Hong Kong | Alargada remoção de redes em andaimes devido a fraude

As autoridades da antiga colónia britânica desencadearam uma ampla operação de remoção de redes de protecção de andaimes, após a descoberta de falsos certificados de segurança anti-fogo

O Governo de Hong Kong ordenou a remoção imediata das redes de protecção instaladas em andaimes de mais de 200 edifícios privados após a descoberta de certificados de segurança falsificados.

A decisão foi motivada pelo incêndio que devastou, em 26 de Novembro, o complexo de habitação pública Wang Fuk Court, fazendo pelo menos 159 mortos, sendo que 31 pessoas continuam desaparecidas. O incêndio expôs deficiências na protecção dos projectos de renovação, particularmente na utilização de redes de protecção nas fachadas para evitar a queda de detritos.

Como estas redes não são à prova de fogo, actuaram como aceleradoras, impulsionando a propagação das chamas em Tai Po, nos Novos Territórios, no norte de Hong Kong. As investigações oficiais confirmaram que os edifícios incendiados não utilizavam redes resistentes ao calor, o que permitiu que as chamas se propagassem rapidamente e consumissem várias torres do complexo residencial.

Após inspecções a outros edifícios, as autoridades detectaram materiais adulterados noutros dois complexos, ligados a um fabricante na China continental. A descoberta levou o Departamento de Edifícios de Hong Kong a ordenar, com urgência, a remoção de todos os materiais semelhantes das fachadas de propriedades privadas, considerando-os um risco inaceitável.

Comissões e investigações

A polícia alargou as investigações a quatro complexos espalhados por diferentes distritos urbanos devido à possibilidade de utilização mais generalizada de certificados fraudulentos. Em paralelo, o Departamento do Trabalho abriu uma investigação sobre um caso suspeito de certificados de inspecção de andaimes com datas alteradas, aparentemente assinados antecipadamente.

A Comissão Independente Contra a Corrupção deteve pelo menos 11 pessoas ligadas ao contrato de reabilitação de Wang Fuk Court, incluindo funcionários da empresa de consultoria responsável pela supervisão técnica, directores e gestores de projecto, subempreiteiros especializados em andaimes e intermediários.

O líder do Governo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, prometeu uma estreita cooperação com o novo parlamento para promover reformas estruturais que reforcem a segurança nos projectos de construção e reabilitação. O incêndio, o mais mortal em Hong Kong desde 1948, acelerou as medidas administrativas e criminais destinadas a colmatar as lacunas na cadeia de responsabilidade do sector da construção civil, desde a certificação dos produtos à inspecção no local.

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