Sudeste Asiático | Líderes em maratona diplomática com agenda global

O Sudeste Asiático vai acolher vários líderes mundiais a partir de hoje, numa maratona diplomática com uma agenda que engloba temas como a guerra na Ucrânia, a rivalidade EUA-China, Coreia do Norte, Myanmar ou a insegurança alimentar.
A primeira etapa será na capital do Camboja, Phnom Penh, onde se realiza a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) e diversas reuniões bilaterais, entre esta sexta-feira e domingo.
Segue-se a cimeira do grupo das economias mais desenvolvidas (G20), na ilha indonésia de Bali, na terça e na quarta-feira (15 e 16), e uma reunião da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), em Banguecoque, até 19.
Em Phnom Penh, estarão, entre outros, o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, em representação do líder Xi Jinping.
A Rússia vai enviar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, a Phnom Penh, onde já está o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deverá discursar na ASEAN por videoconferência, após ter sido convidado pelo primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, anfitrião da cimeira.
Kuleba vai assinar em Phnom Penh um tratado que formalizará as relações diplomáticas de Kiev com a ASEAN e que constitui o mecanismo prévio para a Ucrânia ter um estatuto de parceiro de diálogo do bloco regional.

Águas tremidas
A ASEAN, fundada em 1967, integra actualmente 10 países: Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Singapura, Tailândia e Vietname.
A ASEAN vai também realizar encontros bilaterais com vários parceiros, incluindo ONU, China, Japão, Canadá, Coreia do Sul e Estados Unidos, motivo para a presença de Biden em Phnom Penh no fim de semana, numa altura de crescentes tensões entre Washington e Pequim.
Um alto funcionário da administração norte-americana citado pela agência francesa AFP disse que Biden vai salientar a importância da paz na região, incluindo Taiwan, e o respeito pela “ordem internacional baseada em regras”.
Pequim e Washington disputam a influência no mundo e o Sudeste Asiático tem tentado manter boas relações com ambos por serem indispensáveis para o desenvolvimento económico da região e dos seus mais de 660 milhões de habitantes.
Acabado de garantir um histórico terceiro mandato consecutivo, Xi Jinping tem recebido uma série de líderes internacionais em Pequim, incluindo o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Xi é esperado na cimeira do G20, em Bali, onde poderá ocorrer o seu primeiro encontro presencial com Biden, depois de reuniões anteriores por videoconferência.
Já o receio crescente de um teste nuclear da Coreia do Norte, deverá motivar encontros de Biden com o seu homólogo sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, à margem das cimeiras da ASEAN ou do G20, segundo a imprensa japonesa.
Na agenda da ASEAN estará também Myanmar, que continua a embaraçar a ASEAN, que não conseguiu ainda negociar uma saída para a crise com o seu Estado-membro desde o golpe de Estado de Fevereiro de 2021.
A ASEAN e Myanmar têm-se culpado mutuamente pela falta de progresso nas conversações e a única sanção significativa, até agora, é precisamente a ausência do líder da junta militar birmanesa, Min Aung Hlaing, da cimeira de Phnom Penh, por decisão dos seus pares.

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