pescoço, numa área rural em Jiangsu.

A mulher, mãe de oito filhos, parecia confusa e não conseguiu responder, no vídeo amador, quando questionada sobre se sentia frio, devido às baixas temperaturas da época e à falta de agasalho.

O vídeo horrorizou a opinião pública e vários internautas apelaram a uma investigação para esclarecer a situação.

As investigações, que começaram a 17 de fevereiro, determinaram, através de uma análise de DNA, que a mulher, cujo nome verdadeiro é Xiao Huamei, nasceu em 1977, em Fugong, na província de Yunnan, no sul da China.

Xiao foi vendida a um homem de Jiangsu, de apelido Xu, em 1998, por 5.000 yuans (cerca de 700 euros), mas desapareceu alguns meses depois, disse o homem aos investigadores.

De acordo com a investigação, outro homem comprou a mulher, em junho de 2000. O filho desse homem, de sobrenome Dong, obteve fraudulentamente uma certidão de casamento com Xiao e teve oito filhos com ela.

A investigação revelou que Dong mantinha Xiao amarrada pelo pescoço, com uma corrente de ferro, desde 2017, e que ela foi privada de assistência médica.

Xiao não sofre de qualquer outra doença física, mas, segundo depoimentos dos vizinhos às autoridades, quando chegou à cidade, em 1998, já apresentava sintomas de doença mental, que se agravaram a partir de 2012.

No final de janeiro, médicos em Nanjing, capital da província de Jiangsu, diagnosticaram que Xiao tinha esquizofrenia, uma condição que a impede de comunicar normalmente, segundo as autoridades.

Dong foi preso por suspeita de abusos. Há ainda dois indivíduos, de apelido Sang e Shi, sob investigação, por sequestro e tráfico humano.

O tráfico de seres humanos é um problema persistente na China, agravado pela antiga política do filho único e pelo desequilíbrio entre o número de homens e mulheres no país. Segundo o Banco Mundial, há 42 milhões de homens a mais do que mulheres na China.

Homens solteiros recorrem às vezes à compra de mulheres de partes remotas da China ou de países vizinhos, como o Vietname. Nos últimos anos, tecnologias como a análise de DNA ou o reconhecimento facial têm contribuído para solucionar casos de venda de crianças e mulheres.

23 Fev 2022

“Bolha” sanitária dos Jogos de Inverno foi “experiência valiosa” para a China, diz epidemiologista

O epidemiologista chinês Zhang Wenhong considerou hoje que a ‘bolha’ sanitária utilizada durante os Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, constituiu uma “experiência valiosa” para a China, que mantém as suas fronteiras encerradas.

A ‘bolha’ isolou os participantes do evento, que terminou este fim de semana, da população local. Atletas e outros participantes não puderam visitar os locais turísticos ou restaurantes de Pequim durante o seu tempo livre. Os hotéis e os locais de competição foram cercados com muros temporários e guardas. Fora da ‘bolha’, a vida decorreu com normalidade para a maioria das pessoas.

Através da sua conta na rede social Weibo – o equivalente chinês ao Twitter -, Zhang destacou que a experiência constituiu uma resposta “perfeita” ao desejo da China de interagir com o exterior, enquanto a pandemia perdurar. Não há relato de casos de contágio entre a ‘bolha’ e a população de Pequim.

As fronteiras da China permanecem fechadas para visitantes estrangeiros não residentes. Quem chega ao país tem que cumprir quarentena, de pelo menos 14 dias, num hotel designado pelo governo.

A lição dos Jogos Olímpicos de Inverno está no “cancelamento da quarentena para viagens internacionais, em determinadas circunstâncias”, superando assim o “desequilíbrio” entre as diferentes estratégias de prevenção de cada país, apontou Zhang.

O especialista espera que a experiência dos Jogos possa ser estendida a “intercâmbios políticos, económicos e académicos”, para “promover a interação” entre a China e o exterior.

O epidemiologista é um dos mais conhecidos especialistas em saúde do país asiático e tem mais de quatro milhões de seguidores no Weibo.

Enquanto alguns países como a Austrália ou Singapura relaxaram as suas estratégias de tolerância zero contra a covid-19, a China continua inflexível, restringindo a movimentação e realizando campanhas massivas de testes e confinamentos sempre que um surto é detetado.

Segundo as contas das autoridades chinesas, desde o início da pandemia, 108.194 pessoas foram infetadas no país, entre as quais morreram 4.636.

23 Fev 2022

Hong Kong vai distribuir até 10 mil dólares de HK a residentes para estimular consumo

Hong Kong anunciou hoje que vai distribuir vales eletrónicos até 10 mil dólares de Hong Kong à população para estimular o consumo, quando atravessa a pior vaga da covid-19 desde o início da pandemia.

O programa, no valor de 66,4 mil milhões de dólares de Hong Kong, faz parte do orçamento da região para 2022, apresentado pelo secretário das Finanças do governo local, Paul Chan.

O orçamento inclui ainda um “fundo antipandemia” de 64 mil milhões de dólares de Hong Kong e uma verba de 20 mil milhões de dólares para apoiar pessoas e empresas mais afetadas pelos surtos.

Com cerca de sete milhões de habitantes, a região enfrenta uma quinta vaga de infeções pelo novo coronavírus, a pior desde o início da pandemia, com milhares de casos todos os dias.

Chan garantiu que Hong Kong vai “controlar gradualmente” a propagação da covid-19, algo que permitirá também o reinício das viagens sem quarentena de e para a China e região vizinha de Macau, suspensas desde março de 2020.

O secretário das Finanças expressou confiança na recuperação do consumo e do investimento e previu que as medidas de estímulo fiscal agora anunciadas vão permitir à economia acelerar na segunda metade do ano.

Num discurso sobre os orçamentos da cidade para 2022 e 2023, Chan previu que a economia deverá crescer entre 2% e 3,5%, uma desaceleração significativa, justificada com uma base comparativa mais forte.

O produto interno bruto (PIB) da região chinesa cresceu 6,4% em 2021, após ter contraído 6,1% em 2020, devido ao impacto da pandemia.

Macau anunciou, em abril de 2021, uma segunda ronda de apoios ao consumo no valor total de 5,88 mil milhões de patacas, dando aos residentes subsídio de cinco mil patacas e a um montante de três mil patacas em descontos imediatos, através de pagamento móvel ou de um cartão eletrónico.

23 Fev 2022

Covid-19 | Hong Kong impõe três testes obrigatórios a todos os residentes

Toda a população de Hong Kong deve submeter-se a três testes de despistagem à covid-19 em março, anunciou ontem a líder do executivo da região administrativa especial chinesa, que atravessa a pior vaga desde o início da pandemia.

“Aqueles que não se submeterem ao teste serão responsabilizados”, disse Carrie Lam, ao mesmo tempo que comunicava que os funcionários da China continental estavam agora a coordenar a política de luta contra a doença covid-19 no território.

A cidade de Hong Kong, uma das mais densamente povoadas do mundo, enfrenta uma quinta vaga de infeções pelo novo coronavírus, a pior desde o início da pandemia, com milhares de casos todos os dias.

“O rápido agravamento da epidemia excedeu em muito a capacidade do governo de Hong Kong para enfrentar esta situação. O apoio do governo central é, portanto, essencial para combater o vírus”, afirmou Carrie Lam aos jornalistas, acrescentando que o chefe do gabinete de ligação de Pequim, Xi Baolong, será o responsável pela política de saúde do território.

Segundo as novas regras, os 7,4 milhões de residentes terão de se submeter a três rondas de testes obrigatórios em março.

Os testes vão ser repartidos por vários dias e os residentes terão também de se submeter diariamente a testes rápidos de antigénios em casa.

As escolas e muitas atividades comerciais, tais como ginásios, bares e salões de beleza, vão permanecer fechados até ao final de abril, enquanto os estabelecimentos de ensino vão ser transformados em centros de testes.

Os voos de nove países, incluindo Reino Unido, Estados Unidos e França, continuam interditos.

Carrie Lam confirmou também que Hong Kong se vai manter fiel a uma política de isolamento de pessoas que apresentem testes positivos à covid-19, mesmo as assintomáticas, em centros de quarentena construídos com a ajuda das autoridades chinesas.

23 Fev 2022

MNE chinês mantém conversa telefónica com Secretário de Estado dos EUA

Wang Yi chamou a atenção a Blinken para o facto dos EUA dizerem uma coisa e fazerem outra, o que poderá levar a um “confronto total”

 

O Conselheiro de Estado chinês e Ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi teve ontem, terça-feira, uma conversa telefónica com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que felicitou a China pelo sucesso dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim e os atletas chineses pelas suas grandes realizações.

Enquanto estendia as suas felicitações aos atletas americanos pelos seus bons desempenhos nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, Wang disse que os atletas chineses e americanos demonstraram plenamente o espírito olímpico através da interacção amigável, encorajamento mútuo e melhoria comum.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse que o mais importante para compreender e fazer progredir as relações China-EUA é implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado. Wang sublinhou que a China está disposta a gerir eficazmente as diferenças e a estabilizar as relações China-EUA, de acordo com os três princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação vantajosa para ambas as partes apresentados pelo presidente Xi Jinping.

De acordo com Wang, os Estados Unidos lançaram recentemente a chamada nova versão da “Estratégia Indo-Pacífico”, listando publicamente a China como o principal desafio regional, e tentou incluir a estratégia de “utilizar Taiwan para conter a China” na estratégia regional dos EUA, o que está obviamente a enviar um sinal errado de confronto e de contenção da China.

“Uma vez que há competição e cooperação entre a China e os Estados Unidos, as relações bilaterais não podem ser definidas simplesmente pela competição”, disse Wang, acrescentando que “alguns funcionários norte-americanos tropeçaram numa competição feroz a longo prazo com a China, que é susceptível de evoluir para um confronto total entre a China e os Estados Unidos”.

“A China insta o lado americano a tomar medidas concretas para honrar os compromissos assumidos pelo Presidente Biden”, observou Wang, acrescentando que “Washington não pode dizer uma coisa, fazer o contrário, comer as suas palavras ou não mostrar credibilidade”.

O diplomata chinês disse também que o 50º aniversário do Comunicado de Xangai chegará dentro de poucos dias, cujo espírito ainda hoje tem um grande significado realista para as relações China-EUA, manifestando a esperança de que os Estados Unidos se mantenham fiéis à aspiração original de quebrar o gelo entre os dois países, regressem a uma percepção racional e pragmática da China e empurrem conjuntamente as relações bilaterais de volta ao caminho certo para um desenvolvimento saudável e estável.

