1º de Maio | Milhares de pessoas manifestaram-se no Sudeste Asiático

Milhares de pessoas manifestaram-se ontem, Dia Internacional do Trabalhador, em vários países do Sudeste Asiático, incluindo Indonésia, Filipinas, Tailândia, Malásia e Camboja, com reivindicações como salários mais altos nesta região desigual e em expansão.

A Indonésia atraiu multidões que marcharam nas ruas de várias cidades do arquipélago, incluindo a capital, com cartazes a exigir melhores salários e respeito pelos direitos laborais, de acordo com a agência espanhola EFE.

“A lei laboral é uma piada”, lia-se no cartaz de um activista em Jacarta, referindo-se às reformas laborais de 2023 aprovadas para estimular a economia e criar emprego, mas que os sindicatos criticam por enfraquecerem os direitos laborais e promoverem a precariedade, segundo fotografias da EFE-EPA.

O presidente da Confederação Indonésia de Sindicatos, Said Iqbal, disse na véspera que os principais problemas que os trabalhadores indonésios enfrentam são os baixos salários, a precariedade devido à subcontratação e aos falsos contratos temporários, entre outros, noticia a revista Tempo, citada pela EFE.

A Indonésia, a maior economia do Sudeste Asiático, e outros países da região estão a atrair muito investimento e interesse de multinacionais como o fabricante chinês de veículos elétricos BYD e a norte-americana Tesla, bem como de ‘gigantes’ da tecnologia como a Apple, a Microsoft e o Facebook.

Um dos problemas na região é a ‘uberização’ da economia, uma vez que as plataformas digitais de transporte, encomendas e entrega de alimentos criaram milhares de postos de trabalho, mas com condições frequentemente precárias para os trabalhadores. Além disso, estas economias em expansão sofrem de graves desigualdades económicas, com salários mínimos tão baixos como cerca de 311 dólares (por mês na Indonésia ou tão elevados como 293 dólares por mês na Tailândia.

Mais dignidade

A este respeito, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, anunciou ontem um aumento de 13 por cento do salário mínimo dos funcionários públicos para 2.000 ringgit (cerca de 419 dólares ou 393 euros), durante um evento comemorativo do 1º de Maio. Também o primeiro-ministro tailandês, Srettha Thavisin, manifestou na rede social X o seu apoio a “salários mínimos justos” que permitam aos trabalhadores viver com “dignidade”, bem como ao acesso a benefícios laborais e a uma boa qualidade de vida.

“O suor do trabalho tailandês é a força motriz do país. Nunca esqueço o compromisso de aumentar os rendimentos e reduzir as despesas, deixando mais dinheiro nos bolsos das pessoas”, escreveu. Em Banguecoque, milhares de manifestantes, incluindo agricultores que exigem preços mais elevados para o arroz e migrantes que exigem melhores empregos, passaram pelo Monumento à Democracia.

A manifestação colorida incluiu uma actuação em que pessoas vestidas de criminosos de colarinho branco apareceram acorrentadas dentro de uma cela de prisão, de acordo com as imagens da EFE-EPA.

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