Andreia Sofia Silva EventosHistória | Batalha de 24 Junho de 1622 recordada com lançamento de site Mariana Pereira, arqueóloga e doutoranda em património cultural, criou um website para recordar e reunir dados sobre a batalha de 24 de Junho de 1622, quando os portugueses impediram a invasão de Macau por forças holandesas. O projecto, que fica hoje online, tem o apoio do Instituto Internacional de Macau É hoje oficialmente lançado o website dedicado à batalha travada em Macau a 24 de Junho de 1622, quando portugueses derrotaram as holandesas que tentavam invadir o território. O projecto é apoiado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), mas nasce da iniciativa de Mariana Pereira, macaense e arqueóloga, actualmente a fazer um doutoramento na área do património cultural. “Espero que no futuro esta seja uma plataforma onde se possa colocar informação disponível sobre o 24 de Junho, que se desdobra em muito mais do que aquilo que as pessoas veem e as celebrações que decorrem”, defendeu ao HM. O projecto vai estar disponível em português, chinês e inglês e visa reunir memórias, fotografias, estudos e outras informações históricas dispersas sobre este evento histórico, mas que é também uma demonstração da identidade local. Segundo Mariana Pereira, existem “vários tipos de 24 de Junho”. “O que está a acontecer é que o 24 de Junho está muito associado a uma festa portuguesa que parece ser mais recente do que a celebração da batalha. O arraial está a ter uma maior visibilidade e gostaríamos de trazer algum equilíbrio, com outras componentes, porque tudo forma o 24 de Junho em Macau”, acrescentou. Este é “o único evento macaense”, que não se celebra em outro lugar do mundo, e que está muito “associado à história de Macau como cidade”. “Quem acha que tem alguma ligação emocional ou histórica com a celebração deveria poder juntar-se e relacionar-se com este evento”, disse Mariana Pereira, que será a gestora do projecto. História esquecida A responsável pela iniciativa aponta que a parte histórica do 24 de Junho “tem sido extremamente esquecida”. “Esta não foi apenas uma batalha dos portugueses, mas de muitos macaenses, chineses e escravos. Houve muita gente envolvida a defender Macau neste dia, mas não se sabem muito bem as histórias, há muitos rumores e dados por confirmar.” Como exemplo, Mariana Pereira fala do tiro ao paiol. “Talvez tenha havido mais do que um tiro, mas os holandeses dizem que não levou com tiro nenhum. Não há registos arqueológicos, mas apenas escritos. Julga-se que foi um evento mais complexo do que aquilo que se escreve, mas foi uma vitória para a Macau que existia na altura. Foi reconhecida pelos mandarins, que enviaram um apoio a Macau, mas não se sabe bem para quem.” O São João já era celebrado em Macau antes de 1622, mas só depois da batalha foi proclamado santo patrono da cidade. “O 24 de Junho foi tomado como uma vitória local e o Leal Senado referiu a divina intervenção de São João, pelo que há aqui um elemento religioso e católico forte, que é interessante. É por isso que São João Baptista passa a ser um dos santos patronos de Macau.” Mariana Pereira está a fazer o seu doutoramento no Cambridge Heritage Research Centre, da Universidade de Cambridge, e tenciona terminar a sua tese no próximo ano. O seu estudo foca-se na forma como as comunidades portuguesa e macaense na diáspora usam o património cultural para expressar a sua identidade, usando as celebrações do 24 de Junho e do festival da Lusofonia como exemplos. O website será apresentado hoje, a partir das 18h30, numa sessão aberta promovida pelo IIM para assinalar a data histórica. A sessão conta com apresentações da Associação dos Macaenses, Casa de Portugal em Macau, Associação dos Jovens Macaenses e Associação dos Embaixadores do Património de Macau. Serão também abordadas “perspectivas para o futuro sobre esta importante data que recentemente tem sido comemorada através de um Arraial que foi classificada como um dos elementos do Património Cultural Intangível de Macau”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeDST | Promoções em Hong Kong dependem de directivas dos SSM Helena de Senna Fernandes diz que os Serviços de Turismo estão a aguardar as directivas dos Serviços de Saúde sobre a bolha de viagem com Hong Kong, mas que já estão a ser pensados planos de divulgação do turismo para o mercado vizinho. Macau recebe em Julho a 9ª Exposição Internacional de Turismo A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) ainda aguarda directivas dos Serviços de Saúde (SSM) sobre a possível reabertura da bolha de viagem com Hong Kong, mas já está a pensar em campanhas de divulgação do turismo do território. A garantia foi dada ontem por Helena Senna Fernandes, directora da DST, à margem de uma conferência de imprensa de apresentação de uma exposição internacional de turismo. “Alvis Lo [director dos SSM] explicou as medidas, mas não temos mais informações. Sabemos que precisamos que Hong Kong tenha zero casos [de covid-19] em 28 dias para se lançar um plano de isenção de quarentena. Estamos à espera dos planos dos SSM, mas vamos pensar na divulgação. Caso a bolha de viagem regresse, temos de produzir vídeos para Hong Kong, à semelhança do tipo de material promocional destinado ao mercado da China continental”, frisou. Helena de Senna Fernandes destacou que a região vizinha constitui “um mercado muito importante”. “Esperamos a normalização da passagem da fronteira com Hong Kong e que se possa manter uma situação estável. Além da área do turismo, muitos residentes têm família em Hong Kong, assim como residentes de Hong Kong que trabalham em Macau. Penso que todos estão à espera [da bolha de viagem]”. Uma expo a caminho Entretanto, foi ontem apresentada a 9ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau, que decorre no Venetian entre os dias 9 e 11 de Julho. O evento será um “contributo para a recuperação e revitalização” do sector, uma vez que é fundamental manter o contacto com os operadores turísticos, para Macau estar preparado para “quando o turismo revitalizar”, referiu a directora da DST. O presidente do Associação das Agências de Viagem, Alex Lao, frisou que os bons resultados no combate à pandemia em Macau fizeram com o que o território se pudesse ‘vender’ ao mundo como uma “cidade saudável e segura” e assim criar uma “plataforma sustentável entre Macau e o interior da China”. Além do formato presencial, a expo vai estar também online, uma medida para reforçar as bolsas de contacto e aumentar o alcance do evento numa altura de pandemia em que muitas das restrições fronteiriças continuam em vigor. Na mesma ocasião, as autoridades revelaram ainda que esta nona edição vai focar-se em reforçar as iniciativas ‘em nuvem’, integrar exposições online e offline e expandir a escala da ‘Rua de Macau’, entre outras. Pretende-se também impulsionar a economia turística local e promover a herança, inovação e intercâmbio gastronómico através de demonstrações culinárias. O objectivo é ainda integrar o “turismo + indústrias culturais e criativas”, promover o desenvolvimento da indústria do turismo local, promover as “Lojas com características próprias” e melhorar a imagem das marcas.
Andreia Sofia Silva PolíticaEm quase 10 anos Governo recebeu apenas 11 queixas laborais de professores Lou Pak Sang, director da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, que foram recebidos desde o ano lectivo 2012/2013 “11 casos de pedidos de informações, apresentação de sugestões e queixas” sobre questões relacionadas com o pessoal docente. Estes casos “têm sido alvo de acompanhamento”, frisou o director. Lou Pak Sang assegura que “o pessoal docente pode contactar as escolas, a DSEDJ e os serviços competentes para pedir informações, apresentar sugestões ou queixas sobre a remuneração e o descanso compensatório de trabalho extraordinário, entre outros assuntos”. Sobre professores com excesso de trabalho, que têm de realizar tarefas além das aulas, Lou Pak Sang adiantou que o Governo “tem lançado diversas políticas de apoio ao trabalho pedagógico dos docentes”. No ano lectivo de 2020/2021, “os tempos lectivos semanais dos docentes dos ensino infantil, primário e secundário foram, em média, de 20,8, 16,3 e 14,3 por cento, tendo diminuído 11, 9 e 14 por cento, respectivamente”. Lou Pak Sang disse ainda que a DSEDJ “incentiva as escolas a obterem um equilíbrio entre o tempo de descanso dos docentes e as tarefas de cuidado das necessidades de desenvolvimento e crescimento dos alunos”. O responsável nega ainda a existência da situação de, “em todos os anos lectivos, as escolas necessitarem de negociar com os docentes a renovação do seu contrato de trabalho”. Isto porque, com base na lei laboral, “além da contratação para satisfazer as ‘necessidades temporárias’, também os contratos de trabalho de outros docentes são considerados ‘contratos sem termo’”, rematou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Analistas dizem que política de “zero casos” pode definhar economia local A possibilidade de abrir novamente a bolha de viagem entre as RAEs ao fim de 28 dias sem casos locais de covid-19 em Hong Kong pode ser essencial para a recuperação de Macau. Analistas ouvidos pelo HM entendem que a política de “zero casos” do Governo de Macau é “exagerada” e pode levar a uma situação económica muito difícil. Porém, antes de existir, a bolha rebentou com a notícia de um possível surto de covid-19 em Hong Kong A espera das autoridades de Macau pela inexistência de casos locais de covid-19 na vizinha Hong Kong para abrir as fronteiras pode levar a economia da RAEM a definhar cada vez mais. É esta a ideia deixada por vários analistas contactados pelo HM quando questionados sobre os efeitos da possível bolha de viagem com Hong Kong, caso se atinjam 28 dias sem novos casos locais de infecção. Porém, ontem foi noticiado nos media da região vizinha um possível surto no bairro de Tai Po, depois da detecção de uma elevada carga viral nos esgotos da zona. As autoridades da RAEHK procederam à testagem em massa de habitantes de 30 prédios. Segundo a RTHK, foram testadas 2100 pessoas, não tendo sido detectados casos positivos de covid-19 até ao momento. Além desta situação, o South China Morning Post, noticiou que as autoridades de saúde de Hong Kong estão ainda a investigar um caso de teste positivo à covid-19 de um residente na zona de Tai Po e que trabalha no Aeroporto Internacional de Hong Kong. As autoridades da região vizinha confirmaram também dois casos importados, um deles da Indonésia. Pedro Cortes, advogado e especialista na área do jogo, acredita que “a política de “casos zero” terá consequências gravosas para a economia, mais cedo ou mais tarde”. “Não se morre da doença, mas morre-se da cura. Vemos em algumas zonas de Macau as lojas fechadas e há muita gente no desemprego. Percebo esta política, mas tem de haver alguma flexibilidade, caso contrário vamos demorar muito tempo até recuperar para a situação que tínhamos antes da pandemia”, referiu. Ideia semelhante é defendida pelo economista Albano Martins, que considera que o Governo tem exagerado em muitas das medidas tomadas. “Há um grande exagero e não pode funcionar o “ou tudo ou nada”. Temos países em que o Governo não tem mão em nada, como os EUA na primeira fase com Trump. Macau conseguiu controlar a pandemia, mas está a exagerar. O poder está a cair na mão do pessoal da saúde, que são funcionários, mas que não sabem muito bem o que é a economia do território. É preciso jogar um pouco com maior flexibilidade, porque caso contrário não se morre da doença, mas da cura.” Glenn Mccartney, docente e investigador da Universidade de Macau (UM), especialista na área do turismo, diz que tudo depende de que lado se está. “Tudo depende se somos accionistas, casinos, o Governo ou investidores. Isto é uma pandemia e é muito difícil adivinhar o seu percurso. Podemos ter excesso de zelo, mas em alguns casos isso pode ser bom, tudo depende de que lado se está. Penso que, de momento, a precaução pode ser um factor positivo, estamos a seguir em frente, a ter algumas receitas. Claro que os investidores querem mais receitas e lucros, mas as consequências de fazer tudo muito depressa é a ocorrência de casos comunitários.” Também Óscar Madureira, advogado e especialista em jogo, defende que está na altura de as autoridades locais flexibilizarem mais as medidas. “Macau continua com alguma abertura em relação à China que apresenta números bem diferentes de Hong Kong. Não abre para Hong Kong de uma forma quase incompreensível.” O causídico refere que “a situação de Macau é complicada”, uma vez que as operadoras de jogo “estão há bastante tempo sem conseguir operar em termos normais”. “Houve um sopro de positividade durante a Semana Dourada, em Maio, mas, neste momento, parece-me que o facto de Macau continuar isolado é mau para o território”, adiantou. Tubo de escape Olhando para os dados dos visitantes que entraram em Macau em 2019, no período pré-pandemia, os visitantes de Hong Kong representavam cerca de 20 por cento. Para Pedro Cortes, a reabertura de uma bolha de viagem com o território vizinho “seria muito bom para a indústria do jogo e local, como os restaurantes e o pequeno retalho que vivem muito dos visitantes de Hong Kong”. Além disso, a abertura, a acontecer, pode funcionar como uma alternativa face às consequências negativas resultantes do aumento de casos de covid-19 em Guangdong. “Compensaria de certeza absoluta o que foram as últimas semanas de entradas da China. Seria uma pequena lufada de ar fresco na indústria do jogo, mesmo com todas estas reservas. Sei por alguns clientes nossos que o fecho das fronteiras tem sido bastante prejudicial”, defendeu Pedro Cortes. Albano Martins recorda que “Hong Kong é um mercado apetecível para o jogo de Macau”, mais antes de 1999 do que depois, quando o mercado chinês passou a dominar o sector. “Toda e qualquer abertura é boa para o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto]”, frisou o economista, que aponta o dedo às autoridades pela forma como estão a gerir a questão da renovação das concessões de jogo. “O problema é a opacidade do Governo. Não se sabe muito bem se o Governo está a tentar manter o mercado do jogo ou se simplesmente está com a ideia, legítima, mas que na prática não é viável a curto prazo, nem nos próximos 20 anos, de diversificar, mas pela aniquilação do jogo. Acredito que o jogo vai continuar, as operadoras estão muito preocupadas porque não há luz verde nenhuma sobre como vão ser os processos de concessão e têm um investimento colossal.” Glenn Mccartney lembrou que as família são, um segmento importante para os casinos, sobretudo na área do entretenimento e lazer. “Temos de pensar que as crianças não poderão vir porque não estão vacinadas. Temos de pensar neste cenário de visitantes sem famílias, e haverá certamente uma aproximação passo a passo a Hong Kong [ao mercado]. Não vejo que esta bolha de viagem tenha um impacto imediato no sector do jogo, porque continuam as restrições.” Cautela é palavra de ordem no discurso do académico da UM. “Estas duas semanas [de análise] poderão ser estendidas. Com base naquilo que sabemos sobre o vírus, o Governo de Macau será ainda mais cauteloso. Há mais variantes do vírus e isso gera preocupações acrescidas.” Abrir as fronteiras com Hong Kong e manter o corredor com a província de Guangdong “pode levar a uma recuperação lenta” da economia local, defendeu. Prémios pelas vacinas No meio de toda esta equação, está um factor que pode resolver parte dos problemas: a vacina contra a covid-19. As autoridades de Macau frisaram que só poderão viajar para Hong Kong, com isenção da quarentena, quem tiver as duas doses da vacina. Pedro Cortes vai mais longe e pede que sejam criados benefícios para quem está vacinado, que poderiam passar, por exemplo, pela redução dos dias de quarentena. Se em Macau tem sido difícil conquistar a população para as vacinas, a situação não é melhor em Hong Kong, onde uma pequena percentagem da população está vacinada. Óscar Madureira acredita que é necessária uma maior intervenção do Governo. “Neste momento, era importante que a população de Macau se vacinasse. O Governo deveria ter uma palavra de maior pedagogia, sei que algumas operadoras já o fizeram e com bons resultados. Mas a percentagem da população vacinada não atingiu ainda números satisfatórios e isso prejudica a população de Macau. Se as fronteiras abrirem e houver contaminação será mais grave, e com a vacinação o Governo pode estar mais confiante.” Os últimos dados divulgados pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus mostram que em Macau apenas cerca de 91 mil pessoas tomar as duas doses da vacina. Wynn optimista para o Verão A vice-presidente da Wynn Macau, Linda Chen, revelou que a estabilização da situação da pandemia nas regiões de Guangdong e Hong Kong ] e razão para estar optimista em relação ao número de visitantes esperados no próximo mês. À margem da apresentação da 9ª edição da exposição internacional da indústria do turismo de Macau, Linda Chen considerou que, pelo facto de estarem programadas várias actividades turísticas, culturais e desportivas para Julho, faz com que exista a expectativa de que a média diária de visitantes possa ultrapassar os 40 mil, à imagem do que aconteceu na semana dourada do 1º de Maio. Sobre o plano de expansão do Wynn Palace, a vice-presidente afirmou esperar que as novas instalações “correspondam ao desenvolvimento de Macau no futuro”.
Andreia Sofia Silva Eventos Manchete10 de Junho | Ciclo de cinema sobre Macau em exibição até ao dia 4 de Julho A investigadora Maria do Carmo Piçarra é a curadora do ciclo de cinema “Macau Passado e Presente”, que começa este sábado e termina a 4 de Julho, inserido nas comemorações do 10 de Junho e promovido pela Fundação Oriente. Filmes como “Hotel Império”, de Ivo Ferreira, ou “Boat People”, de Filipa Queiroz, voltam a ser exibidos Começa este fim-de-semana um ciclo de cinema sobre Macau que visa mostrar a evolução da sétima arte no território nos últimos anos, mas também as múltiplas visões de realizadores portugueses e de Macau sobre um território que nunca deixou de ser atractivo para as salas de cinema. Ao HM, a curadora do evento Maria do Carmo Piçarra contou que o convite partiu da Fundação Oriente, organismo organizador da iniciativa que se integra no programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. O ciclo de cinema começa este sábado e estende-se até ao dia 4 de Julho, estando programadas exibições em vários locais da cidade. “Houve a ideia de mostrar como é que Macau se tem articulado nesta convivência entre portugueses e habitantes locais. A opção era procurar mostrar como é que os realizadores portugueses têm olhado para Macau”, referiu. Maria do Carmo Piçarra destaca o filme “Jóia do Oriente”, filmado por Miguel Spiegel em 1956, cuja cópia foi cedida pelo exército português. A histórica película representa “o início de um processo em que o autor filma Macau até ao período anterior a 1974”, algo que fez com o apoio do Estado português e também de alguns governadores de Macau. A curadora do ciclo realça também o filme “Ilha dos Amores”, de Paulo Rocha, que nunca foi exibido em Macau. “Achei que era importante mostrar a cópia restaurada, mostrada em Cannes nos anos 80, onde estreou. Paulo Rocha é um dos pais do cinema novo português e este é um filme que lhe toma muitos anos, sobre a passagem do Venceslau de Morais por Macau e depois a sua instalação no Japão.” Este filme “complexo” será exibido na Cinemateca Paixão. Sangue novo Maria do Carmo Piçarra assume que não pôde incluir neste ciclo tantos filmes antigos como gostaria, e de facto o sangue novo do cinema local está em evidência, com a inclusão de nomes como Albert Chu, António Caetano de Faria, Maxim Bessmertny ou Tracy Choi. “O Instituto Cultural tem sido muito importante para desenvolver esta produção de cinema em Macau desde a geração do Albert Chu até às mais recentes. Pretendemos mostrar esta diversidade de realidades. Aquilo que faz de Macau um território especial e fascinante para as pessoas nem é tanto o exotismo, que tem sido a maneira como se tem mostrado Macau, mas é toda esta diversidade”, adiantou. Para Maria do Carmo Piçarra, “temos aqui uma pluralidade, com filmes muito diferentes, desde o filme do Paulo Rocha até ao filme do José Carlos de Oliveira, passando pelos mais jovens realizadores do cinema. O “Hotel Império”, por exemplo, acaba por ser uma reflexão do amor de uma mulher por Macau, pelo hotel onde viveu e cresceu, e que procura resistir a uma pressão trazida pela especulação imobiliária, que se sente um pouco por todo o mundo”, rematou. Acima de tudo há o recurso a “linguagens que vão da ficção ao ensaio visual, recorrendo também ao formato da curta-metragem”. Reflecte-se, com este ciclo, “as mudanças na paisagem, física e humana, em que os vestígios coloniais servem um certo onirismo e nostalgia, e evidenciam o paralelismo entre o crescimento do território e a multiplicação das imagens desta – e do mundo – numa sociedade de ecrãs”, escreve a curadora.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCAEAL | Lee Sio Kuan leva 300 pessoas para nova entrega de assinaturas O mandatário da lista Ou Mun Kong I, que tenciona concorrer às eleições legislativas, voltou a entregar a lista de assinaturas necessárias depois da Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa ter considerado algumas inválidas. Caso não seja aceite, Lee Sio Kuan promete levar 600 apoiantes ao edifício da Administração Pública Lee Sio Kuan, mandatário da lista Ou Mun Kong I, que ainda aspira concorrer às eleições legislativas de Setembro, voltou ontem a entregar as assinaturas para a candidatura na Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). O candidato que prometeu usar a estratégia de “Cão Louco” nesta campanha não foi sozinho, e compareceu no edifício da Rua do Campo com 300 apoiantes. A acção seguiu-se ao alerta da CAEAL para a existência de algumas assinaturas inválidas na primeira lista entregue. Este, em declarações ao jornal All About Macau, defendeu que a CAEAL “aponta críticas às associações vulneráveis”. “Fui informado que as folhas que entreguei tinham falhas, mas não me explicaram quais”, frisou. A CAEAL explicou que a associação entregou por duas vezes o pedido de confirmação da comissão de candidatura às eleições, com 473 assinaturas, tendo sido validadas apenas 184. Houve ainda 16 assinaturas repetidas, enquanto que 68 correspondiam a pessoas que não se encontram recenseadas. Por outro lado, 205 assinaturas pertenciam a pessoas sem informações completas, erradas ou repetidas. O dobro dos apoiantes Lee Sio Kuan prometeu que, se desta vez a CAEAL apontar falhas à lista de assinaturas, levará o dobro dos apoiantes, ou seja, 600 pessoas, para o edifício da Administração Pública, que irão assinar os documentos pessoalmente. “A CAEAL não nos tratou de forma razoável”, acusou, afirmando que recebeu queixas de sócios que assinaram listas de associações com maior dimensão. Lee Sio Kuan lembrou que pediu duas vezes à CAEAL explicar quais os métodos utilizados para verificar as assinaturas entregues por associações que também pretendem concorrer a lugares no hemiciclo pela via directa. O mandatário enviou também uma carta à CAEAL relativa à Associação dos Conterrâneos de Jiangmen, que ofereceu aos seus sócios bens em jeito de celebração dos 100 anos da fundação do Partido Comunista Chinês. Apesar da entidade reguladora das eleições já ter comentado que não vê irregularidades na distribuição de vales de desconto, Lee Sio Kuan reafirmou ontem que continua a achar que a queixa faz todo o sentido. A CAEAL afirmou não ter encontrado indícios de que esta tenha sido uma acção de campanha ilegal, mas reencaminhou a queixa para o Comissariado contra a Corrupção para que seja investigada qualquer potencial irregularidade eleitoral. Lee Sio Kuan, candidato às eleições de 2017, anunciou no passado dia 10 que pretende ser candidato este ano e revolucionar a campanha eleitoral com algo que designou como a “Estratégia Cão Louco”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaNova política da juventude inclui cerca de 30% da população O Governo decidiu estender a sua política da juventude até à idade de 35 anos, aumentando o limite etário do conceito de “jovem”, que antes estava fixado entre os 13 e 29 anos. Esta é uma das alterações previstas para a nova Política da Juventude de Macau (2021-2030), segundo o relatório da consulta pública ontem divulgado pela Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). Considera-se que “é mais adequado que a faixa etária dos 13 aos 29 anos dos jovens seja alargada para os 35 anos”, tendo em conta “o desenvolvimento social” e uma “melhor articulação com a política de juventude nacional e das diversas cidades da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Esta mudança faz com que a Política da Juventude do Governo chegue a 30 por cento da população total, abrangendo “mais grupos juvenis de diferentes camadas sociais e afectados por diferentes situações, tais como o prosseguimento dos estudos, o emprego, a criação de negócios e a aquisição de habitação”, entre outras. Sim ao pensamento crítico O relatório dá ainda conta que a nova Política da Juventude irá acrescentar “a expressão relativa ao pensamento crítico”, por se considerar que “o significado de ‘pensamento distintivo’ [proposta no documento de consulta] e ‘pensamento crítico’ é o mesmo”. No documento de consulta fala-se de pensamento distintivo com base “na cultura tradicional chinesa e nas indicações do livro ‘Clássico dos Ritos – Doutrina do Meio”, e que significa alguém que “estude extensivamente, aprenda detalhadamente, pense cautelosamente, distinga claramente e execute efectivamente”. A ideia é que os jovens cultivem “a capacidade de pensar de forma independente” e que saibam “distinguir o certo do errado”. O patriotismo assume um papel central nesta política. “A maioria das opiniões considera que ‘o sentimento de amor pela Pátria’, a ‘visão internacional’ e a ‘participação social’ são conteúdos necessários e que constituem um conjunto de orientações correctas para a formação dos jovens”. Além disso, “um grande número de opiniões concorda muito com a integração dos jovens de Macau no desenvolvimento nacional”. O relatório aborda também propostas como a reforma do ensino técnico-profissional, a necessidade de maior apoio às famílias monoparentais e o reforço da aposta em cursos de formação. O Executivo promete optimizar “a configuração curricular e a elaboração de materiais didácticos”, além de serem “implementadas actividades extracurriculares diversificadas sobre o sentimento patriótico”. No total, o Governo recolheu mais de 1400 opiniões, incluindo junto de 110 instituições.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Bolha de viagem com Hong Kong após 28 dias sem casos Passados 14 dias sem casos locais de covid-19 em Hong Kong, as autoridades iniciaram negociações, mas querem esperar mais 14 dias até abrir uma bolha de viagem para vacinados, sem quarentena obrigatória. No entanto, serão exigidos testes de ácido nucleico nas partidas e chegadas Em Maio, o Chefe do Executivo foi peremptório: abrir uma bolha de viagem com Hong Kong só ao fim de 14 dias sem casos locais na região vizinha. Agora que foi atingida a meta, as autoridades decidiram esperar um pouco mais. Ontem o Governo de Macau começou a negociar com Hong Kong os moldes em que será feita a abertura de fronteiras, algo que só será realidade ao fim de 28 dias sem casos locais na região vizinha e apenas para quem tiver as duas doses da vacina contra a covid-19. Além disso, serão exigidos testes de ácido nucleico à entrada dos dois territórios. “Hoje [ontem], às 15h, a secretária Elsie Ao Ieong U [com a tutela dos Assuntos Sociais e Cultura] comunicou com as autoridades de Hong Kong. Sabemos que a situação em Macau e Hong Kong é mais estável e por isso será possível levantar a quarentena”, disse Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM). A medida “vai entrar em vigor quando Hong Kong não tiver novos casos durante 28 dias”. Só nessa altura “vamos disponibilizar quotas para a abertura da fronteira”. Alvis Lo adiantou que “os residentes de Macau e Hong Kong, antes da deslocação, têm de tomar as duas doses da vacina, e após a chegada a Macau é necessário fazer vários testes de ácido nucleico, sendo que a sua actividade será restringida antes da obtenção dos resultados”. Em caso de necessidade de deslocação entre as duas regiões por curto período de tempo, serão feitos menos testes. “Uma pessoa de Hong Kong que chega a Macau, e que vai ficar durante 14 dias, vai sujeitar-se a vários testes de ácido nucleico. Se ficar um ou dois dias não exigimos que faça tantos testes. Mas isso não impede que a pessoa tenha de fazer o teste antes de chegar a Macau”, explicou Alvis Lo. Mecanismo de suspensão O director dos SSM referiu que vão existir quotas para circulação de pessoas, sendo que a qualquer momento o mecanismo pode ser suspenso, caso surjam novos casos locais. “Quando houver novos casos em Hong Kong vamos suspender as medidas. Ainda estamos a falar e a debater a possibilidade de isenção de quarentena. Temos de reunir mais algumas vezes antes de chegar a um resultado definitivo.” Alvis Lo também não adiantou mais informações sobre casos específicos, nomeadamente sobre a circulação de crianças, uma vez que as reuniões ainda decorrem. “As medidas têm de assegurar a segurança da população. A pessoa tem de se vacinar, e depois de chegar a Macau ou a Hong Kong, tem de fazer mais um teste de ácido nucleico e não pode praticar algumas actividades.” Alvis Lo assegurou que faltam discutir muitos assuntos com Hong Kong nos próximos 14 dias, mas que a abertura da bolha de viagem vai também permitir deslocações até para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. “Se conseguirmos abrir a fronteira com Hong Kong, quem está isento de quarentena pode também ir para o aeroporto, isso não tem a ver com o corredor [de viagem] entre Macau e Hong Kong. ” Está também a ser equacionada a divisão por zonas, que limitam a circulação na RAEHK de acordo com a maior ou menor incidência da pandemia. “Não excluímos a possibilidade de dividir [a cidade] por zonas. Neste momento, olhamos para toda a cidade de Hong Kong, mas é uma alternativa que podemos colocar com o Governo de Hong Kong”, frisou Alvis Lo. Mil vacinas por dia Durante a apresentação do novo posto de vacinação, Alvis Lo revelou que o espaço do Centro Desportivo de Mong-Há tem capacidade para vacinar 1.000 pessoas por dia e que é mais um passo para “melhorar a conveniência” do processo. “A vacinação começou a 9 de Fevereiro e, desde então, temos vindo a melhorar a conveniência. Em Macau já temos 18 postos de vacinação e 10 mil vagas no total. Este centro tem capacidade para vacinar 1.000 pessoas por dia”, apontou. O director dos SSM partilhou ainda que a percentagem de jovens com mais de 12 anos que estão inoculados é de 34 por cento, taxa que considerou ser “muito elevada”. Minutos depois da abertura do novo posto, que apenas disponibiliza a vacina da Sinopharm, algumas dezenas de pessoas compareceram para ser inoculadas. O subdirector do Hospital Kiang Wu, Cheung Chun Wing, informou que o novo posto possui 10 postos de vacinação e conta com a colaboração de 25 profissionais de saúde daquele hospital privado. Omissão não é crime Os responsáveis do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus garantiram que o homem que corresponde ao 53º caso de infecção por covid-19 não incorre em crime por ter ocultado que trabalhou na Índia antes de se deslocar para Macau. “Ele disse a verdade quanto à sua estadia nos últimos 28 dias. Mas quando fizemos mais perguntas sobre esses dias ele omitiu que tinha estado na Índia, pelo que não se aplica a lei. Só quando houver um problema na sociedade ou um impacto com danos graves é que haverá responsabilidade criminal”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Centro. Shenzhen e os testes Quem passou pelo Aeroporto Internacional de Shenzhen Bao’an entre 10 e 18 de Junho, deve sujeitar-se a cinco testes de ácido nucleico, ao longo de 14 dias e cumprir “autogestão de saúde rigorosa”. Segundo o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus inclui-se neste grupo, quem esteve em qualquer terminal, estação de autocarros e metro do aeroporto, sendo que o seu código de saúde passará a ser amarelo. A medida é atribuída à “existência de indícios da disseminação da variante Delta do vírus” no Aeroporto de Macau. Medicamentos suficientes O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Lo garantiu ontem que o stock de medicamentos para fazer face à pandemia em Macau é suficiente e que actual foco é aumentar a taxa de vacinação. “Além do número de vacinas, o stock de medicamentos para fazer face à pandemia é suficiente. O que podemos fazer agora é apostar na vacinação, este é o trabalho principal e é uma tarefa cujo resultado depende dos esforços do público e do Governo”. Sobre o plano de testagem em massa Alvis Lo acrescentou que já estão disponíveis, caso haja um surto na comunidade, 42 postos que permitem analisar toda a população no espaço de quatro dias.