Pela sua parte, Blinken disse que, como o Presidente Biden disse muitas vezes, “os Estados Unidos não procuram uma nova Guerra Fria ou mudar o sistema da China, acrescentando que se opõe à ‘independência de Taiwan’ e não tem qualquer intenção de conflito ou confronto com a China”.

Ucrânia na mesa

A pedido de Antony Blinken a questão da Ucrânia e a questão nuclear da Península Coreana, também foram debatidas. Blinken informou Wang sobre as opiniões e posição dos EUA sobre a situação actual na Ucrânia. Wang disse que a China está “preocupada com o desenvolvimento da questão e que a sua posição tem sido consistente”.

“As legítimas preocupações de segurança de qualquer país devem ser respeitadas e os objectivos e princípios da Carta das Nações Unidas devem ser mantidos”, acrescentou, atribuindo a questão da Ucrânia ao atraso na implementação efectiva do novo acordo de Minsk. Wang afirmou que o lado chinês continuará a manter contactos com todas as partes.

Notando que a situação na Ucrânia está a piorar, Wang disse que “a China mais uma vez exortou todas as partes a exercer contenção, reconhecer a importância da implementação do princípio da segurança indivisível, e a desanuviar a situação e a restaurar as diferenças através do diálogo e da negociação”.

Coreia, nuclear Coreia

Blinken também actualizou Wang sobre as últimas relações entre os Estados Unidos e a República Popular Democrática da Coreia (RPDC). Wang disse que o problema entre os Estados Unidos e a RPDC está no centro da questão nuclear da Península Coreana, observando que o lado americano deveria atribuir importância às preocupações legítimas e razoáveis da RPDC e tomar medidas substanciais.

A China representa conversações directas entre os Estados Unidos e a RPDC e, como sempre, desempenhará um papel construtivo na promoção da resolução da questão nuclear da Península Coreana.

23 Fev 2022

Deputados dizem que famílias estão abertas à vacinação dos filhos

Dois deputados afirmaram ontem, à margem do almoço de ano novo chinês da Assembleia Legislativa, que a abertura dos pais à vacinação dos filhos contra a covid-19 tem sido grande e que a situação pandémica em Hong Kong trouxe uma maior preocupação às famílias ou mulheres grávidas.

Kou Kam Fai, também director da escola Pui Ching, disse que oito por cento dos alunos do ensino infantil e primário desta instituição de ensino já foi vacinado contra a covid-19. O responsável referiu que os pais têm reagido bem ao apelo da vacinação dos filhos.

“A Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) emitiu um aviso sobre o surto de Hong Kong. Já tínhamos aberto as inscrições [para a vacinação] três dias antes e cerca de 40 por cento dos pais com filhos dos 3 aos 12 anos demonstra vontade em vaciná-los. Se houver um grande número de inscrições as vacinas serão administradas dentro das escolas. A reacção dos pais é melhor do que as nossas previsões, talvez tenham receio do surto”, frisou.

Acima dos 90 por cento

Por sua vez, Ma Io Fong, deputado e docente na Escola de Talentos Anexa à Escola Hou Kong, disse que “a divulgação da vacinação nas escolas e sector educativo tem sido bem sucedida” e que os pais têm mostrado uma grande receptividade à vacinação dos filhos, tendo em conta a explosão de casos de covid-19 no território vizinho.

“O Governo lançou uma medida para que os funcionários públicos tenham uma folga para acompanhar os filhos na vacinação, o que é uma política de incentivo. Espero que haja mais medidas de incentivo no futuro para que a taxa de vacinação possa ficar acima dos 90 por cento”, defendeu.

Ma Io Fong referiu mesmo que “surgiram mais preocupações” devido à situação em Hong Kong, nomeadamente por parte de mulheres grávidas que desejam vacinar-se. “Não recebi, até à data, queixas de famílias sobre a vacinação obrigatória dos alunos. O Governo pode divulgar mais dados sobre as vacinas para que as famílias tenham mais confiança”, adiantou.

23 Fev 2022

AL | Balanço dos meses inaugurais de uma legislatura só com patriotas

O novo elenco da AL materializa o princípio “Macau governado por patriotas”, facto destacado por Kou Hoi In no tradicional Almoço de Primavera dos membros do hemiciclo com os média locais. Vong Hin Fai dá conta de um ambiente diferente, enquanto Pereira Coutinho afirma que o trabalho dos deputados pró-democracia recai agora nos legisladores da Nova Esperança. O HM falou com veteranos e novatos nas lides legislativas sobre a adaptação às funções e os principais desafios que se avizinham

 

“No seguimento da realização bem-sucedida das eleições para a VII Legislativa desta Câmara, os assentos parlamentares passaram a ser preenchidos na sua totalidade por figuras patrióticas, materializando, deste modo, o princípio de ‘Macau governado por patriotas’”, afirmou ontem Kou Hoi In, presidente da Assembleia Legislativa (AL). As palavras do deputado que dirige a casa das leis foram proferidas ontem na abertura do tradicional Almoço de Primavera que reuniu deputados e representantes os órgãos de comunicação social.

Além do habitual balanço contabilístico com a apresentação do número de leis aprovadas, interpelações apresentadas e outros trabalhos afins, a tónica do discurso de Kou Hoi In, e das declarações de deputados recolhidas pelo HM, virou-se para os desafios que a RAEM tem pela frente e da nova Era em que a AL entrou deste as últimas eleições legislativas, marcadas pelo afastamento da ala democrata do hemiciclo.

Neste sentido, o veterano Vong Hin Fai deu conta das distinções sentidas nos primeiros quatro meses da nova legislatura. “No passado também houve cooperação saudável, mas o ambiente agora é diferente, porque neste mandato os candidatos são todos patriotas, desse modo o ambiente é algo diferente”, afirmou o legislador, denotando que os novos colegas “estão a ser integrados no ambiente de trabalho”.

Pereira Coutinho também mencionou a mudança de paradigma no hemiciclo. “Parte do volume de trabalho dos deputados democratas está centralizado em nós, nos deputados da Nova Esperança, embora o meu colega também se esteja a adaptar à AL”, revelou o deputado acrescentando que esta será “certamente” uma legislatura especial e difícil.

Primeiros passos

O segundo deputado eleito pela lista liderada por Pereira Coutinho, o estreante Che Sai Wang, relevou ao HM que a realidade que encontrou nos trabalhos legislativos excedeu as suas expectativas. “Sinto-me bem nesta legislatura. Antes de me candidatar às eleições, achava que as vozes na AL não tinham grande eco”, declarou.

Porém, a experiência dos primeiros quatro meses como legislador revelou a Che Sai Wang que a maioria dos seus colegas de hemiciclo transmite “os pontos de vista da população”, num leque vasto de aspectos sócio-económicos em que a governação pode influenciar a vida dos residentes.

Ron Lam U Tou é outra das caras novas do elenco de deputados da nova legislatura, e um dos mais críticos da acção governativa desde que tomou posse. Em declarações ao HM, o deputado comprometeu-se em trabalhar arduamente, apesar de ainda estar em período de ambientação às novas funções que desempenha. “Estou a par do que tenho de fazer e das funções que tenho, mas ainda estou a tentar adaptar-me à vida de deputado. Vou tentar participar em todas as reuniões das comissões permanentes e do plenário para ouvir as políticas do Governo e questioná-las detalhadamente”, prometeu.

O que aí vem

Kou Hoi In lançou os dados para o futuro dos trabalhos legislativos, tarefas que se interceptam com as políticas seguidas pelo Executivo de Ho Iat Seng. “Para o futuro, antevê-se que a tarefa da Assembleia Legislativa será de uma dificuldade e complexidade acrescidas, pelo que nos comprometemos a trabalhar em sintonia com o Governo da RAEM na aceleração do processo da diversificação económica, na optimização das infra-estruturas relacionadas com a vida da população, no aprofundamento da reforma administrativa e na promoção da construção da zona de cooperação aprofundada na Ilha de Hengqin”, afirmou o presidente da AL.

Outro dos objectivos próximos, prende-se com a reforma do regime jurídico que regula o sector económico predominante em Macau. “A AL compromete-se a dar todo o seu contributo para o desenvolvimento saudável e ordenado da indústria do jogo”, afirmou Kou Hoi In.

Neste aspecto, Vong Hin Fai fez eco das projecções de Kou Hoi In. “Penso que o maior desafio que temos pela frente é diversificar a economia da RAEM na sequência da pandemia. Outro, é a integração da RAEM na Grande Baía, principalmente no desenvolvimento da zona de cooperação aprofundada em Hengqin”, afirmou o deputado, referindo também o papel de intercâmbio de Macau nas relações entra a China e os países lusófonos.

Olhando para o passado recente, o presidente da AL fez um balanço positivo da legislatura anterior, realçando “o carinho e o apoio sempre dispensados pelo Governo Central e pelo Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM” e agradeceu o trabalho e esforço de deputados e pessoal de apoio técnico aos trabalhos legislativos.

Ma Chi Seng | Pelo desenvolvimento do desporto

Ma Chi Seng, deputado nomeado pelo Chefe do Executivo, acredita a actual Legislatura e a organização, em Macau, Hong Kong e Cantão, dos Jogos Nacionais em 2025 são uma excelente oportunidade para desenvolver o desporto local.

“Como deputado dou todo o apoio à realização dos Jogos Nacionais. Queremos aproveitar esta oportunidade para que a organização na Grande Baía se destaque e que Macau assuma bem o seu papel”, disse o deputado, ao HM. “Temos de promover mais o desporto em Macau, e acredito que o evento é uma oportunidade para criar mais instalações e lançar novas competições em Macau. O evento pode ser muito bem aproveitado para aumentar o nível dos nossos atletas e atrair mais turistas”, acrescentou.

Lo Choi In | Emprego e diversificação da economia prioritários

Assegurar a diversificação da economia e garantir o emprego e a sobrevivência das Pequenas e Médias Empresas (PME), são as principais prioridades para a deputada Lo Choi In, que se estreia no hemiciclo eleita com o apoio da comunidade de Jiangmen.

“Sabemos que a economia está numa fase negativa e é preciso ouvir diversos sectores para lidar com os problemas de emprego e subemprego”, reconheceu Lo, ao HM. “Sei que fui eleita para representar a população e como tenho formação em economia, tenho de procurar dar respostas aos problemas que a população enfrenta, principalmente o desemprego, assim como a sobrevivência das Pequenas e Médias Empresas”, acrescentou.

Sobre a diversificação, que diz ir resolver os problemas do desemprego, numa fase em que o turismo está numa época baixa, Lo aponta o Interior como a “salvação”.

