Rússia | Serguei Lavrov rejeita pôr fim à guerra

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, rejeitou ontem a possibilidade de a Rússia pôr fim aos combates na Ucrânia, argumentando que isso significaria desistir das razões pelas quais o conflito foi iniciado.

“Se simplesmente pararmos, isso significará esquecer as causas originais do conflito”, disse Lavrov numa conferência de imprensa realizada antes da cimeira de Budapeste, entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o Presidente norte-americano, Donald Trump, que poderá acontecer na próxima semana.

“Agora ouvimos de Washington que devemos parar imediatamente [a guerra] e que não devemos discutir mais nada. Parem e deixem a História julgar”, acrescentou Lavrov.

Na sua opinião, a cessação das hostilidades constituiria “uma contradição” relativamente ao que foi acordado na cimeira de Agosto no Alasca entre os dois líderes, e acusou os europeus de tentarem convencer a Casa Branca a mudar de posição e a não procurar um “acordo duradouro”. “Sabemos quem está a fazer isto. São os europeus, os patrocinadores e os mestres de [o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky”, apontou.

O ministro russo lembrou que Putin e Trump concordaram no Alasca em “concentrar-se nas causas profundas e na necessidade de a Ucrânia abandonar a tentativa de aderir à NATO e, se possível, garantir plenamente os direitos legítimos da população russa e russófona”. Lavrov acrescentou que “um cessar-fogo agora significaria apenas uma coisa: grande parte da Ucrânia permaneceria sob o regime nazi de Kiev”.

“Essa parte da Ucrânia”, continuou, “seria o único lugar na Terra onde uma língua inteira seria proibida por lei, sem mencionar o facto de ser uma língua oficial da ONU e falada pela maioria da população”. Vladimir Putin e Donald Trump deverão reunir-se na Hungria para encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia.

Passo a passo

Já Dimitri Peskov, disse esperar que a cimeira sirva para “fazer avançar um acordo pacífico” sobre a Ucrânia, mas não se pronuncia sobre a possibilidade de o homólogo ucraniano participar no encontro. Peskov adiantou que Moscovo pretende que “se avance, antes de mais, num acordo pacífico sobre a Ucrânia” no encontro de Budapeste, onde Zelensky se mostrou interessado em estar se for convidado.

O diplomata russo manifestou ainda surpresa com as notícias dos Estados Unidos — avançadas pela televisão CNN — sobre um possível adiamento do seu encontro com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, com quem falou ontem ao telefone.

No entanto, reconheceu que, na sua conversa telefónica, nunca discutiram o encontro, mas apenas a possibilidade de voltarem a falar. A notícia da CNN também foi referida na conferência de imprensa diária do porta-voz da presidência russa. “Não se pode adiar algo que não estava programado”, observou Dmitri Peskov.

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