Docomomo traz a Macau sessão sobre arquitectura do Nepal

Decorre na próxima segunda-feira, 16, a conferência “Encontros Modernos na Arquitectura: Desafios de Documentação de Edifícios Modernistas no Nepal”, na Fundação Rui Cunha, a partir das 18h30. O evento é organizado pelo Centro de Investigação DOCOMOMO em Macau e a conversa será protagonizada pela arquitecta e docente Jharna Joshi, sendo moderada pelo arquitecto João Nuno marques.

Jharna Joshi é arquitecta, formada na Universidade de Tsinghua, em Pequim, tendo feito especializações em conservação histórica e paisagens culturais. Concluiu recentemente um doutoramento em Gestão (Turismo) na Victoria University of Wellington, Nova Zelândia, com a dissertação “Estética da Paisagem, Turismo e Mudança: Estudos de Caso no Nepal”, onde analisa como residentes e turistas percebem as mudanças estéticas da paisagem em Ghandruk, Bandipur e Sauraha.

Uma larga experiência

Com mais de vinte anos de experiência em arquitectura, conservação, paisagens culturais, turismo e ensino, Jharna trabalhou no Nepal, China, Hong Kong, EUA, Vietname, Grécia e Nova Zelândia. Liderou projectos de restauro e reutilização adaptativa em todo o Nepal, com ênfase em materiais locais, saberes tradicionais e reutilização criativa. Colabora com profissionais nacionais e internacionais em projetos de arquitetura e conservação do património, e leciona como docente convidada, com foco na conservação urbana, arquitetura vernacular, povoamentos e paisagens culturais.

Em relação ao panorama arquitectónico do Nepal, tem havido um foco nos edifícios patrimoniais, que precisam de ter pelo menos 100 anos para obter reconhecimento oficial. Como consequência, a arquitectura moderna inicial — estruturas construídas entre 1945 e 1985 — permanece desvalorizada, não documentada e vulnerável à demolição ou ao abandono.

A ausência de uma tradição consolidada de arquivamento de materiais arquitetónicos dificulta ainda mais a compreensão e o ensino deste período, deixando estudantes e docentes com poucos recursos.

A recente iniciativa do Instituto de Kathmandu para documentar edifícios modernos iniciais evidenciou esta lacuna. Estas construções simbolizavam o impulso de modernização do Nepal, transformando zonas agrícolas em espaços urbanos. No entanto, o desenvolvimento acelerado e a comercialização colocaram-nas em risco de desaparecer.

A recolha de documentação revelou-se difícil, devido à escassez de arquivos e à diversidade de formatos, obtidos de coleções privadas, instituições e arquivos online. Segundo uma nota da DOCOMOMO, esta palestra apresenta as conclusões iniciais do projecto, visando promover o diálogo e a valorização desta era negligenciada da arquitetura nepalesa. Para além da preservação histórica, o projecto tem também uma vertente educativa e de sensibilização pública, lançando as bases para futuras iniciativas de proteção legal e investigação contínua.

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