A deputada acredita que a estratégia tem de passar pelo “comércio electrónico transfronteiriço”, com a RAEM a vender mais produtos no Interior. Lo indicou os produtos característicos de Macau, os alimentos feitos localmente e ainda os produtos culturais e turísticos como os que têm maior hipóteses de ser bem-sucedidos e que devem ser a aposta. Nesse sentido, defende que os deputados têm de pressionar o Governo para agilizar a desalfandegamento de produtos Macau no Interior e, em especial, na Grande Baía e na Zona de Cooperação na Ilha da Montanha.

Numa segunda fase, com o fim das medidas pandémicas, a deputada acredita que as exportações, a serem competitivas no Interior, poderiam também ser populares em outros mercados asiáticos.

23 Fev 2022

Ron Lam | Característica sino-portuguesa de Macau é um ‘slogan’

Ron Lam U Tou disse ontem à Lusa que a característica sino-portuguesa de Macau é apenas um ‘slogan’ do Governo e que a redução da comunidade lusófona é uma tendência crescente. “A comunidade portuguesa tem vindo a declinar em Macau nos últimos anos, e é uma tendência, uma realidade”, vincou ainda Lam U Tou.

Segundo os dados oficiais enviados pelas autoridades à Lusa, mais de 1.600 pessoas com passaporte português abandonaram o território nos últimos dois anos.

Apesar dos números, Lam U Tou defendeu que, “com quase 400 anos de interacção entre Portugal e Macau, um curto período de mudança no fluxo de pessoas ‘não significa eternidade’”. E que “Macau terá sempre as suas raízes”, sublinhou.

O deputado afirmou ainda que “factores políticos e internacionais” terão levado a comunidade portuguesa a sair de Macau, algo que disse compreender. “Espero que o Governo de Macau aborde estas preocupações, defendendo o princípio de “Um País, Dois Sistemas” e a segurança nacional, e que as características de Macau sejam verdadeiramente mantidas”, acrescentou. “No entanto, existem agora muitos conflitos ideológicos”, salientou.

Por outro lado, sustentou que o desenvolvimento da Área da Grande Baía não significa que as características de Macau serão apagadas. “Não só esperamos que a comunidade de Macau tenha a sua própria identidade com a Área da Grande Baía, mas também esperamos que a comunidade portuguesa mantenha a sua identidade e tenha o seu próprio posicionamento e identidade no desenvolvimento” neste projecto, concluiu.

23 Fev 2022

Ucrânia | Acções asiáticas descem com mobilização do exército russo para “manutenção da paz”

As acções caíram hoje na Ásia e o petróleo atingiu o valor mais alto desde 2014, depois de o Presidente da Rússia ter mobilizado o exército para a “manutenção da paz” em territórios separatistas da Ucrânia.

No Japão, a bolsa de Tóquio fechou em baixa, com o principal índice, o Nikkei, a perder 1,71%, para 26.449,61 pontos. No fecho da sessão, o segundo indicador, o Topix, desceu 1,55%, para 1.881,08 pontos.

Os gigantes tecnológicos japoneses foram dos mais afetados pela descida, com a Sony a cair 2,64% e os fabricantes de componentes para semicondutores Lasertec e Tokyo Electron a perder 3,37 % e 4,04 %, respetivamente.

Na Coreia do Sul, o Kospi, o principal índice da bolsa de Seul, perdeu 1,35%, enquanto na Austrália o índice S&P/ASX 200 caiu 1%. A principal bolsa da China continental, em Xangai, fechou também em baixa, com o índice SSE Composite a descer 0,96%. A uma hora do fecho da sessão, o Hang Seng, o principal índice da bolsa de Hong Kong, estava a cair 2,92%.

A cotação do barril de petróleo Brent para entrega em abril abriu em alta, esta manhã, subindo 2% no mercado de futuros de Londres, para 97,33 dólares, o que representa um novo máximo desde setembro de 2014.

No fecho da sessão da véspera, as principais bolsas europeias terminaram no ‘vermelho’ na segunda-feira, penalizadas pelo agravamento da crise ucraniana. O DAX da Alemanha recuou 2,1%. Em Paris, o CAC 40 em Paris caiu 2%. O FTSE 100 do Reino Unido caiu 0,3%.

A bolsa russa caiu mais de 13% na segunda-feira e abriu hoje a perder mais de 8%. O rublo também se desvalorizou 3,2%, com um dólar a valer 79,12 rublos e um euro a 89,5 rublos.

Os mercados dos EUA estiveram fechados na segunda-feira devido ao feriado do Dia dos Presidentes.

Na segunda-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a mobilização do exército para a “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.

Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que “as Forças Armadas da Rússia [assumam] as funções de manutenção da paz no território” das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

O anúncio de Putin gerou, de forma imediata, uma onda de condenações da parte dos principais atores internacionais implicados na crise da Ucrânia e que apoiam Kiev, nomeadamente os Estados Unidos, a NATO e a EU, assim como da Austrália, Canadá e Japão.

Nos últimos dias, o clima de tensão agravou-se ainda mais perante o aumento dos confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, na região do Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

22 Fev 2022

China pede “contenção” a todas as partes sobre situação na Ucrânia

A China pediu hoje a todas as partes envolvidas na crise ucraniana que “mostrem moderação”, após o anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, do envio de tropas para duas regiões separatistas na Ucrânia.

