Grande Plano MancheteQiu Jiduan | Retrato de um filantropo de renome, coleccionador de arte, de antiguidades e visionário Julie Oyang - 15 Mai 202315 Mai 2023 O Tao da Renascença Chinesa Saiu da sua pobre aldeia à beira-mar plantada para se tornar um homem de sucesso. Conhecido como o “empresário confucionista”, Qiu Jiduan,além de filantropo e coleccionador de arte e antiguidades, é sobretudo um homem tocado pela compaixão e que ama o seu país e o seu povo Nascido em Agosto de 1942, na Província chinesa de Fujian, Qiu Jiduan perdeu o pai quando era muito novo, tendo sido criado pela mãe e pela avó. Em 1962, foi admitido com uma menção honrosa no Departamento de Língua e Literatura Chinesa da Universidade Normal de Pequim e tornou-se o primeiro estudante universitário oriundo da sua vila, pobre e situada à beira-mar. Depois de trabalhar e ganhar experiência, durante alguns anos, na indústria da sua terra natal, fixou-se finalmente em Hong Kong em1973, onde cinco anos mais tarde abriu com outras pessoas uma fábrica de esponja. O negócio faliu. A partir de 1982, começou a fazer grandes investimentos na China continental, criando uma fábrica em Fujian, que veio colmatar a lacuna nesta indústria. Em 1985, ingressou no sector do imobiliário e desenvolveu vários projectos em Xiamen. Em 1989, quando os negociantes estrangeiros tinham dúvidas sobre investir na China, agarrou a oportunidade e investiu mais de 100 milhões de dólares de HK num arranha-céus empresarial de 28 andares, o edifício mais alto de Xiamen à época, o que veio a impulsionar com sucesso a recuperação económica da China. Em1996, deslocou todas as suas fábricas de Hong Kong para Shenzhen e, simultaneamente, continuou a investir em projectos imobiliários na sua terra natal. Fundou a Hong Kong Progressive Alliance, um partido político patriótico. Enquanto filantropo, Qiu Jiduan fez enormes doações em todo o país para o sector da educação e criou igualmente bolsas de estudo para os mais pobres e necessitados. Em 1997, doou 3 milhões de RMB à sua alma mater para apoiar o seu desenvolvimento, fomentar talentos, promover a investigação, a literatura e as artes chinesas. Qiu Jiduan foi o único investidor do maior Museu privado da China, a Hanjiangxue Art Experience Gallery. Caso único Fundado em 2015, o prestigiado museu privado é único no seu género e muito bem situado na bela cidade de Xiamen, o antigo burgo português assente no sudeste da costa chinesa. Fascinada pela impressionante colecção alojada no Museu de Hanjiangxue aberto ao público, não me restou outra hipótese senão pedir a Michael Xincheng Du, um amigo de longa data, — e actualmente curador do maior espólio da Cultura Hongshan a nível mundial — que me apresentasse ao seu famoso e venerável proprietário, o Sr. Qiu Jiduan, conhecido como o “empresário confucionista” no círculo dos visionários inovadores. Coleccionar reliquias culturais chinesas foi o seu sonho desde muito jovem, quando ainda estudava literatura chinesa na prestigiada Universidade Normal de Pequim. Qiu Jiduan, Presidente da Hong Kong Wah Sing Investment, é um empresário realizado que ama o seu país e o seu povo. Acredito que é precisamente por esse motivo que Qin Jiduan é conselheiro da China Overseas Friendship Association e Presidente Honorário da Federation of Fujianese Associations in Hong Kong, activamente envolvido na vida social local e empenhado em implementar mudanças construtivas. . Sendo o único investidor do maior museu privado da China, Qiu Jiduan fez não só o seu sonho tornar-se realidade, como também que se tornasse parte do Sonho Chinês! Este empresário de espírito realista teve um princípio humilde. “Para mim, é uma questão de dignidade, o que não é de forma alguma um conceito abstracto. Cada passo que damos, cada visão que temos é uma manifestação de dignidade,” afirma filosoficamente Qiu. “Comecei como fabricante de mobílias na China nos anos 80, depois da política de abertura. A dignidade presidiu ao meu estado de espírito durante o meio século em que tenho sido coleccionador. Precisamos de um sentido de dignidade para encontrar o nosso chamamento na vida. No entanto, a compaixão foi o que encontrei em cada coisa que fiz. O Tao, por assim dizer! A compaixão é o meu Tao e espero que o Tao cresça e se ramifique através da minha visão assente na antiga sabedoria chinesa.” O nome do museu