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePortugal-China | Pandemia arrefece a relação bilateral e traz estagnação A questão do investimento no Porto de Sines, entre outras, veio demonstrar que “o momento da China em Portugal pode não ser tão forte como aparenta”. A conclusão é do académico Paulo Duarte, que acaba de publicar um artigo sobre o assunto na revista JANUS, da Universidade Autónoma de Lisboa. O investigador acredita que, devido à pandemia, a relação bilateral sofre mesmo de alguma estagnação “The covid-19 factor in Portugal-China relations: time to rest” [O factor covid-19 nas relações Portugal-China: tempo para descansar” é o nome do mais recente artigo assinado pelo académico português Paulo Duarte sobre uma relação bilateral que não se tem revelado tão forte como apontam os discursos oficiais. Uma das conclusões do artigo, publicado na última edição da revista JANUS, da Universidade Autónoma de Lisboa, conclui que “apesar de iniciativas sem precedentes, os desenvolvimentos da covid-19 vieram demonstrar que o momento chinês em Portugal pode não ser tão forte como aparenta ser”. E isso nota-se em alguns investimentos estratégicos que acabaram por estagnar, como é o caso do Porto de Sines. Em Abril deste ano, foi notícia o facto de o concurso internacional para a construção e concessão do novo terminal ter terminado sem qualquer proposta, quer chinesa, quer americana. No entanto, as duas grandes potências mantém este activo debaixo de olho. Escreve Paulo Duarte que “os EUA escolheram o momento certo [o foco de Pequim nos protestos de Hong Kong e a covid-19 ainda numa fase inicial” para realizar uma visita de alto nível ao Porto de Sines a 12 de Fevereiro de 2020. Considerando que a China já tinha demonstrado interesse no Porto de Sines”, esta “não foi uma viagem de lazer, mas sim geopolítica”. Segundo explicou Paulo Duarte ao HM, “os projectos da China em Portugal, e em vários pontos do mundo, estagnaram por causa da covid-19 na expectativa de que a China se restabeleça em primeiro lugar, algo que tem conseguido comparando com outros países”. Mas mais do que isso, nota-se “muita assertividade no tom entre a China e EUA, mais do que propriamente uma mudança de posicionamento de Portugal face à China”. Com a reconquista democrata da Casa Branca como pano de fundo, Paulo Duarte acredita que ainda é cedo para uma análise sobre o que irá mudar no tabuleiro da política internacional. “A questão do Porto de Sines e da rede 5G poderão ser factores primordiais para testar a fidelidade portuguesa face aos EUA. Mas o certo é que não vemos mais o tom de ultimato como vimos com a Administração Trump através do seu ex-embaixador em Portugal. Mas teremos de ver o que vai acontecer.” O poder da NATO Portugal, um velho aliado da NATO, mas também um forte parceiro comercial da China, “deverá certamente privilegiar o aliado de longa data”, tendo em conta os interesses de ambos os países. Ao HM, Paulo Duarte confirma isso mesmo. “Não tenhamos dúvidas [de que Portugal vai sempre manter uma ligação com a NATO”. A relação Portugal-China é comparada pelo académico à ligação que o país tem com a Grécia, mas “não vem retirar fidelidade [de Portugal] em relação à NATO, EUA ou União Europeia (UE)”. Ainda assim, a China continuará como um importante player. “Portugal vai aproveitar algumas propostas feitas pela China, nomeadamente em relação à rede 5G e outras, para desenvolver o nosso mercado. Isso é algo que António Costa [primeiro-ministro] e o nosso Governo tem conseguido aproveitar, com uma diplomacia talentosa face à China e EUA.” Mas, mais uma vez, a imprevisibilidade da pandemia faz com que seja cedo para traçar conclusões definitivas. “Quando tudo estiver mais ultrapassado em termos de vacinação contra a covid-19 vamos voltar a ver a competição por outros activos estratégicos portugueses”, frisou o académico. Apesar deste jogo marcado por dois poderes, Paulo Duarte defende um maior pluralismo de parceiros estratégicos de Portugal. “Não deveríamos dar monopólio nenhum, mesmo como membros da NATO e da UE, a empresas apenas dos EUA. Temos de ter a porta aberta a várias propostas. Portugal não é um grande mercado e tanto os EUA como a China sabem disso. Mas, do ponto de vista geoestratégico, é uma ponte entre a Europa, África e as Américas.” Covid-19 é mais um passo No artigo assinado por Paulo Duarte, é defendido que a pandemia não representa mais do que “uma fase do multilateralismo chinês”. “Antes da pandemia o multilateralismo chinês já tinha demonstrado uma incrível sofisticação (implícita no acesso de vários estados da UE ao Banco de Investimento de Infra-estruturas Asiático contra a vontade dos EUA), e na era pós-covid-19 ainda se mantém”, lê-se ainda. Com uma nova ordem mundial “a ganhar forma”, e sem que haja um consenso sobre como vai ser a diplomacia mundial nos próximos tempos, só um ponto ganha “relativa convergência” face a como será o mundo no pós-pandemia. “Há uma consciência de que a pandemia mostrou as vulnerabilidade do mercado global, mas também [a ideia] de que ‘nenhum Estado soberano deveria continuar a depender de Estados terceiros em domínios estratégicos e, claro, [na área] da medicina e equipamento médico, cuja produção é dominada pela China.” No texto, o académico fala da “diplomacia da máscara” levada a cabo pela China no apoio a outros países, nomeadamente à própria UE, que recebeu uma resposta mais rápida por parte das autoridades chinesas e russas no combate à pandemia. O académico considera que, apesar da sociedade portuguesa não ser “colectivista”, ao contrário da chinesa, “onde há a propensão para obedecer a uma figura forte”, a capacidade de Portugal para responder à pandemia “não foi menos notável do que na China, que construiu hospitais em poucos dias”. “A população portuguesa seguiu de forma escrupulosa as medidas de confinamento, algo que não aconteceu, por exemplo, em Itália. Portugal procurou evitar os erros cometidos por outros em vez de os repetir. O mesmo pode ser dito a propósito da China, que foi incomparavelmente mais rápida a aprender com os seus próprios erros, tal como a gestão de episódios passados, como a SARS”, lê-se no artigo. Em termos gerais, o autor denota que “a política externa portuguesa tem sido particularmente habilidosa em lidar com a China, enquanto mantém os antigos compromissos lado a lado com a UE e os EUA”. Relativamente a uma das principais conclusões da última cimeira do G7, sobre a possível criação de uma política ocidental semelhante à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, Paulo Duarte defende que não é mais do que uma resposta tardia do ocidente. “A UE acordou tarde para o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”, não tinha uma resposta ao início e hoje tem, mas é pautada por diferentes visões de países da UE, também a nível mais macro.” Além da UE, “o mundo começou a acordar de forma tardia para esta questão e percebeu que a China tem conseguido canalizar muitos países para a sua iniciativa, de modo que os países ditos do mundo ocidental perceberam que têm de ter uma resposta. Mas isto acontece por reactividade e não por pró-actividade”, aponta Paulo Duarte. Quem reagiu a esta iniciativa do G7 foi a China, que mostrou forte oposição. Na última terça-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, disse que a proposta não passa de uma difamação da China e “transgride os propósitos e princípios da ONU e a tendência dos tempos de paz, desenvolvimento e cooperação de ganho mútuo”. A mesma proposta do G7 “põe em evidência as más intenções dos EUA e de uns outros países para criar deliberadamente antagonismo e ampliar as diferenças. A China está fortemente insatisfeita e opõe-se firmemente a isso”, disse Zhao Lijian.
Andreia Sofia Silva PolíticaFundos autónomos | Associações aumentaram quase 500 por cento desde anos 90 Sónia Chan, coordenadora do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos da RAEM, garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, que se mantém a intenção de uniformizar a atribuição de subsídios a associações através da revisão de dois diplomas em vigor desde finais da década de 90. Na mesma resposta é dito que a sociedade mudou e hoje o número de associações é bastante maior. “Os dois despachos entraram em vigor há mais de 20 anos e foram elaborados pelo legislador de acordo com a situação social de Macau [da altura]. Em consideração dos dados daquela altura, os fundos autónomos tinham a competência de conceder apoio financeiro a associações eram a Fundação para a Cooperação e o Desenvolvimento de Macau e a Fundação Macau, enquanto que as associações registadas eram 1700. Agora há mais de 20 fundos autónomos e as associações registadas aumentaram em 10 mil, um aumento de 488 por cento.” Tal como garantiu o mesmo Gabinete em Maio, os trabalhos legislativos para esta revisão continuam. Foi iniciado “o trabalho preliminar da produção legislativa para estabelecer um regime básico uniformizado de apreciação e autorização do apoio financeiro”, é referido na resposta.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | Confirmada lista liderada por Sulu Sou Está constituída e confirmada a lista liderada por Sulu Sou, dirigente da Associação Novo Macau (ANM) e deputado, que irá concorrer às eleições legislativas de 12 de Setembro por sufrágio directo. Segundo uma nota emitida ontem, foi constituída a lista Associação do Novo Progresso de Macau que conta com Rocky Chan, vice-presidente da ANM, como mandatário e Kam Sut Leng, presidente da ANM, como uma das candidatas. A lista submeteu 500 assinaturas ao comité de candidaturas da Comissão para os Assuntos Eleitorais da AL (CAEAL). Nos últimos quatro anos, a ANM “tem feito o seu melhor para aderir ao programa de reforma da Assembleia Legislativa e promover um desenvolvimento sustentável, falando em nome da defesa dos direitos humanos, liberdades e direitos públicos”, afirmam. Foram destacadas iniciativas políticas como a luta pelo fim do buraco financeiro dos novos contratos de concessão dos autocarros ou o lançamento da política de habitação para a classe sanduíche, entre outros. Além disso, “a ANM tem feito bom uso dos seus recursos extremamente limitados para penetrar nos assuntos da comunidade”, uma vez que, em quatro anos, a associação lidou com 3600 casos, tendo ajudado a resolver 85 por cento deles. Na mesma nota, os membros da lista alertam para o facto de “a actual situação política ser complicada e estar em mudança”. “A situação das eleições para a ANM é muito difícil e a pressão é maior do que nunca. A ANM espera que, com base no seu trabalho ininterrupto, e através da interacção com o campo democrático e a consciência da crise na sociedade civil, possa fazer história novamente nesta campanha eleitoral”, pode ler-se. O objectivo em Setembro é “atingir os melhores resultados, reforçar uma força indispensável de diversidade, coragem e progresso na AL”.
