Tecnologia | EUA vão ouvir queixas de Pequim sobre restrições à exportação

A visita da secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, à China, onde manteve encontros de alto nível com as autoridades chinesas, visou diminuir as tensões e promover um diálogo mais harmonioso entre as duas nações.
Os Estados Unidos vão ouvir as queixas chinesas sobre restrições nas exportações de tecnologia e podem “responder a consequências não intencionais” das decisões norte-americanas, afirmou ontem a secretária do Tesouro, Janet Yellen, após uma visita a Pequim.
“Abriremos canais para que possam expressar as suas preocupações sobre as nossas acções, e poderemos explicar e possivelmente, em algumas situações, responder às consequências não intencionais das nossas acções”, disse Yellen em conferência de imprensa, no encerramento de uma visita a Pequim com o objectivo de estabilizar as relações tensas entre os dois países.
As relações entre as duas maiores economias mundiais estão no seu nível mais baixo das últimas décadas devido a disputas sobre tecnologia e segurança, entre outros assuntos.
Uma importante reclamação chinesa é a limitação de acesso a ‘chips’ para processadores e outras tecnologias norte-americanas, por motivos de segurança, que ameaçam impedir o desenvolvimento por empresas chinesas de smartphones, inteligência artificial e outras indústrias.
Yellen não anunciou ontem qualquer acordo sobre os grandes debates ou planos para actividades futuras, mas disse que o seu departamento e as autoridades chinesas teriam uma comunicação “mais frequente e regular”.
Durante a visita, Yellen conversou com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e outras autoridades, em 10 horas de reuniões.
No sábado, a secretária norte-americana teve uma reunião de cinco horas com o vice-primeiro-ministro He Lifeng.
O crescimento económico da China recuperou para 4,5 por cento no primeiro trimestre de 2023, em relação aos 3 por cento do mesmo período do ano passado, mas a actividade fabril e o consumo abrandaram no trimestre encerrado em Junho.
O Presidente chinês, Xi Jinping – com quem Yellen não se encontrou durante esta visita -, acusou Washington, em Março, de tentar conter o desenvolvimento industrial da China.
Pequim tem demorado a retaliar as restrições de tecnologia dos EUA, mas três dias antes da chegada de Yellen, o governo chinês anunciou controlos não especificados sobre exportações de gálio e germânio, metais usados no fabrico de semicondutores e painéis solares, dos quais a China é o maior produtor.
Yellen disse que tentou tranquilizar as autoridades chinesas de que Washington não pretende dissociar a economia norte-americana da China, enquanto tenta “reduzir o risco” do comércio.

Luta tecnológica
O Governo de Joe Biden está a pressionar os fabricantes de semicondutores para transferirem a produção para os Estados Unidos, de forma a reduzir a dependência de Taiwan e de outros fornecedores asiáticos, que veem como um risco à segurança.
Washington quer desenvolver alternativas ao fornecimento pela China de metais raros usados no fabrico de smartphones, turbinas eólicas e outros produtos.
Yellen afirmou que os responsáveis chineses “expressaram alguma preocupação” por estas acções norte-americanas e, pelo seu lado, expressou preocupação às autoridades chinesas sobre “actividades coercivas” contra empresas americanas.
No sábado, Yellen apelou ainda a He para uma cooperação nas alterações climáticas, no peso da dívida dos países em desenvolvimento e noutros desafios globais.
A secretária norte-americana defendeu que os dois governos não devem permitir que divergências sobre o comércio e a segurança prejudiquem as relações económicas e financeiras.

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