“Todas as partes envolvidas devem exercer moderação e evitar qualquer ação que possa alimentar as tensões”, disse Zhang Jun, embaixador da China na ONU, numa reunião de emergência do Conselho de Segurança sobre a Ucrânia.

Numa rara reunião noturna do órgão mais poderoso da ONU, a maioria dos membros do Conselho de Segurança condenou a decisão do Presidente russo, Vladimir Putin, de reconhecer a independência de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.

A secretária-geral adjunta da ONU para os Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, “lamentou profundamente” a iniciativa.

“As próximas horas e [os próximos] dias serão críticos. O risco de um grande conflito é real e deve ser evitado a todo o custo”, disse a norte-americana.

Vladimir Putin ordenou na segunda-feira a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.

Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que “as Forças Armadas da Rússia [assumam] as funções de manutenção da paz no território” das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

O anúncio de Putin gerou, de forma imediata, uma onda de condenações da parte dos principais atores internacionais implicados na crise da Ucrânia e que apoiam Kiev, nomeadamente os Estados Unidos, a NATO e a EU, assim como da Austrália, Canadá e Japão.

Nos últimos dias, o clima de tensão agravou-se ainda mais perante o aumento dos confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, na região do Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

22 Fev 2022

Relações China – EUA mais tensas do que nunca, 50 anos após a visita de Nixon a Pequim

A visita do antigo presidente dos Estados Unidos Richard Nixon a Pequim, no auge da Guerra Fria, transformaria as relações entre Pequim e Washington e a posição da China no mundo, de forma impensável na altura.

A relação entre Pequim e Washington foi sempre complexa e, após meio século de altos e baixos, está hoje mais tensa do que nunca. A Guerra Fria acabou, mas, em ambos os lados, há receios de que uma nova esteja a começar.

Os Estados Unidos temem que a ordem liberal que triunfou sobre a União Soviética possa ser desafiada pelo modelo autoritário de uma China poderosa e em ascensão.

“A relação EUA – China sempre foi controversa, mas necessária”, disse Oriana Skylar Mastro, especialista em assuntos da China da Universidade de Stanford, citada pela Associated Press.

“Talvez há 50 anos as razões fossem sobretudo económicas. Agora, pertencem principalmente ao domínio da segurança. Mas o relacionamento nunca foi – e nunca será – fácil”, frisou.

Nixon desembarcou em Pequim numa manhã cinzenta de inverno há precisamente 50 anos. Nas ruas, cartazes envergavam mensagens como “Abaixo o Imperialismo Americano”, parte da Revolução Cultural, a campanha de massas que enviou intelectuais e estudantes para o campo e submeteu muitos à humilhação pública e ataques brutais, e até mortais, em nome da luta de classes.

A viagem de Nixon, em 1972, incluiu reuniões com o fundador da República Popular, Mao Zedong, e uma visita à Grande Muralha, levando ao estabelecimento de relações diplomáticas, em 1979, e ao corte dos laços formais entre Washington e Taiwan, que os EUA reconheciam então como o legítimo governo da China, após o Partido Comunista Chinês conquistar o poder no continente chinês, em 1949.

O tradutor do primeiro-ministro Zhou Enlai escreveu num livro de memórias que Nixon disse, ao chegar a Pequim, “esta mão estende-se pelo Oceano Pacífico em amizade” enquanto apertava a mão de Zhou.

Para ambos os lados, foi uma amizade nascida das circunstâncias, em vez de lealdades naturais.

A relação entre a China e a União Soviética, ex-aliados comunistas, atravessava então um período de tensão, marcado por confrontos, ao longo da fronteira, em 1969. Mao via os Estados Unidos como um contrapeso, face à ameaça de invasão soviética.

Nixon estava a tentar isolar a União Soviética e sair da prolongada e sangrenta guerra no Vietname, que dividiu a sociedade norte-americana. Ele esperava que a China, aliada do Vietname do Norte, pudesse desempenhar um papel na resolução do conflito.

O presidente dos EUA colocou-se “numa posição de suplicante”, disse June Teufel Dreyer, especialista em política chinesa da Universidade de Miami, citado pela AP.

A imprensa estatal chinesa promoveu a ideia de que uma “China próspera seria uma China pacífica” e que o país era um grande mercado para as exportações norte-americanas, descreveu.

Mas, primeiro, os EUA tornaram-se um enorme mercado para a China, impulsionando a ascensão meteórica do país asiático, de uma nação empobrecida para a segunda maior economia do mundo.

A visita de Nixon foi um “evento crucial que deu início à reviravolta da China e à sua subsequente ascensão global”, notou Dali Yang, da Universidade de Chicago, autor de vários livros sobre política e economia do país asiático.

Dois anos após a morte de Mao Zedong, em 1976, o novo líder chinês Deng Xiaoping inaugurou uma era de liberalização económica, criando um sistema capitalista, liderado pelo Estado e governo de partido único, e que perdura até hoje.

A riqueza da China permitiu uma grande expansão das suas forças armadas, que os EUA e seus aliados veem hoje como uma ameaça.

O Partido Comunista diz que quer apenas defender o seu território. Isto inclui, no entanto, tentar controlar ilhas também reivindicadas pelo Japão, no Mar do Leste da China, e por nações do Sudeste Asiático, no Mar do Sul da China.

O exército chinês envia também frequentemente aviões de guerra em missões de treino para Taiwan, uma fonte de atrito com os Estados Unidos.

A China reivindica como seu aquele território. Os EUA fornecem equipamentos militares a Taiwan e alertaram a China contra qualquer tentativa de reunificar a ilha através do uso da força.

Embarcar no processo de trazer a China de volta para o mercado internacional foi a decisão certa, mas o último meio século ainda não colocou as relações num caminho estável, disse Rana Mitter, professora de história chinesa e política moderna da Universidade de Oxford.

“Os EUA e a China ainda não conseguiram descobrir exatamente como encaixar um no outro, num mundo onde ambos têm um papel, mas acham cada vez mais difícil acomodarem-se”, disse.

As autoridades chinesas veem a visita de Nixon como um momento em que os dois países procuraram manter uma comunicação e compreensão mútuas, apesar das suas diferenças, apontou Zhu Feng, reitor da Escola de Estudos Internacionais da Universidade de Nanjing, afirmando que essa mesma abordagem é hoje fundamental, para superar o atual impasse.

Embora a sua viagem à China tenha dado vantagem aos EUA na rivalidade da Guerra Fria com a União Soviética, Washington enfrenta agora um novo cenário geopolítico – com ecos do passado.

A União Soviética colapsou, mas os líderes russo e chinês, Vladimir Putin e Xi Jinping, respetivamente, estão a aproximar-se, à medida que reagem contra a pressão dos EUA sobre os seus modelos autoritários.

A Guerra do Vietname acabou, mas a sociedade norte-americana está hoje outra vez dividida, desta vez por causa da resposta à pandemia e da ascensão do populismo.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que deseja um relacionamento mais previsível com a China, mas persistem grandes diferenças sobre comércio e direitos humanos, tornando muito mais difícil encontrar esse entendimento mútuo.

A perspetiva de estabilidade de longo prazo nos laços firmados pela visita de Nixon parece estar cada vez mais fora de alcance.

“As relações China – EUA atravessam um momento terrível”, disse Xiong Zhiyong, professor de relações internacionais da Universidade de Relações Internacionais da China. “Há, de facto, pessoas que desejam melhorar as relações, mas é muito difícil consegui-lo”, argumentou.

22 Fev 2022

DSAL | Contratados mais de 600 residentes desde Dezembro 

Dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) revelam que desde Dezembro foram contratados um total de 610 residentes no âmbito das 24 acções de promoção de emprego organizadas pelo Governo.

A DSAL adiantou que as razões pelas quais alguns candidatos não conseguiram uma vaga de emprego prende-se com o facto de “a maioria não estar interessada no tipo de trabalho por não se ter adaptado à evolução do mercado de emprego e por não estarem psicologicamente preparados para a mudança de trabalho”.

A DSAL prepara-se para organizar, dia 25, uma palestra de emprego intitulada “Nova partida”, que conta com a colaboração de uma empresa. As inscrições já estão abertas, sendo que o evento decorre no Centro de Formação de Segurança e Saúde Ocupacional da DSAL, na rua de Francisco Xavier Pereira. Nesta sessão, “as vagas irão estar ligadas principalmente aos serviços de restauração e operação hoteleira, bem como serviços de entretenimento e recreativos intermédio, de topo de gama e outros”.

Serão aceites candidaturas nas áreas do marketing, gestão, manutenção e reparação de instalações, além de que “serão apresentadas as perspectivas de desenvolvimento desses cargos e as oportunidades de ascensão profissional” para quem quer mudar de emprego.

22 Fev 2022

Avião aterra de emergência na China após janela na cabine rachar

Um avião da empresa chinesa Juneyao Airlines foi forçado a fazer uma aterragem de emergência, depois de uma das janelas da cabine ter começado a rachar, a meio do voo, informou hoje o portal de notícias económicas Yicai.

O incidente ocorreu na noite de sábado na China, no voo HO1231, que percorria a rota entre as cidades de Xangai (leste) e Chengdu (centro) e as causas ainda não foram determinadas.

A camada externa do vidro, na parte traseira esquerda do assento do piloto, rachou, forçando a tripulação a fazer um pouso de emergência no aeroporto de Wuhan.

O incidente obrigou o avião a descer mais de 4.300 metros de altitude em sete minutos. Trata-se de um Airbus A320-200, com quase 13 anos de serviço, modelo que possui até seis camadas no vidro da cabine. Esta não é a primeira vez que um incidente como este forçou uma aterragem de emergência na China.

O caso mais conhecido ocorreu em maio de 2018, quando uma das janelas dianteiras da cabine se desprendeu a mais de 9.000 metros de altitude, sem no entanto causar vítimas, acabando o incidente por ser retrato num filme chamado ‘El Capitan’.

21 Fev 2022

Fórum Macau | Secretário-geral reúne com Wong Sio Chak

O recém nomeado secretário-geral do Fórum Macau, Ji Xianzheng, reuniu na última quinta-feira com Wong Sio Chak, secretário para a Segurança.

Segundo uma nota de imprensa, Ji Xianzheng agradeceu o apoio desta tutela do Governo para a realização das próximas conferências ministeriais do Fórum. Além disso, o responsável adiantou que o Fórum Macau “continuará a aproveitar, em articulação com o Segundo Plano Quinquenal da RAEM, as oportunidades emergentes através da construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e em particular, da construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

A ideia é “elevar a cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa a um novo patamar e dar maior contributo para a diversificação adequada da economia de Macau”. Por sua vez, Wong Sio Chak “manifestou disponibilidade para continuar a dar apoio e coordenação aos trabalhos do Secretariado Permanente [do Fórum]”.