Andreia Sofia Silva SociedadeJogo | 3 anos e seis meses de prisão por falsos testemunhos em tribunal O Tribunal de Segunda Instância (TSI) rejeitou dois recursos apresentados por dois condenados ao crime de prestação de falsos testemunhos pelo Tribunal Judicial de Base (TJB). O caso remonta a 2018 quando um dos recorrentes pediu 500 mil dólares de Hong Kong emprestados a duas pessoas numa sala VIP de um casino. Depois de ter perdido o dinheiro no jogo, as duas pessoas levaram-no para dois hotéis onde ficou preso. Um deles “desferiu vários murros e pontapés” ao condenado “depois de este ter manifestado que não podia pagar o empréstimo”, tendo-o proibido de sair do quarto. Três dias depois, o homem manietado pediu ajuda à polícia, que o encontrou no quarto do hotel. Na qualidade de testemunha, o indivíduo prestou declarações para memória futura no Juízo de Instrução Criminal do Tribunal Judicial de Base (TJB), onde alegou que “foi tratado de forma violenta por não ser capaz de devolver o dinheiro emprestado e que a sua liberdade foi restringida”. O homem voltaria depois para o interior da China, e recebeu um telefonema do irmão do agressor a pedir o seu perdão e apoio. O homem disse ao telefone que “um advogado ia encontrar-se com ele a fim de o ensinar a testemunhar em tribunal e a responder às perguntas do Delegado do Procurador e do Juiz”. Em Março de 2019, a vítima foi a Gongbei para se encontrar com um sujeito que o ensinou “a testemunhar em audiências de julgamento com o objectivo de atenuar a culpa do alegado agressor”. O TJB condenou a testemunha a dois anos de prisão efectiva e homem que o instruiu a três anos e seis meses de prisão, também efectiva, pelos crimes de prestação de falsos testemunhos. O TSI manteve agora ambas as penas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSão João | Arraial volta a ser cancelado por falta de condições Pelo segundo ano consecutivo, a comissão organizadora do Arraial de São João cancelou o evento por considerar que não estão reunidas condições para a sua realização nos moldes habituais desde 2007. Chegaram a ser ponderados locais alternativos, como a Doca dos Pescadores ou a Torre de Macau A comissão organizadora do Arraial de São João decidiu cancelar, pelo segundo ano consecutivo, o Arraial de São João, que estava agendado para os dias 26 e 27 deste mês no bairro de São Lázaro. Segundo uma nota informativa, a comissão evoca questões logísticas, relacionadas com a pandemia, que dificultam a realização da festa, tal como a “necessidade de manter abertas determinadas vias públicas que atravessam a zona abrangida pela área do arraial”. Além disso, estão em causa “as medidas preventivas impostas pelos Serviços de Saúde e, sobretudo, a limitação no apoio financeiro de que o arraial tem beneficiado nestes últimos anos, motivadas pela pandemia”. Estes factores “tornaram impossível que o evento se realize no local previsto, uma vez que os custos são insuportáveis pelas associações organizadoras”. A comissão adiantou ainda que chegou a ponderar fazer o arraial noutro local. No entanto, “tal hipótese exigiria um compromisso imediato, algo incompatível com os ajustes orçamentais e a burocracia inerentes à alteração do pedido de apoio financeiro, que tal mudança implicaria. Outras alternativas Ao HM, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, que integra a comissão organizadora, adiantou que a Doca dos Pescadores ou a Torre de Macau foram outros locais pensados. “Contudo, isso exigia de nós uma resposta rápida e não era possível”, revelou. A comissão quer continuar a celebrar o São João no dia 24 de Junho, mas poderão surgir festividades alternativas ao arraial. “Vamos ter de repensar o arraial, sem drama, e ver as coisas como são tendo em conta a realidade. A ideia é que este seja um dia festivo e há várias fórmulas possíveis.” Miguel de Senna Fernandes não quis adiantar quais foram os cortes orçamentais. “Há várias maneiras de celebrar, terá de ser com um arraial? Sim ou não, dependendo das condições. Este ano estas continuam a não existir para fazer o arraial segundo os moldes anteriores”, frisou. Além da ADM, integram a comissão organizadora a Associação dos Jovens Macaenses, Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau e Casa de Portugal em Macau, entre outras.
Andreia Sofia Silva SociedadeVacinação é essencial para aumentar confiança dos visitantes, defendem académicos Depois de se ter transformado num verdadeiro caso de sucesso na luta contra a covid-19, Macau tem agora de lidar com o desafio de vacinar a população, o que traria maior confiança a quem pretenda visitar o território. A ideia é defendida pelos académicos Glenn Mccartney e José Pinto, da Universidade de Macau (UM), num comentário publicado na revista científica Lancet, intitulado “Respostas de Macau à covid-19: Do sucesso da eliminação do vírus aos desafios da implementação da vacinação” [Macao’s COVID-19 responses: From virus elimination success to vaccination rollout challenges]. “Uma população vacinada, sobretudo os trabalhadores da linha da frente, iria reforçar a confiança dos visitantes e os seus sentimentos de segurança. Macau constitui um estudo notável tendo em conta as lições aprendidas, a vacinação que decorre em toda a Ásia e a reabertura de fronteiras.” Além disso, os autores consideram que o território “é agora desafiado a, rapidamente, garantir a imunidade de grupo devido à existência de múltiplas variáveis na Ásia”. “Macau está economicamente dependente do turismo, e com isto, a contínua abertura de fronteiras, com a criação de bolhas de viagem, garantiu alguns visitantes. É, ainda assim, limitador e é necessário mais para devolver os lucros à indústria”, apontam. Prognósticos difíceis Contactado pelo HM, Glenn Mccartney explicou que estão em causa factores que podem mudar muito rapidamente consoante a evolução do próprio vírus. “Não ficaria surpreendido por ver mais pessoas a serem vacinadas com base na percepção do risco do vírus. Mas precisamos de mais investigação, sobre as razões pelas quais as pessoas querem vacinar-se, a mensagem que o Governo está a passar para o público e qual a sua influência.” O artigo aponta também para a necessidade de maior análise a esta nova fase do surto, incluindo “uma investigação às taxas de vacinação dos não residentes, os motivos e as percepções de risco”. Os mais recentes casos de covid-19 na província de Guangdong têm feito soar os alarmes e as autoridades locais têm vindo a reagir com novas medidas, mas o académico, especialista nas áreas do turismo e gestão hoteleira, defende que estamos perante um panorama que pode mudar diariamente. “Guangdong constitui uma fonte chave de visitantes para o mercado de Macau, então naturalmente terá impacto [o aumento de casos]. Há também os visitantes de outras zonas da China que viajam para Macau através de Guangdong, e que passam pela ponte ou por Zhuhai. É muito difícil estimar o impacto, é de facto uma análise feita diariamente.” As medidas de contenção são, segundo o autor do comentário, “cruciais para que haja caminho a uma rápida recuperação” do sector do turismo e jogo, concluiu. Em relação à vacinação, os autores do estudo lembram as mensagens que o Executivo teve de transmitir junto da população para disseminar falsos rumores. A continuação dos apoios financeiros “incitou a confiança junto da comunidade”, defendem.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Macau quer menos restrições na fronteira com HK para quem está vacinado As autoridades de Macau pretendem negociar com Hong Kong o levantamento de restrições de viagem para pessoas que já estejam vacinadas ou que apresentem um teste de ácido nucleico à covid-19 negativo com validade de 48 horas. A vacina da mRNA/BioNTech começa hoje a ser administrada a adolescentes entre os 12 e os 15 anos Reduzir o período de quarentena ou levantar algumas restrições na emigração. São estas as possibilidades levantadas pelas autoridades de Macau, que revelaram ontem estar disponíveis para negociar com Hong Kong o levantamento de medidas de prevenção à covid-19 para pessoas que já estejam vacinadas ou que apresentem um teste de ácido nucleico negativo à covid-19 com um prazo de 48 horas. No entanto, Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, não especificou se será possível aos residentes de Macau deslocarem-se a Hong Kong para viajarem para outros países. “Não afastamos a possibilidade de alterar as medidas para as pessoas vacinadas ou as que apresentem um teste de ácido nucleico válido por 48 horas. Hong Kong está há 10 dias consecutivos sem novos casos, e se atingir os 14 dias, estão preenchidos os requisitos para negociarmos novas medidas. Iremos pensar [em novas regras] para as pessoas vacinadas das duas regiões, ou encurtar o prazo de quarentena, mas depende da negociação entre os dois governos.”, disse. Leong Iek Hou referiu que tem existido uma “comunicação estreita” entre as autoridades das duas regiões, mas que as negociações não terão ainda começado. “Assim que Hong Kong conseguir estar 14 dias sem casos locais poderemos negociar se há possibilidade de ajustar as medidas de emigração. Este é o pressuposto para arrancar com os trabalhos.” “Para já não existe ainda um plano concreto, e estamos cientes de que existem alguns casos em Macau. Só estamos há 10 dias consecutivos sem novos casos. Mesmo que da parte de Hong Kong surjam medidas não é possível alterar as medidas todas de uma só vez”, adiantou a coordenadora do Centro. Para maiores de 12 Na conferência de imprensa de ontem, foram também avançados novos dados sobre a administração da vacina da mRNA/BioNTech a jovens com mais de 12 anos, depois da publicação do despacho em Boletim Oficial pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. “Vamos estender a vacina às pessoas com idade igual ou superior a 12 anos. As pessoas entre os 12 e os 15 anos podem fazer a marcação através do nosso sistema. Os locais de vacinação serão o Centro Hospitalar Conde de São Januário, na sala de colheita de sangue, e dois centros de saúde na Ilha Verde e Ocean Garden. A quota diária será para 800 pessoas”, adiantou Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação. Os jovens podem fazer-se acompanhar pelos pais e terão sempre de apresentar um comprovativo de consentimento. Está a ser pensado ainda um plano de proximidade junto das escolas, para dar mais informações sobre a vacina e criar uma sensibilização em prol da vacinação junto da comunidade escolar. “Estamos a planear enviar pessoal para realizar palestras e queremos começar pelas escolas secundárias para aumentar o nível de sensibilização de pais e professores, considerando que os destinatários são menores e é necessário um consentimento dos tutores e dos pais.” O plano de proximidade, a existir, deverá arrancar só em Setembro. “Há escolas mais pequenas que podem ser juntas a outras para podermos fazer os nossos trabalhos”, disse ainda Tai Wa Hou. O responsável frisou que existe “um número suficiente de doses mRNA para jovens”, tendo em conta que este fim-de-semana Macau recebe mais 10 mil doses de vacinas deste laboratório. Sem restrições Os responsáveis do Centro de Coordenação foram questionados sobre casos de residentes que pretendem voar para Macau através de Singapura e que estão a ser informados, nos locais de partida, de restrições à chegada ao território. Lau Fong Chi, representante da Direcção dos Serviços de Turismo, assegurou que “o melhor será entrar em contacto com as companhias aéreas”. “Sabemos que os residentes podem fazer escala por Singapura. Tudo depende do local de partida e quais são as restrições e exigências aí. As pessoas podem ter como referência a situação anterior, em que se fazia escala em Taiwan e a única restrição era a realização de uma escala de oito horas, pelo menos, ou a obrigatoriedade de voar na mesma companhia aérea.” Lau Fong Chi adiantou também que, quando se realizam escalas, “há restrições diferentes e pode haver diferentes considerações tendo em conta as realidades locais”. “Não há uma restrição quanto ao local de partida”, frisou. Relativamente aos estudantes do ensino superior que pretendem voltar ao território, 400 dos 803 previstos já regressaram. É melhor esperar Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, voltou ontem a ser questionado sobre um caso de um doente com cancro do pulmão que não entrou para a lista de casos adversos à vacina. O responsável afastou a ligação deste problema de saúde com a vacina, mas disse que não é recomendável a vacinação contra a covid-19 a doentes que estejam na fase de tratamentos de quimioterapia. “Se o paciente com cancro estiver na fase de quimioterapia ou tiver realizado a operação, aconselhamos a que não receba a vacina de imediato. Em Macau, neste momento, o risco de transmissão [da covid-19] não é alto, mas como estas pessoas não estão numa boa situação em termos de imunidade, a reacção à vacina não será tão boa como uma pessoa que não está doente. Após a quimioterapia os pacientes podem esperar pela sua recuperação e será melhor serem vacinados depois.” Tai Wa Hou alegou o sigilo médico em relação à situação clínica do doente em causa para não adiantar mais informações, mas garantiu que este “não está na situação que referimos”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Mais um TNR em quarentena devido a contacto com pessoa infectada em Cantão Há mais um trabalhador não residente (TNR) em quarentena devido a um contacto próximo, pela via secundária, com um caso de infecção por covid-19 em Cantão. Segundo uma nota hoje divulgada pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, o contacto terá acontecido a 4 de Junho na empresa de telecomunicações onde se encontrava a pessoa de contacto próximo. Segundo uma investigação dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), o TNR tem 33 anos e tinha regressado a casa, localizada no distrito de Nansha, em Cantão. No dia 4 de Junho, o homem fez um percurso comum com a pessoa de contacto próximo na empresa de telecomunicações e regressou, no dia seguinte, a Macau através de Zhuhai. O TNR trabalha em Macau numa empresa de jardinagem, sendo um local de trabalho “maioritariamente ao ar livre ou na montanha”, sendo que, à excepção dos colegas de trabalho, não teve contacto com outras pessoas. Esta quarta-feira o TNR foi sujeito a testes de ácido nucleico e anticorpos séricos na Urgência Especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário, com resultados negativos. Também os colegas de trabalho deste TNR foram submetidos a testes, todos eles com resultados também negativos. Segundo a nota do Centro, “o risco de infecção [do TNR] não é elevado, o que representa um baixo risco de transmissão do vírus em Macau”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMong-Há | Centro Desportivo acolhe vacinação a partir de segunda-feira É já a partir da próxima segunda-feira que o Centro Desportivo de Mong-Há começa a receber pessoas para a vacinação contra a covid-19, prevendo-se uma capacidade de atendimento de dez mil pessoas por dia. “Vamos aumentar o número de quotas [para a vacinação]”, disse ontem Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação na habitual conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. “O Fórum Macau vai funcionar entre as 9h e as 21h e terá três mil quotas por dia. Teremos 15 postos em funcionamento com um total de 8200 vagas”, frisou. Em Mong-Há será administrada apenas a vacina da Sinopharm. “Temos dois postos que fornecem a vacina da mRNA e temos vagas suficientes. Neste momento 85 por cento das pessoas procura a vacina da Sinopharm e 15 por cento a vacina da mRNA. Neste momento parece-nos que a procura é maior pela Sinopharm e é por isso que fornecemos esta vacina [em Mong-Há]”, explicou Tai Wa Hou. Em relação ao caso de um residente que entrou em Macau e teve um resultado positivo, embora fraco, à covid-19, depois de ter estado infectado em Hong Kong, Leong Iek Hou, coordenadora do Centro, assegurou que são necessários ainda mais testes. “Não podemos confirmar ainda se este residente é um caso de recaída ou uma nova infecção, e não conseguimos confirmar se é ou não um caso importado. Neste momento não tem sintomas, estamos a fazer testes e a observar a situação.” A coordenadora garantiu que a “situação é estável” e que “é grande a possibilidade de ser um caso de recaída de covid-19”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAir Macau | Injecção de 1,8 milhões “crucial” para equilíbrio de contas A pandemia obrigou a Air Macau a receber uma injecção adicional de capital de 1,8 milhões de patacas em Janeiro, segundo o relatório e contas publicado em Boletim Oficial. A companhia aérea registou quebras nas receitas na ordem dos 80 por cento A Air Macau recebeu, em Janeiro deste ano, uma injecção adicional de capital de 1,8 milhões de patacas para fazer face à crise económica causada pela pandemia da covid-19. Segundo o relatório e contas publicado ontem em Boletim Oficial (BO), a Air Macau “envidou esforços para assegurar o bom funcionamento e delinear um plano de aumento de investimento”, com o objectivo de “lidar com a prevista deterioração da situação financeira e do estado dos fluxos financeiros, causados pela precariedade da economia”. A injecção de 1,8 milhões de patacas “melhorou consideravelmente o estado financeiro da companhia, desempenhando um papel crucial para assegurar que esta ultrapassasse sem problemas a ‘idade de gelo’ da indústria da aviação civil”, aponta o relatório. A Air Macau, que viu o contrato de concessão com o Governo renovado por mais três anos, desde 9 de Novembro do ano passado, registou uma perda de receitas operacionais de 81 por cento, no valor total de 846,66 milhões de patacas. Além disso, registou-se um prejuízo líquido superior a 1 milhão de patacas, em comparação com um lucro líquido superior a 150 milhões de patacas registado em 2019. “A instabilidade económica e a restrição de viagens provocadas pela pandemia traduziram-se em um deterioramento significativo da nossa rentabilidade no ano de 2020”, aponta a empresa. O ano passado a Air Macau fez ainda a devolução do arrendamento de duas aeronaves A319, estando 21 aeronaves em funcionamento desde o final de 2020. Futuro “incerto” O relatório do conselho fiscal vem confirmar a difícil situação financeira da empresa, devido “à queda abrupta da procura de voos de passageiros” devido “às extensas restrições de viagem e controlos fronteiriços que foram implementados em todas as regiões em resposta à pandemia”. A Air Macau conheceu, assim, “dificuldades e desafios sem precedentes” e o futuro mantém-se “incerto”. “A gestão deverá continuar a acompanhar de perto a procura do mercado, ajustando o modelo operacional e a flexibilidade da oferta, no intuito de permitir à companhia emergir com competitividade quando a indústria de viagens aéreas retomar”, conclui o mesmo documento.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteMacau suspende funcionamento de delegação em Taiwan O Executivo vai suspender temporariamente, a partir de sábado, o funcionamento da Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan. A suspensão foi justificada com a não renovação dos documentos de funcionários do organismo. O Governo de Taiwan lamentou a posição “unilateral” de Macau. Entretanto, as autoridades da RAEM vão criar linhas abertas para apoiar os residentes que estão em Taiwan O Governo anunciou ontem que vai suspender temporariamente, a partir de sábado, o funcionamento da Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, justificando a decisão com o facto de a “renovação dos documentos dos actuais e dos novos funcionários do organismo, até ao momento, não terem sido aprovados”. No entanto, o Executivo garante que “tem procedido, de acordo com a lei, com as formalidades de apreciação dos pedidos de documentos dos funcionários da Delegação de Taiwan em Macau”, ou seja, as autoridades da RAEM argumentam a falta de reciprocidade no tratamento de documentação. Além disso, o Executivo indica que desde que a RAEM foi estabelecida “tem promovido de forma pragmática o desenvolvimento estável da relação entre Macau e Taiwan”. “Em 2011, com o reconhecimento mútuo do «consenso 1992», como fundamento político, foi alcançado consenso quanto à instalação das respectivas delegações, marcando, a partir desse momento, o início do funcionamento de ambas as delegações”, contextualiza o Executivo. A Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, criada pelo Governo da RAEM, iniciou oficialmente as suas funções em Dezembro de 2011. Ainda no comunicado que explica a decisão, no que toca aos assuntos entre as duas regiões, o Governo da RAEM “agirá, como sempre, de acordo com a Lei Básica, o princípio de “uma única China”, assim como o princípio e política fundamental do Governo Central sobre os assuntos entre Macau e Taiwan”. Em resposta ao anúncio da suspensão, o Conselho dos Assuntos do Continente do Governo de Taiwan lamentou em comunicado a decisão “unilateral” da RAEM. “Sempre mantivemos uma atitude de boa vontade e benefício mútuo e tentámos o nosso melhor para prestar assistência”, referiu o organismo da Formosa, acrescentando que Taiwan irá manter aberta a representação em Macau. Até ao fecho da edição, o Governo de Taiwan não comentou a justificação dada pela RAEM, divulgada cerca de oito horas após o anúncio da suspensão de actividade da delegação na Formosa. Por arrasto No passado dia 18 de Maio, Hong Kong emitiu um comunicado semelhante a dar conta da suspensão do funcionamento da sua delegação em Taiwan, também sem adiantar razões. Porém, passados três dias do anúncio, o Executivo de Carrie Lam veio a público justificar a retirada de Taiwan de pessoal da delegação acusando o Governo de Tsai Ing-wen de “interferência grosseira” nos assuntos da RAEHK. Sem dar detalhes, ou exemplos concretos, o Executivo de Carrie Lam afirmou que as relações com Taiwan estavam “severamente danificadas”, o que terá colocado em perigo os funcionários da delegação. Alunos pendurados Enquanto a representação estiver encerrada, o Executivo “vai criar, através da Direcção dos Serviços de Turismo, uma linha aberta de 24 horas (+853 2833 3000) para lidar com pedidos de informação em geral e prestar, não apenas serviços de apoio aos residentes de Macau em Taiwan, mas também informações relacionadas com Macau aos residentes de Taiwan”. Para pedir informações relacionadas com a pandemia, o Executivo sugere a linha aberta (+853) 2870 0800. De acordo com a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) estudam em Taiwan entre 3.000 e 4.000 residentes de Macau. No final de Maio deste ano, a DSEDJ indicou que mais de 800 estudantes pretendiam regressar à RAEM até Agosto. Há pouco mais de três semanas, o Governo garantia que a DSEDJ iria manter contacto próximo com as autoridades de Taiwan para apoiar os alunos. Na conferência de imprensa do Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, os representantes do Governo foram ontem questionados sobre o encerramento da delegação, e se estaria relacionada com o aumento de casos de covid-19 em Taiwan. No entanto, foi dito que não dispõem de mais informações. Lau Fong Chi, representante da Direcção dos Serviços de Turismo, assegurou que, até à data, as autoridades de Macau receberam cerca de 37 pedidos de apoio ou informações por mês por parte de residentes em Taiwan. Relativamente ao fecho da delegação, ainda não foram feitos quaisquer pedidos. O representante da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude frisou que um terço dos estudantes de Macau que frequentam o ensino superior em Macau já adquiriram bilhetes de avião para o regresso ao território, sendo que “alguns deles já regressaram a Macau”. “Queremos abrir mais linhas abertas e ter mais meios para apoiar os estudantes”, concluiu. Paul Pun espera maior procura do serviço da Caritas em Taiwan Um representante da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) referiu ontem que as autoridades de Macau têm contactado diversas associações que prestam apoio aos estudantes de Macau que estão em Taiwan, tendo em conta o encerramento da delegação. Uma delas é o Serviço da Caritas para Estudantes de Macau. Ao HM, Paul Pun, secretário-geral da Caritas, diz que pode haver um aumento do número de pedidos de apoio após o fecho da delegação. “Para já vemos a necessidade de manter este serviço e poderemos ter uma maior procura no futuro, sobretudo da parte dos estudantes.” Ainda assim, Paul Pun diz que esta entidade não tem capacidade para substituir a delegação na prestação de alguns serviços, nem pretende fazê-lo. “A delegação é uma entidade governamental e não podemos substituir o Governo, porque somos apenas uma ONG. Não temos o objectivo de substituir nenhuma entidade porque temos uma pequena dimensão.” Paul Pun lembrou que o serviço “pode preencher alguma lacuna se esta surgir”, lembrando que há estudantes de Macau em outros países e que esses também “enfrentam dificuldades”. “Não sei como comentar [o fecho da delegação]. Mas, independentemente da mudança, há sempre várias reacções e necessidades. Se alguém que costumava deslocar-se à delegação e agora se depara com os escritórios fechados, pode contactar o Governo de Macau através das linhas abertas que criaram. Estamos dispostos a cooperar”, adiantou Paul Pun. Pedidos em alta Este serviço da Caritas funciona há vários anos, mas devido à pandemia da covid-19 o número de pedidos disparou. “Recebemos muitos pedidos de pessoas que queriam saber o que fazer, se regressavam a Macau ou se ficavam em Taiwan. Não temos estatísticas dos pedidos, mas o nosso foco principal são os estudantes.” O serviço da Caritas presta apoio em diversas áreas, até a nível psicológico. “Recebemos os pais que viajam de Macau, tratamos de casos de falecimentos, problemas emocionais, e trabalhamos com diferentes organizações. É nosso objectivo a longo prazo ajudar os estudantes de Macau em Taiwan.