China / ÁsiaChina nega ligação a precursores de fentanil e rejeita proposta dos EUA Hoje Macau - 10 Jul 2023 Os Estados Unidos lançaram no sábado uma coligação internacional contra o tráfico de fentanil e outras drogas sintéticas, à qual se juntou o México, um importante produtor dessa substância, mas da qual a China descartou participar. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, presidiu uma reunião virtual com representantes de 97 países e organizações para lançar as bases desta nova aliança, que espera voltar a reunir-se em Setembro à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU). O fentanil, um opioide sintético 100 vezes mais potente do que a morfina, é fabricado por cartéis mexicanos e depois traficado para os Estados Unidos, onde causa milhares de mortes por overdose a cada ano. Mas a crise vai mais além, já que África e o Médio Oriente também vivem uma crise de uso de drogas sintéticas como tramadol ou captagon, esta última fabricada em larga escala na Síria, alertou a ONU no seu Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado na semana passada. “Se não agirmos juntos com urgência, outras partes do mundo sofrerão as consequências catastróficas que já estão a afectar tantas cidades e vilas norte-americanas”, alertou Blinken durante o seu discurso na reunião. O chefe da diplomacia norte-americana lembrou que 110 mil pessoas morreram no ano passado no seu país por overdose de drogas, principalmente fentanil, que é já a principal causa de morte entre pessoas com idades entre os 18 e os 49 anos. Blinken defendeu ainda que a iniciativa privada também se envolva nesse esforço, uma vez que uma parte significativa desses estupefacientes é fabricada com substâncias químicas comercializadas legalmente como medicamentos, cosméticos ou produtos de uso doméstico. Apesar de vários precursores químicos usados pelos cartéis mexicanos para fabricar o fentanil serem provenientes da China, Pequim descartou participar na reunião, para a qual havia sido convidada. Assunto alheio Numa ligação com repórteres, Todd Robinson, chefe do escritório antidrogas do Departamento de Estado, disse na quarta-feira que a China não tem cooperado com os Estados Unidos no combate ao tráfico de drogas nos últimos meses. Por isso, exortou os restantes países que têm contactos com o país asiático a influenciarem Pequim a juntar-se a esses esforços. O próprio Blinken já fez uma tentativa na sua recente viagem a Pequim, onde levantou a questão do fentanil com as autoridades do país como uma das maiores preocupações de Washington. O Governo de Xi Jinping negou categoricamente em Abril passado que o seu país esteja por trás da exportação de precursores de fentanil, em resposta a uma carta enviada pelo Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, solicitando cooperação nesse assunto. López Obrador sustenta que o fentanil chega aos Estados Unidos directamente da China e nega que a substância seja fabricada no seu país, embora o seu Governo tenha destruído vários laboratórios clandestinos onde se fabricava a droga. Apesar de tudo, a nova ministra dos Negócios Estrangeiros do México, Alicia Bárcena, esteve na reunião de sábado para integrar a nova coligação.