Corrida para a morte nas estradas

Ainda bem que em Macau o trânsito é caótico e que apenas em Coloane se pode acelerar o carro um pouquinho. Em Portugal as estradas e autoestradas estão transformadas em cemitérios primários. Os acidentes rodoviários acontecem todos os dias.

Meus amigos, pelas mais diversas razões. Comecemos pela aprendizagem. Nas escolas de condução não é prestado um ensinamento seguro para se poder pegar num volante de automóvel. Nas lições de condução não se ensina um futuro condutor a levar o carro até à velocidade máxima permitida e controlar o veículo em travagem a fundo em caso de necessidade, como se na estrada se atravessasse uma pessoa ou um animal. Não se ensina um condutor a aprender o mínimo, que é saber fazer um pião à base do travão de mão, em caso de um obstáculo que apareça na frente do condutor.

Não se ensina a conduzir de noite e os futuros utilizadores das estradas não aprendem a usar os faróis mínimos, médios e máximos. Não se convencem os aprendizes de condução automóvel que é uma falta muito grave, com apreensão de carta, pisar um risco contínuo, quanto mais dois riscos contínuos como acontece em muitas das estradas portuguesas.

Depois, temos as mafias organizadas que vendem cartas de condução automóvel a troco de bom dinheiro. Esses condutores passam a ser os verdadeiros criminosos da estrada. Não sabem o código, não sabem guiar e em muitos casos, o papá oferece-lhes carros de topo de gama e eles e elas carregam no acelerador até embaterem numa árvore ou num camião e as ambulâncias levá-los para as morgues dos hospitais.

Não existe falta de segurança nas estradas, o que existe são homicidas e suicidas ao volante de “bombas” que atingem mais dos 200 km/hora. Os jovens que acabam de receber a carta de condução deviam exibir no seu carro uma placa com um “P”, de praticante, e durante dois anos deviam apenas poder andar a uma velocidade máxima de 90 km/h.

O número de mortos e feridos graves nas estradas de Portugal é triste e assustador. Só para terem uma ideia, mais de 123 mil acidentes rodoviários ocorreram nas estradas portuguesas este ano, provocando 442 mortos e 2279 feridos graves, sem que posteriormente alguém informe dos 2279 feridos graves quantos vieram a falecer.

Portugal, entre 32 países analisados, está entre os seis países com mais mortes nas estradas. O nosso país regista uma subida de 1,5 por cento no número de vítimas mortais em acidentes rodoviários em 2023, face ao ano anterior e ainda não há dados finais de 2024 comparando com 2023, mas um oficial da GNR transmitiu-nos que os acidentes mortais aumentaram de certeza.

Uma outra razão grave para esta tragédia nas estradas é o vinho ou outra qualquer bebida alcoólica. Todos sabemos que Portugal é um grande produtor de vinhos e que o português gosta de em viagem parar num bom restaurante. E o que acontece? Poucos são os condutores conscienciosos que se inibem de beber vinho à refeição, e alguns em exagero, seguem para a estrada sob o efeito do álcool. E este efeito é tenebroso porque transmite ao condutor enganosamente que está cheio de forças e de reflexos para conduzir.

É precisamente o contrário. Sob o efeito do álcool os reflexos diminuem e em alguns casos chegam a zero. Daí, muitos condutores bem bebidos, ultrapassarem numa lomba e morrerem; acelerarem demasiado numa curva e acabarem com a vida contra uma árvore; ultrapassarem um camião sem se darem conta de que o álcool diminuiu-lhes a visão e que outro camião, em sentido contrário, estava muito mais perto do que o condutor imaginou. Obviamente que o embate frontal leva à morte de toda a família que ia no interior do veículo.

No entanto, existiria uma forma de diminuir o número de acidentes mortais nas nossas autoestradas. À semelhança do que acontece na Alemanha, quando uma autoestrada tem três faixas de rodagem devia ser decretado pelo Governo que a faixa da direita era para camiões, a faixa do meio somente para carros em velocidade limitada aos 120 km/h e a faixa da esquerda sem limite de velocidade.

Mas, nenhum carro seria permitido rolar na faixa da esquerda a 120 km/h ou menos. Ser-lhe-ia de imediato retirada a carta de condução. Isto, porquê? Porque o mercado permite a venda de Ferrari, Lamborghini, Aston Martin, Bugatti, Porsche e tantos outros, carros que só estragam a sua mecânica ao rolarem a 120 km/h, que é o limite nas nossas autoestradas.

O mais importante é que a Segurança Rodoviária mude completamente o sistema de ensinamento da condução automóvel nas chamadas “escolas”. Sem uma mudança radical, incluindo pôr os instruendos a aprenderem a conduzir em pisos molhados com bidons sequenciais que os obriguem a conduzir aos esses sem perder o controlo do carro. Parecem pormenores sem importância, mas que são vitais para que diminuam as mortes nas nossas estradas. Um oficial superior da GNR informou-nos que 70 por cento dos condutores em Portugal não deviam ter sido licenciados para conduzir. Um panorama de lamentar e sem solução à vista.

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