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | 10 mil vacinas da BioNTech chegam no fim-de-semana O coordenador do plano de vacinação assegura que haverá vacinas suficientes para quem necessita tomar a segunda dose da mRNA/BioNTech, com a chegada da Alemanha de 10 milhares de vacinas. Quanto à testagem em massa, pode não abranger toda a população, mas apenas em zonas específicas onde se registem infecções Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, garantiu ontem que o território recebe este fim-de-semana cerca de 10 mil vacinas da mRNA/BioNTech vindas da Alemanha. O mesmo responsável assegurou que haverá vacinas suficientes para quem ainda não levou a segunda dose. “Temos marcada uma quantidade suficiente para que todas as pessoas sejam vacinadas com a segunda dose”, frisou. “Da vacina mRNA estamos quase a terminar as doses, restam 15 mil e todos os dias usamos cerca de mil doses. O prazo de validade das vacinas é de seis meses e não vale a pena encomendar muitas vacinas de uma vez só”, apontou. Macau aguarda ainda a chegada de 200 mil doses da vacina Sinopharm. Relativamente ao plano de proximidade de vacinação, dos seis casinos participantes, quatro já concluíram o programa, estando seis mil pessoas vacinadas. Ontem arrancou o plano de vacinação em parceria com a operadora Wynn, que termina amanhã, iniciando-se depois o plano com a STDM, concluído em quatro dias. “Quando acabarmos este plano, cerca de dez mil pessoas estarão vacinadas. Não temos estatísticas da taxa de inoculação dos trabalhadores dos casinos porque muitos já estiveram nas instituições de saúde para a inoculação, e não temos um número exacto”, explicou Tai Wa Hou. Testagem sim, mas não em massa As autoridades de saúde anunciaram ontem que foram testadas 400 pessoas que estiveram num restaurante onde trabalha um não residente identificado como contacto próximo, pela via secundária, de um caso de covid-19 em Cantão. “Cerca de 400 pessoas marcaram o teste de ácido nucleico, que será gratuito e feito hoje e amanhã. Serão necessárias seis a oito horas para ter o resultado”, que será reflectido no códido de saúde das pessoas testadas, adiantou Leong Iek Hou, coordenadora do centro de contingência. Sobre a possibilidade de a população ser testada em massa, a responsável frisou que não é certo que os testes cheguem a todos. “Esta testagem pode não ser para toda a população, depende se sabemos o percurso das pessoas. Podemos fazer a testagem só em determinado local. Neste momento, é difícil responder como e quando vamos fazer, depende da situação das regiões vizinhas. Temos de fazer uma avaliação global para ver se há ou não alto risco de transmissão em Macau.” Para já, estão a ser avaliados os locais ideais para realizar os testes em massa. Leong Iek Hou adiantou ainda que foram enviadas mensagens a mais de 2800 pessoas que estiveram nas zonas de Foshan e Cantão nos dias 10 e 11 deste mês para fazerem testes de despistagem à covid-19. “Uma grande parte destas pessoas já concluíram os testes, mas ainda faltam 1400, por isso alterámos os códigos de saúde destas pessoas para vermelho. Há ainda 700 pessoas com este código, sendo que a maior parte não está em Macau. Vamos depois encaminhar a lista destas pessoas para o CPSP, para verificar onde estão”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteNegócios | China pode perder talentos estrangeiros conquistados nos últimos anos O Inquérito de Confiança nos Negócios 2021, publicado pela Câmara de Comércio da União Europeia na China, conclui que a rápida recuperação da economia chinesa da crise gerada pela pandemia da covid-19 deu às multinacionais oportunidades de expandir lucros por oposição a outros mercados. No entanto, as restrições de viagem trouxeram problemas a mais de 70 por cento das empresas e há um grande risco da perda de talentos estrangeiros A economia chinesa foi uma das primeiras a recuperar da enorme crise gerada pela pandemia da covid-19 e isso permitiu às empresas europeias encontrarem um tubo de escape num ano atípico. No entanto, as restrições de viagens impostas pelas autoridades chinesas devido à covid-19 podem levar a uma perda de talentos estrangeiros que o país demorou anos a ganhar com a abertura da sua economia ao mundo. São estas as principais conclusões do Inquérito de Confiança nos Negócios 2021, publicado recentemente pela Câmara de Comércio da União Europeia na China. Apesar de as empresas europeias terem vindo a “navegar no escuro”, o mercado chinês constituiu, em 2020, o único espaço onde houve crescimento económico, ao contrário das expectativas iniciais. “Num inquérito em separado realizado em Fevereiro de 2020, apenas para os membros das câmaras de comércio da Europa e Alemanha na China, metade dos inquiridos falou da expectativa de quebras anuais em termos de lucros, com uns insignificantes 0,5 por cento de expectativas de aumento”, pode ler-se. No entanto, “as empresas europeias na China viram-se num mercado renascido após depois da produção ter-se virado para o online mais depressa do que inicialmente tinham antecipado”. As receitas anuais destas multinacionais “foram as piores da década”, mas “42 por cento dos inquiridos registou, na verdade, um aumento das receitas em 2020, sobretudo nas indústrias ligadas ao consumo, como o retalho e a indústria automóvel”. Segundo o relatório, estes números deveram-se “aos clientes chineses que, impedidos de viajar, usaram as suas poupanças para adquirir carros, produtos de cosmética e roupas”. Pelo contrário, as indústrias de serviços, como a aviação ou a área jurídica, tiveram uma enorme quebra nos lucros, com um quarto dos inquiridos a registar perdas. O inquérito conclui também que “apesar de uma notável quebra das receitas anuais, três em cada quatro empresas terminaram o ano com ganhos positivos EBITDA [lucros antes de impostos e amortizações], que tem registado lucros nos últimos cinco anos”. Em suma, “a China tornou-se um pilar fundamental para as operações globais de muitas multinacionais europeias, com 51 por cento das empresas a reportar que as suas margens de lucro EBITDA no país foram maiores do que a nível global”. Nesse campo registou-se “um aumento de 13 por cento em relação ao ano anterior”, sendo que “68 por cento das empresas estão agora optimistas em relação a um crescimento”. Em perda Infelizmente, as multinacionais europeias com presença na China depararam-se com o enorme desafio que constituíram as restrições de viagem devido à covid-19. Um total de 73 por cento dos inquiridos disse ter sofrido um impacto negativo nos negócios, uma vez que muitas das empresas continuam a ter muitos funcionários fora da China sem possibilidade de regresso. Enquanto isso, 68 por cento das empresas inquiridas colocaram as restrições de viagem no topo das suas preocupações. “A Câmara de Comércio tem conhecimento, infelizmente, por parte de muitos dos seus membros, de que muitos destes especialistas impedidos de viajar estão simplesmente a desistir de voltar às suas vidas aqui, optando por se instalar em outros locais. Isto representa um desafio de longo termo para as empresas, com a possibilidade de a China não recuperar os especialistas que ganhou nos últimos anos”, conclui-se. “Arranjar as permissões necessárias para a entrada de estrangeiros na China tornou-se num longo e árduo processo. As regras e regulamentos não estão alinhadas e não são consistentes em todo o país, mudando muitas vezes sem aviso prévio. Enquanto que alguns funcionários estão a tentar regressar, muitos simplesmente desistiram e seguiram em frente. Os membros também reportaram que há uma preocupação de que um grande número de funcionários estrangeiros acabe por ‘sucumbir’ à fadiga depois de estarem tanto tempo sem poderem visitar as suas famílias e amigos que estão noutros países.” A vacinação contra a covid-19 assume, novamente, um papel fundamental. “Há alguma esperança de que o regresso à China seja mais fácil se os trabalhadores estrangeiros tomem a vacina aprovada pelas autoridades de saúde chinesas. No entanto, se não houver um mecanismo para facilitar o regresso dos trabalhadores estrangeiros depois das visitas ao estrangeiro, as empresas europeias temem que estes simplesmente se vão embora.” Neste sentido, a Câmara de Comércio defende que as autoridades chinesas deveriam “estabelecer de forma clara” as regras para o regresso destes trabalhadores. O tempo agora é de resiliência e de olhar o futuro, asseguraram os inquiridos. Aponta o relatório que muitas empresas pretendem agora “assegurar a sua presença de mercado na China” e que estão a preparar “estratégias alternativas para lidar com as próximas tempestades”. Nos inquéritos realizados no primeiro trimestre de 2020, as palavras de ordem eram o oposto, uma vez que as empresas pretendiam reforçar as suas posições fora da China e com outros fornecedores a nível global, bem como “diversificar [o seu negócio] para outros mercados”. O relatório afirma também que as multinacionais europeias estão a “explorar novas oportunidades”, sobretudo na área do ambiente e das alterações climáticas. Um total de 55 por cento das empresas pretendem o nível de neutralidade nas emissões de dióxido de carbono em 2030 ou antes. Novos desafios Este relatório surge depois de a União Europeia ter recuado no acordo de investimentos com a China, e há tensões políticas que podem, de facto, ter um impacto nas multinacionais europeias presentes no mercado chinês. “Enquanto que a importância do mercado chinês talvez nunca tenha sido tão clara como agora, vai tornar-se cada vez mais difícil para as empresas gerirem a sua permanência [no mercado] a longo prazo, os desafios das regulações internas com os limites restritos de uma economia dirigida para o Estado, em conjunto com os riscos externos que emanam de indesejados confrontos políticos”, destaca a Câmara de Comércio. O caminho será feito de “precauções”, sendo referida a importância de apostar numa “agenda que complete a abertura completa do mercado chinês e providencie às empresas europeias um nível de actuação” segundo essa realidade. O acordo com entre a