Livro de Sérgio Barreiros Proença sobre urbanismo lançado em Lisboa

A obra “Macau, Índia e Urbanismo de Timor – Continuidade e Ruptura na Implantação do Planeamento Urbano entre 1934 e 1974”, da autoria de Sérgio Barreiros Proença, foi ontem lançado em Lisboa no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). O projecto editorial, totalmente em inglês, é promovido pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo, que fez também um lançamento em Macau, no mês de Maio.

O livro nasce de um projecto académico de análise dos planos urbanísticos concebidos para os territórios de Macau, Índia portuguesa (Goa, Damão e Diu) e Timor no período do Estado Novo, mais concretamente entre 1934, quando passa a estar definido que municípios com mais de 2.500 habitantes devem ter planos urbanísticos, e 1974, quando cai o regime de Salazar.

Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM, afirmou tratar-se de “um livro da maior importância que junta aspectos e áreas geográficas que reflectem a presença portuguesa na Ásia”. Já Sérgio Proença referiu na apresentação que falar deste livro é fazer “uma espécie de viagem no tempo de várias maneiras”.

Esquissos com história

Alguns dos planos urbanísticos analisados no livro são o “Plano Director Cidade Vasco da Gama – Mormugão – Primeira Fase”, de 1959, que foi o primeiro a ser pensado para várias cidades no distrito de Goa entre os anos de 1959 e 1960, muito perto da altura em que Portugal perde os territórios da Índia portuguesa para a União Indiana.

No caso de Macau, são analisados o plano de arruamentos de 1935, focado nas zonas entre o Porto Interior e o Leal Senado. Segue-se o “Estudo Prévio do Plano Director de Macau”, em 1971 e ainda o “Plano para a Nova Zona Central de Macau” em 1972. Por sua vez, em 1975, foi feito o plano basilar para a construção de uma “Frente Turística em Coloane”.

Para este projecto académico foram analisados e tratados cerca de 150 planos urbanísticos. Sérgio Proença ficou encarregue de analisar os planos dos territórios portugueses a Oriente. Foram, assim, incluídos sete planos de Macau, nove da Índia portuguesa e dez planos de Timor.

O autor destacou, na apresentação, que os planos foram sujeitos a “diferentes influências”, e que muitas das vezes estavam dependentes de uma “Administração forte com capacidade de execução”. Houve influências de Hong Kong, mas também europeias na elaboração dos planos para Macau, numa altura em que “a maior parte dos recursos eram dirigidos para África, não só em termos de investimento, mas para os conflitos que começavam a desenhar-se [Guerra Colonial]”. Ainda assim, “o urbanismo era usado como uma espécie de meio para marcar a presença portuguesa”, nomeadamente nos territórios portugueses na Índia.

Em Macau, a partir dos anos 70, “a cidade já não era feita apenas pela gestão pública, mas também por agentes privados”. O autor lembrou que, nessa fase, muitos dos planos começaram a ser pensados a longo prazo, nomeadamente em termos de desenvolvimento.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Mais Antigo
Mais Recente Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários