Macau Visto de Hong KongInvestigador altamente qualificado entrega comida (II) David Chan - 15 Jul 2025 Na semana passada, discutimos a história de Ding Yuanzhao (丁遠昭), um estudante chinês altamente qualificado. Ding Yuanzhao tem um doutoramento e trabalhou como investigador numa universidade. Depois de o seu contrato não ter sido renovado, passou a entregar comida. Quando a sua história se espalhou na internet, passou a ser alvo de muita atenção na China continental. Estavam todos preocupados com a transformação que a sua vida sofrera. A razão é simples. Na cultura chinesa, acredita-se que o estudo cultiva o carácter. Em épocas passadas, era o caminho para aceder a altos cargos oficiais. Por conseguinte, o estudo é admirado e apreciado por todos. Mesmo na sociedade chinesa actual, os pais fazem tudo para que os filhos obtenham sucesso académico e posteriormente um trabalho bem pago. A experiência de Ding é incompatível com a cultura tradicional chinesa e naturalmente atraiu a atenção de toda a gente. Ding fez um vídeo onde conta a sua história e carregou-o na Internet, afirmando que os estudantes que têm notas boas e aqueles que têm notas más não terão futuros profissionais muito diferentes; isto é certamente uma declaração pessimista. Na sociedade rica em informação dos nossos dias, devemos saber que as universidades transmitem o conhecimento aos alunos para que eles o venham a herdar. Só quando os alunos herdam o conhecimento e produzem inovação pode a sociedade progredir. E é precisamente isto que qualquer sociedade necessita. Portanto, haverá sem dúvida diferença entre as carreiras dos estudantes que receberam formação universitária e as daqueles que não receberam. É impossível que “não haja muita diferença nos trabalhos futuros.” Em segundo lugar, do ponto de vista económico, um investigador universitário a trabalhar como entregador de comida demonstra que a sociedade ainda não recuperou completamente depois da pandemia. Estima-se que existam mais pessoas com histórias semelhantes à de Ding. Só quando a economia recuperar completamente, podem ser resolvidos gradualmente problemas como o desemprego e a disparidade entre a formação académica e o trabalho efectuado. Talvez Ding possa considerar vir a pedir ao departamento laboral local que o ajude a encontrar um trabalho adequado à sua formação. Ding é uma pessoa altamente qualificada e as empresas de recursos humanos no mercado de trabalho em geral podem não ser capazes de lhe encontrar uma função compatível. Será benéfico para Ding procurar ajuda junto de departamentos governamentais. Resumindo, procurar trabalho adequado à sua formação das pessoas para “tirar o maior partido dos seus talentos”, é benéfico para a sociedade, para os empregadores e para os trabalhadores. Em terceiro lugar, com o avanço da sociedade e a democratização da educação, cada vez mais pessoas recebem formação universitária e podemos encontrar por todo o lado doutorados. O aumento de pessoas com este grau académico não é acompanhado do aumento de postos de trabalho adequados à sua formação, e por isso cria-se uma situação em que que haverá “mais marinheiros que marés”, ou seja, em que a procura excede a oferta. Um exemplo típico é o lugar de professor universitário. Antigamente, era fácil encontrar colocação como professor universitário, desde que se tivesse um doutoramento, mas já não é o caso; é o resultado da proliferação das qualificações académicas. Portanto, mesmo que aqueles que procuram emprego tenham uma formação elevada, têm de estar preparados psicologicamente para enfrentar dificuldades. Se não se conseguir encontrar o trabalho que se procura, deve aceitar-se uma segunda opção e continuar à procura em vez de baixar os braços; ou seja, não fazer nada. Esta é a atitude correcta quando somos confrontados com a adversidade. Para conseguir vantagem na procura de trabalho, as pessoas altamente qualificadas devem continuar a estudar e aprender a ter em muitos aspectos mais competências. Pelo mesmo salário, é melhor contratar alguém com múltiplas competências ou só com uma? A resposta é óbvia. Só acrescentando constantemente valor a nós próprios podemos encontrar o trabalho ideal. Em quarto lugar, embora os valores estejam correctos, compreenderemos que as capacidades necessárias para entregar comida não são elevadas e o desenvolvimento desta carreira é limitado. Em vez de obter mais competências e continuar a estudar, Ding filmou a sua experiência e publicou-a online para chegar ao conhecimento do público. Isto vai sem dúvida transformar a sua experiência negativa numa oportunidade. Como ele é graduado por várias universidades prestigiadas, nacionais e internacionais, se quiser ser consultor de estudos universitários internacionais, as suas qualificações académicas e a sua experiência internacional facilmente lhe abrirão oportunidades de negócio. Em quinto lugar, Ding tomou a decisão de trabalhar a entregar comida depois de perder o emprego, o que demonstra que tem uma atitude positiva e maleável. Quando se deparou com o desemprego, mudou de vida em vez de deitar a toalha ao chão, mas mais importante ainda é ter escolhido um trabalho em que “serve a sociedade, sustenta-se a si próprio, esforça-se e é recompensado.” Em resumo, trabalha arduamente, sustenta-se a si próprio e serve a sociedade”. Também em Macau existem muitos estudantes universitários que trabalham como condutores de autocarros e taxistas. Estes valores positivos devem ser encorajados. A história de Ding lembra-nos que os jovens devem compreender que precisam de receber formação superior e qual deve ser o propósito da educação universitária. No caso de haver uma recessão económica, os jovens devem aceitar a realidade calmamente, manter uma atitude positiva, esforçar-se e ponderar várias saídas. Se baixarmos os braços, aí é que está tudo perdido.