20 Fev 2022

Pandemia | Chefe do Executivo destaca circulação normal com Zhuhai

Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, reuniu na sexta-feira com Lu Yuin, secretário do comité municipal de Zhuhai do Partido Comunista Chinês (PCC), tendo dito que, mesmo em cenário de pandemia, “as duas cidades têm mantido a circulação entre si normal, registando um número médio de mais de 300 mil pessoas diariamente nos postos fronteiriços”.

Ho Iat Seng disse também que o objectivo é manter a comunicação e coordenação no que diz respeito às medidas de controlo da pandemia, a fim de “garantir a normalidade e segurança do movimento entre os postos fronteiriços de Macau e Zhuhai”.

Sobre a Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin, Ho Iat Seng diz que a sua construção “começou de forma positiva e decorre num ritmo ideal”. Tendo em conta que Macau “registou uma redução no número de turistas, o que teve um impacto na economia”, existe agora a “necessidade de impulsionar a cidade de forma mais activa, para garantir o desenvolvimento da diversificação adequada da economia”, referiu Ho Iat Seng.

Este agradeceu o apoio concedido por Zhuhai “no crescimento das indústrias em Hengqin, o que tem contribuído para diversificar a economia de Macau”, além de que a cidade chinesa vizinha “ tem assegurado o abastecimento diário de alimentos frescos e vivos assim como produtos agrícolas, a fim de manter a estabilidade do mercado de Macau”.

Lu Yuin garantiu que Zhuhai “continuará a insistir na boa realização dos trabalhos de prevenção e controlo mútuo [da pandemia], destacando as indústrias como um dos pontos importantes do desenvolvimento de Zhuhai, nos próximos anos”. Trata-se de algo que irá servir “para consolidar o próprio crescimento [de Zhuhai] bem como melhor apoiar a diversificação económica” de Macau.

20 Fev 2022

SMG | Temperaturas abaixo dos 10 graus na próxima semana

Previsões dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) apontam para uma quebra de temperaturas abaixo dos 10 graus Celsius nos próximos dias devido à passagem de uma forte monção pelo território.

Segundo um comunicado, prevê-se “a duração prolongada do vento forte, com tempo muito nublado e chuvoso”. Desta forma, os Serviços de Saúde de Macau lançaram um alerta sobre os riscos de hipotermia em idosos, crianças e doentes crónicos, apelando à adopção de medidas preventivas.

20 Fev 2022

“Jurisdição geral” de Pequim essencial para “novo capítulo” em Macau, diz Gabinete de Ligação

O Gabinete de Ligação do Governo chinês em Macau sublinhou a defesa da “jurisdição geral” de Pequim como o primeiro de quatro pontos para “escrever um novo capítulo” na aplicação do princípio ‘um país, dois sistemas’ no território.

O diretor do Gabinete, Fu Ziying, adiantou que para assegurar que o princípio ‘um país, dois sistema’ é implementado na “direção certa e de forma correta, estável e sustentável” é ainda necessário “defender a ordem constitucional” tal como definido na Constituição da China e na Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau [RAEM], bem como “salvaguardar a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento” chinês, bem como esta é uma “conclusão importante tirada da experiência histórica desde o retorno de Hong Kong e Macau à pátria”, de acordo com um comunicado hoje enviado à Lusa.

O responsável, que falava numa receção organizada pelo Gabinete por ocasião da festa da primavera, defendeu também a necessidade de “consolidar a base do desenvolvimento de Macau”, esperando que “todos possam promover o desenvolvimento saudável e ordenado do setor do jogo, explorar ativamente o desenvolvimento de indústrias diversificadas, tentar formar um enquadramento industrial razoável”, uma vez ultrapassado o impacto da pandemia da covid-19 que “ainda existe”.

É ainda fundamental “aproveitar bem as vantagens únicas de Macau”, que é “uma ponte de ligação entre o Oriente e o Ocidente, aberta ao mundo exterior, e tem desempenhado um papel de portal na abertura da China nos dois sentidos”, afirmou.

O diretor do Gabinete de Ligação destacou uma participação ativa nas iniciativas chinesas ‘Uma Faixa, Uma Rota’, a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin [ilha da Montanha] “para dar um novo vigor à prosperidade e estabilidade a longo prazo de Macau, e contribuir para a reunificação nacional e o rejuvenescimento da nação chinesa”.

Neste desígnio, Fu Ziying considerou ser “preciso promover a passagem do patriotismo de geração em geração”, esperando que todos possam continuar a consolidar, promover e transmitir a tradição, alcançar a unidade mais ampla sob a bandeira de ‘amar a Pátria, amar Macau e apoiar o Partido Comunista da China'”.

Na mesma ocasião, o chefe do executivo de Macau, Ho Iat Seng, disse que 2021 “foi um ano manifestamente invulgar”, dominado pelas ações de prevenção e controlo da pandemia da covid-19 e as de recuperação sócio-económica.

Este ano “traz novas oportunidades e também novos desafios” que devem levar a “novas ações e criar novos cenários”, salientou.

18 Fev 2022