privado é inspirado por um poema da Dinastia Tang. Hanjiangxue significa Rio de Neve, escrito pelo filósofo, poeta e político, Liu Zongyuan (773-819). Rio de Neve De mil colinas, o voo dos pássaros desapareceu De dez mil caminhos, os rastos humanos foram apagados No barco solitário, um velho de capa e chapéu de palha Pesca sozinho no rio de neve “Ter compaixão é olhar para lá da nossa própria dor e do nosso próprio sonho,” continua Qiu, lançando um rápido olhar à sua enorme colecção de porcelanas, enquanto desce o corredor flanqueado por expositores de todos os tamanhos. O sol brilha através do telhado de vidro inclinado enquanto o velho cavalheiro connoisseur se inclina e pega gentilmente numa peça, com um rosto que irradia humildade, sem pretensiosismos. “Cada peça da exposição foi escolhida por mim ao longo de quase cinquenta anos. Mesmo hoje em dia, continuo a examinar cada uma delas, seja uma pintura, uma escultura, um vaso de bronze ou uma estátua.” “Praticar a compaixão é trocar energia, atenção e carinho ao nível do olhar. É por isso que considero que o meu trabalho filantrópico é importante. Tem significado para mim e para o futuro do meu país. Educar e partilhar Quero dar a todos os homens e mulheres comuns a possibilidade de apreciar a cultura chinesa em toda a sua extensão! Por exemplo, doei 4.000 peças da minha colecção de porcelana ao Jianxiong Art Institute. Enviaram uma equipa de especialistas e de académicos para escolherem as da sua preferência. Doei outras 2.600 peças da minha colecção da pré-histórica Cultura Liangzhu a um museu. Fico feliz por estar a plantar estas pequenas sementes da Renascença Chinesa que darão frutos nas próximas gerações. Que os jovens conheçam a grandiosa civilização chinesa e que sejam educados. É um trabalho igualmente necessário.” Quando fez o seu primeiro “pote de ouro” em Hong Kong, há meio século, tinha milhares de planos, mas escolheu investi-lo para construir o primeiro edifício de dormitórios para professores da sua alma mater, a Escola Secundária No. 5 de Quanzhou. Quando a sua outra alma mater, a Universidade Normal de Pequim decidiu alargar o edifício para construir um ginásio, também contribuiu para a sua construção. Sim, concordo. Educar é praticar a compaixão. Durante o surto de Covid, Qiu Jiduan encabeçou a angariação de fundos para Wuhan. Durante este período, ainda doou 1.000 peças antigas de cerâmica da sua colecção à Universidade de Taiwan, onde estava incluído um precioso artigo de porcelana azul da Dinastia Ming, avaliado em 2 milhões de RMB. “Gostava de comprar todas as antiguidades chinesas que se encontram espalhadas por esse mundo fora e que pertencem ao meu país. As porcelanas azuis do período Ming são muito raras e eu só posso uma dessas peças únicas. Mas compreendi que tenho o dever de usar esses artefactos para educar e inspirar os nossos jovens, inculcando-lhes um sentimento de identidade cultural e de orgulho. A vida é curta e eu espero sinceramente que os nossos jovens do continente e de Taiwan possam em breve rir juntos!” Corre um rumor que o generoso aficcionado de arte e cultura pagou certa vez 1 milhão de dólares americanos para passar para classe executiva os bilhetes de avião da selecção chinesa feminina de vólei que ia participar num campeonato mundial. O Museu Hanjiangxue emociona devido ao sentido e missão do seu proprietário: todos os objectos estão em casa neste lugar, desde o gigantesco bronze pré-Qin até aos frágeis pergaminhos caligrafados, desde as misteriosas estátuas Hongshan às “quase-alienígenas” máscaras Sanxingdui e aos muito antigos e raros manuscritos. “O passado da China é diversificado e rico. A identidade chinesa é plural, este dom corre nas veias da civilização chinesa desde tempos imemoriais,” diz Qiu com gestos apaixonados. A prova pode ser encontrada neste museu privado de “género fluido” que cobre uma área de mais de 3.000m2, todo ele recheado de objectos de arte e de mistérios por desvendar relacionados com as antigas civilização e religião chinesas, e mesmo com a origem e o destino dos seres humanos. Este grande espectáculo não se assemelha a nada que eu conheça. A sua visão inigualável toca-me através das mais pequenas coisas. O Museu Hanjiangxue é uma verdadeira maravilha que não pode ser vista nem vivida em qualquer outro lugar, nem no Louvre de Paris, nem mesmo no British Museum.