China e a UE visava uma maior igualdade de oportunidades para as empresas europeias no acesso ao mercado, e, segundo os dados contidos no relatório, essa igualdade parece estar longe de ser uma realidade. “O acesso ao mercado continua a melhorar, mas apenas de forma marginal. Foram reportadas barreiras por parte de 45 por cento dos membros, com 12 por cento a afirmar que estas barreiras são directas, tal como listas negativas, e 33 por cento a reportar que são indirectas, como procedimentos de licenciamento opacos e aprovações administrativas.” Um total de 44 por cento dos inquiridos garantiu ter sofrido um tratamento desigual, enquanto que “uma pequena proporção de membros acredita que as empresas estrangeiras recebem um melhor tratamento do que as empresas locais”. Além disso, “um terço dos inquiridos nunca esperou um nível de actuação materializado na China”. A “reforma” das empresas estatais “continuou a desapontar”, uma vez que apenas 15 por cento dos participantes neste inquérito “espera que o sector privado ganhe oportunidades de expansão em relação ao sector estatal, com 48 por cento a esperar o oposto”. “A reforma das regulações estagnou de forma geral, e algumas regras e directrizes emergentes constituem desafios crescentes. Um terço dos inquiridos sofreu um impacto negativo com os requisitos regulatórios vagos”, enquanto que as infracções em termos de direitos de propriedade intelectual “tornaram-se vagamente mais comuns do que nos últimos dois anos”, embora mantendo-se “mais baixos do que as médias históricas”. Este inquérito foi realizado em Fevereiro deste ano a 1262 entidades elegíveis. Um total de 585 inquiridos completou o questionário, tendo este obtido uma taxa de respostas de 46.4 por cento.
Andreia Sofia Silva EventosIPM | “Alegoria – Ensaios” lançado hoje no consulado É hoje apresentado no auditório Dr. Stanley Ho o livro “Alegoria – Ensaios”, coordenado por Sara Augusto e editado pelo Instituto Politécnico de Macau. Trata-se da reunião de uma série de textos produzidos no contexto de um curso livre de literatura que se realiza desde 2015. Carlos Ascenso André é o autor do prefácio A realização, em 2019, do Curso Livre de Literaturas em Língua Portuguesa, no Instituto Politécnico de Macau (IPM), e dedicado à Alegoria, foi o mote para a edição da obra hoje apresentada no auditório Dr. Stanley Ho, no consulado-geral de Portugal em Macau. “Alegoria – Ensaios” tem a coordenação de Sara Augusto, investigadora do IPM, e traça um olhar sobre a alegoria ao longo de vários períodos históricos, além de apresentar textos de docentes do IPM, como é o caso de Ana Maria Saldanha e Lola Geraldes Xavier. Conforme escreve na introdução da obra, Sara Augusto explica que a realização do curso livre teve em “consideração a alegoria como processo orientador da construção dos textos literários”, além de pretender “fazer perdurar a investigação produzida” no âmbito do curso. Além disso, o livro pretende reflectir sobre “a história da alegoria nas literaturas em língua portuguesa, apontando os períodos e as obras em que esta se tornou exemplo, e sobre a permanência deste procedimento na literatura do século XX e do século XXI e a discussão da sua validade”. Em declarações ao HM, Sara Augusto adiantou que “a literatura manteve-se extremamente codificada até aos inícios do século XX, codificação que atingiu a alegoria”. “As grandes alegorias e a sua estrutura de base foi-se mantendo, cumprindo um jogo que o barroco chamou de ‘imitação criativa’, ou seja, leitura dos grandes modelos e inovação possível apenas dentro dos códigos de género e de periodização literária”, frisou. O leitor pode, assim, saber mais sobre uma alegoria “mais antiga” que cativava pela história, através da criação de imagens e enredos, “num processo que a retórica chama ‘inventio’, tantas vezes fantásticos e insólitos”. Mas “a alegoria permite uma arrumação lógica, mesmo que seja uma lógica interna, que não a da verosimilhança, muito menos uma lógica racional, da produção literária, oferecendo pistas de leitura”. Para Sara Augusto, “tudo isto se torna ainda mais importante quando o texto retoma as grandes alegorias literárias, provocando um efeito de reconhecimento sempre agradável ao leitor”. “Ilustração e procedimento” A própria Sara Augusto dá um contributo pessoal para este livro, baseando-se no tema investigado por si no doutoramento e que deu origem à publicação do livro “A Alegoria na ficção romanesca do Maneirismo e do Barroco”, em 2010. A coordenadora adiantou ao HM que a alegoria tem estado muito presente desde o início da sua carreira académica. “Desde a faculdade que a literatura e a arte barroca se tornaram as minhas preferidas. Pouco conhecida, ainda menos lida, cada vez menos, a literatura barroca continua nesse ‘limbo’ que decorre da dificuldade que apresenta para o leitor de hoje, seja pelo trabalho retórico, seja pelos temas extremadamente codificados e eruditos.” O regresso aos escritos sobre a alegoria é, aliás, uma possibilidade. “Tenho escrito regularmente sobre a alegoria, nas suas diversas manifestações, relativamente aos vários espaços de língua portuguesa, inclusivamente Macau. Muitos destes textos não estão sequer neste livro, o que se me afigura uma tarefa interessante para outra publicação, talvez um pouco mais intimista e interrogativa”, apontou. Para Sara Augusto, apresentar este livro no âmbito do programa das comemorações do 10 de Junho tem “um sabor muito especial”. “Escolhi falar do que eu queria, do que eu gostava, do que me parecia mais útil e eficaz para explicar da forma mais agradável o procedimento alegórico e a sua omnipresença. Escolhi textos antigos, recorri a textos gregos e latinos, línguas que aproveitei para recordar; transcrevi textos medievais e barrocos, sempre deliciada com as estruturas que lhe são próprias, com o artifício das formas e a agudeza do tratamento dos temas”, explicou. A coordenadora confessa que tem “alguma expectativa que o livro seja bem- recebido”. “Espero que consiga mostrar o percurso da alegoria e dos laços primordiais que estabelece com a literatura enquanto universo ficcional, em diálogo com a tradição literária, inventora de mundos que representem o homem e a sua experiência”, conclui.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCovid-19 | Nova app regista percurso de residentes O Executivo está a preparar uma aplicação de telemóvel que regista o histórico das deslocações dos residentes no território, mas assegura que os serviços públicos não terão acesso aos dados recolhidos. As autoridades ainda não decidiram se a instalação da app será obrigatória O Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus está a trabalhar na criação de uma aplicação de telemóvel que irá registar o paradeiro de residentes para controlar um possível surto de covid-19. “O Governo está a desenvolver uma aplicação de telemóvel para registar os percursos dos residentes. [Estes] devem ter o conhecimento de que neste momento o surto em Macau pode acontecer”, disse Tai Wa Hou, responsável do centro. “Quando as pessoas forem a um local podem fazer o scan de um código para registar este percurso e será registado só no telemóvel da pessoa. Estes dados não serão partilhados com outros serviços públicos, como os Serviços de Saúde. Quando os residentes gerarem um código de saúde, o sistema vai fazer uma comparação com percursos de casos confirmados ou de contacto próximo” e lança um alerta, adiantou o mesmo responsável. Ainda não é certo se a instalação desta aplicação será ou não obrigatória, mas o Governo assegura que “não há violação de privacidade” e que será mantido “um contacto frequente com o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais”. Caso em Cantão é exemplo Ontem de manhã um trabalhador não residente (TNR) foi considerado um caso de contacto próximo por via secundária depois de ter estado na mesma carruagem de um comboio onde viajava um contacto próximo de alguém com covid-19. O caso aconteceu no passado dia 4 de Junho, em Cantão. O TNR será colocado em quarentena, enquanto que o restaurante onde trabalha, o Kirin Palace Cantonese Cuisine, na avenida Almirante Lacerda, fica temporariamente encerrado. O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus declarou que o restaurante costuma ter “grande afluência de clientes, que não podem usar as máscaras durante a tomada de refeições”. Além disso, os colegas de casa e de trabalho do TNR em quarentena precisam de realizar testes de ácido nucleico e cumprir um período de auto-gestão de saúde. Amanhã e quinta-feira serão realizados nos testes, e caso o resultado seja negativo os códigos de saúde destas pessoas passam de amarelo a verde. Todos os clientes que estiveram no restaurante entre os dias 12 e 13 de Junho devem realizar testes de ácido nucleico amanhã e depois de amanhã. “Decorridos 10 dias até à presente data, o teste de ácido nucleico [do TNR] foi negativo no dia 10 de Junho, e, no domingo, os testes de ácido nucleico para a covid-19 e de anticorpos séricos apresentaram resultados negativos, o que demonstra que o risco de infecção e de transmissão é baixo”, concluiu o Centro em nota de imprensa. Para Leong Iek Hou, coordenadora do Centro, este é um exemplo que ilustra a importância da app. “O caso mostra a importância de registar o percurso através do código de saúde. Felizmente, desta vez, apenas foi preciso acompanhar as pessoas que estiveram no restaurante nesses dois dias. O risco de transmissão e infecção é relativamente baixo”, apontou. Ontem foi ainda anunciado a criação de mais um local para fazer testes de ácido nucleico no posto fronteiriço da Ilha de Hengqin, que começa a operar amanhã. Os testes custam 70 patacas e podem ser feitos entre as 14h e 21h, com 500 vagas diárias.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Caso de contacto próximo obriga a fecho temporário de restaurante Um trabalhador não residente (TNR), considerado caso de contacto próximo de um infectado de covid-19, terá de cumprir o período obrigatório de quarentena, além de que o restaurante onde trabalha, Kirin Palace Cantonese Cuisine, fica “temporariamente encerrado, podendo apenas ser reaberto após a limpeza e desinfecção completas”. Numa nota de imprensa, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus declarou que este é um restaurante “com uma grande afluência de clientes, que não podem usar as máscaras durante a tomada de refeições”. Além disso, os colegas de casa e de trabalho do TNR em quarentena precisam de realizar testes de ácido nucleico e cumprir um período de auto-gestão de saúde. Esta quarta e quinta-feira serão realizados nos testes, e caso o resultado seja negativo os códigos de saúde destas pessoas passam de amarelo a verde. Todos os clientes que estiveram no restaurante entre os dias 12 e 13 de Junho devem realizar testes de ácido nucleico esta quarta e quinta-feira. Este TNR foi classificado esta manhã como um caso de contacto próximo de covid-19 registado em Cantão, na qualidade de pessoa de contacto próximo por via secundária. Foi no passado dia 4 que o TNR partilhou a mesma carruagem de comboio com a pessoa infectada com covid-19 em Cantão. “Decorridos 10 dias até à presente data, o teste de ácido nucleico foi negativo no dia 10 de Junho, e, no domingo, os testes de ácido nucleico para a covid-19 e de anticorpos séricos apresentaram resultados negativos, o que demonstra que o risco de infecção e de transmissão é baixo”, conclui a mesma nota de imprensa.