SociedadeStartup transforma resíduos de chá em papel, embalagens e mobiliário Hoje Macau - 26 Mai 2025 Uma ‘start-up’ sediada em Macau criou um negócio baseado nos desperdícios de plantações de chá na China, que recicla em papel, sacos de compras, copos, escovas de dentes, invólucros de produtos electrónicos e mesmo em mobiliário. A Zence Object Holding conta já com mais de 20 projectos activos em áreas como a decoração de interiores, embalagens de bebidas, entre outras, que desenvolve com vários clientes, que são também parceiros, nomeadamente restaurantes, hotéis e centros de conferências. Todos os anos, a China produz cerca 100 toneladas de resíduos de chá, que acabam no lixo, de acordo com o relatório anual da indústria do chá da China em 2023. Por outro lado, o país produz cerca de 200 milhões de toneladas de resíduos plásticos anualmente, de acordo com um relatório da ONU em 2023. A Zence viu na necessidade de “resolver os problemas globais dos resíduos” uma oportunidade, parecendo-lhe perfeita a ideia de transformar os resíduos de chá em materiais ecológicos reciclados. A empresa fundada em 2023, com um capital de seis milhões de patacas, espera atingir o retorno sobre o investimento no próximo ano e ser rentável em 2028. “Uma tonelada de resíduos de chá pode dar origem a dez toneladas de bioplástico à base de chá, flexível e versátil como o plástico”, explicou à Lusa o co-fundador da empresa, Bob Lei Hou Keung. O mesmo peso de resíduos de chá pode fazer 150 tampos de mesa, ou painéis de aglomerado com o tamanho 120X60X1,8cm, que podem ser utilizados na “substituição directa da maioria de painéis de madeira”, com o “triplo da dureza do cimento”, acrescentou o empresário. Cooperação com vizinhos Cerca de uma tonelada de resíduos de chá por mês, provenientes directamente de uma plantação de chá da província de Fujian, uma das maiores províncias produtoras de chá da China, é enviada para duas fábricas da Zence na província de Guangdong, disse Lei. O processo industrial integra tecnologias de modificação de plásticos de base biológica e de mistura de fibras vegetais, modificação de biomateriais, produção e fabrico. “Depois de recolhermos os resíduos de chá, processamo-los, esterilizamo-los, começamos a transformá-los em bioplástico à base de chá, em forma de grão, que depois de derretido é moldado por uma máquina”, explicou o empresário. Lei sublinhou que os resíduos de chá “podem ser decompostos de forma 100 por cento natural”, “sem formaldeído” e “neutros em termos de carbono”. Uma chávena de café, por exemplo, contém 10 por cento de folhas de chá puras com polímeros vegetais e polihidroxialcanoatos (PHA) – polímeros biodegradáveis naturais, “enterrados no solo, e pode decompor-se completamente em cerca de 60 a 90 dias”, disse.