China / ÁsiaUm terço das empresas da UE na China pondera desviar produção face a restrições Hoje Macau - 3 Dez 2025 Mais de um terço das empresas europeias na China estão a considerar desviar parte da cadeia de abastecimento para fora do país asiático, para mitigar o impacto do controlo das exportações implementado por Pequim. De acordo com um inquérito divulgado na segunda-feira pela Câmara de Comércio da União Europeia na China, 36 por cento das empresas estão a considerar desenvolver capacidade de fornecimento fora da China e 32 por cento planeiam obter ‘inputs’ de outros mercados, enquanto 43 por cento ainda não tomaram uma decisão estratégica. O inquérito, realizado entre 06 e 24 de Novembro com respostas de 131 empresas, revela que a maioria já foi afectada ou espera ser afectada pelas medidas chinesas, que abrangem minerais de terras raras, tecnologias de baterias de lítio, materiais superduros e controlos extraterritoriais sobre produtos que incorporam componentes processados na China. De acordo com o relatório, o impacto mais imediato é nos prazos de entrega: 40 por cento dos inquiridos indicaram que os procedimentos de aprovação acrescentaram mais de dois meses aos prazos de fornecimento, enquanto outros 34 por cento reportaram atrasos entre um e dois meses. As dificuldades centram-se no processo de pedido de licença de exportação junto do Ministério do Comércio da China. Quase 40 por cento queixaram-se da falta de transparência, 21 por cento consideraram os requisitos pouco claros e 40 por cento afirmaram que os pedidos ultrapassaram o limite oficial de processamento de 45 dias estabelecido pelas autoridades. Algumas empresas manifestaram preocupação com a quantidade de informação sensível que devem fornecer, incluindo a propriedade intelectual. Outras complicações Os problemas não terminam após a concessão da licença: 42 por cento registaram atrasos adicionais na alfândega e 26 por cento afirmaram que os obstáculos acrescentaram uma semana ou mais ao envio de mercadorias previamente autorizadas. As interrupções no fornecimento estão a afectar tanto os exportadores com fábricas na China como os produtores europeus que dependem de partes ou equipamentos chineses. O documento refere que 60 por cento preveem interrupções “moderadas ou significativas” no caso de todos os controlos anunciados estarem totalmente implementados, e 13 por cento temem interrupções totais da produção. O presidente da Câmara, Jens Eskelund, alerta que as autoridades chinesas “adicionaram incerteza” às operações das empresas europeias, coincidindo com um período de atritos comerciais entre Pequim e Bruxelas. O vice-presidente da instituição, Stefan Bernhart, recomendou o estabelecimento de um “sistema geral de licenciamento” a curto prazo, que proporcionaria “a tão necessária estabilidade e previsibilidade”. Em Abril, Pequim impôs restrições a várias categorias de elementos de terras raras e derivados, que levaram algumas empresas europeias a interromper temporariamente as suas linhas de produção. Apesar da suspensão parcial de certas medidas após a cimeira de Novembro entre a China e os Estados Unidos, parte do regime de controlo permanece activo e continua a afectar as cadeias de abastecimento.