Ai Portugal Vozes200 André Namora - 7 Out 2024 Esta é a crónica número 200. Quase quatro anos na vossa companhia, graças ao estimado director Calos Morais José ter lido o meu blog e ter gostado do que escrevia. A partir do honroso convite para colaborar neste fabuloso diário, onde colaboram nomes sonantes da política, economia, arquitectura, cultura, sexologia, meteorologia, automobilismo e, essencialmente, sobre a temática cultural chinesa – caso único nos jornais de língua portuguesa no mundo – de uma forma verdadeiramente jornalística e literária. Ao fim de 200 crónicas exclusivas e semanais tenho de ser sincero e dizer-vos que não foi fácil arranjar um paradigma que levasse com simplicidade na escrita ao entendimento de todos os leitores que em Macau entendam bem, ou menos bem, a nossa língua. Não foi fácil procurar dar-vos uma visão do que todas as semanas foi acontecendo neste país tão maltratado politicamente. Abordámos a maior diversidade de temas, desde a política, à corrupção e até sobre um Presidente da República e uma Assembleia da República que nem sempre souberam cumprir a sua missão de estarem ao lado do povo pobre. Por mais de uma vez, abordámos temas sensíveis e demos em primeira mão alguma informação. O caso das gémeas brasileiras que foram alvo de uma “cunha” do filho do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, deu e ainda dará muito que falar. Não se podem gastar quatro milhões de euros apenas porque o filho do Presidente pede ao pai e o pai “ordena” a um secretário de Estado da Saúde. Com a agravante de a lista de espera de crianças portuguesas com a mesma doença ser enorme. Com realismo e verdade, tal como mandam as regras cumpridas nos jornais sérios como o HOJE MACAU levámos até vós muitos dos problemas que afectam os portugueses, as suas dificuldades de vivência, as suas reformas miseráveis que nenhum governo é capaz de lhes dar dignidade e colocá-las num patamar mínimo, por exemplo, ao nível do salário mínimo nacional. São os reformados com o pecúlio mais baixo da Europa e isto revolta-nos e envergonha-nos. Continuaremos a defender, tal como temos feitos, sempre os mais desprotegidos. Nunca perguntei ao estimado director se já lhe perguntaram quem eu era. Certamente que alguém já o fez porque nestas 200 crónicas não pude agradar a todos. É óbvio que não tomo partidarismos, mas defendo valores e causas como os direitos humanos. Nunca se pode agradar a gregos e troianos, uma velha máxima sempre actual. No entanto, sou obrigado a tirar uma conclusão: se os leitores amigos não gostassem do que tenho informado sobre o nosso país, há muito que o estimado director já teria acabado com a minha colaboração. Sinto-me honrado e orgulhoso de pertencer a esta vasta equipa de jornalistas, gráficos e colaboradores que diariamente desenvolvem um produto jornalístico de grande qualidade e interesse. O “Ai, Portugal, Portugal” apresenta sempre algo que é badalado semanalmente pelas melhores ou piores razões. Creiam que não é fácil escolher um tema e desenvolvê-lo sobre o que se passa em Portugal, porquanto tivemos semanas em que os problemas vindos à discussão pública eram mais que muitos. Contudo, tentámos que os amigos leitores se mantivessem minimamente informados do que se passava com os governantes, deputados, criminosos, corruptos, condecorados, pescadores, agricultores, bombeiros, pilotos de carro e de aviões, polícias, militares, advogados, juízes, motoristas, artistas, enfim, uma vasta gama de profissões que em muitos casos receberam o aplauso do povo e em outros o repúdio e a condenação popular. Desculpem lá, mas agora que ia começar a escrever a crónica sobre a aprovação ou não do Orçamento de Estado, onde o PSD e o PS parecem que lhes custa muito chegar a acordo com proposta para lá, contra- proposta para cá, mais contra-proposta para lá e com Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos a ver quem é que consegue mais votos para umas eventuais futuras eleições legislativas antecipadas, é que reparei que já escrevi demais sobre esta memorável crónica por ser orgulhosamente a número 200. Obrigado a todos.