Filosofia | Grupo de estudantes da USJ cria associação para debater pensamento 

Um grupo de estudantes de filosofia da Universidade de São José criou a Associação da Filosofia Chinesa e Ocidental com o objectivo de promover o debate sobre o pensamento e uma reflexão colectiva sobre matérias relacionadas com a existência. Hoje acontece o segundo evento, focado na obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche

 

Aproximar a filosofia às pessoas comuns que não são dessa área é o objectivo da recém-criada Associação da Filosofia Chinesa e Oriental, fundada por um grupo de alunos do curso de filosofia da Universidade de São José (USJ). Hoje, vai ter lugar o segundo evento promovido pela associação, focado no pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche sobre a estética, espelhado na obra “A Origem da Tragédia”, lançada em 1872.

O evento, intitulado “Nietzsche – Aesthetics” acontece entre as 18h30 e as 21h na avenida de Venceslau de Morais, 218A, e tem entrada livre.

“No primeiro evento que realizámos focámo-nos no existencialismo, mas desta vez decidimos falar sobre Nietzsche, porque muitos dos seus pensamentos, sobretudo sobre a estética, têm influência nas pessoas no que diz respeito à criatividade”, disse Maggie Chiang, uma das promotoras do evento ao HM.

Sobre “A Origem da Tragédia”, a responsável adiantou que o aparecimento deste livro “culminou no nascimento da estética moderna”, tendo tido “um profundo impacto na arte moderna, sobretudo no seu pensamento em relação ao conflito e à harmonia”.

A associação, composta por alunos de licenciatura, mestrado e doutoramento, visa “reunir a essência do pensamento chinês e ocidental e também promover a existência de uma diversidade de culturas, bem como a aplicação prática do pensamento filosófico”.

Maggie Chiang defende que a filosofia não é uma área assim tão estranha às pessoas de Macau. “Acredito que a maior parte das pessoas tem interesse na filosofia, mas é-lhes difícil falar disso, ou expressar, se não pertencerem a um ambiente académico e profissional”.

Para aproximar esta área às pessoas estão na calha eventos como sessões de cinema, a criação de um clube de leitura ou a realização de palestras de filosofia com professores.

Época de reflexão

Maggie Chiang não tem dúvidas de que esta é a altura ideal para o nascimento desta associação, uma vez que a sociedade enfrenta questões de saúde mental devido à pandemia.

“Neste período de caos, muitas pessoas começaram a pensar sobre a vida e tentam reflectir sobre coisas em que acreditavam antes, sobre a sua veracidade. Em filosofia, uma das coisas mais importantes é olhar para a verdade. Penso que esta é a altura em que as pessoas começam a repensar nas suas vidas, é um bom período para termos esta associação.”

Maggie Chiang tem outro emprego, encontrando-se neste momento a finalizar a sua tese. Assegura que nem sempre é fácil para quem procura a filosofia como uma hipótese de carreira.

“Quem tem interesse em filosofia não pensa desta forma, se é uma área que nos pode proporcionar uma carreira ou dinheiro. Na maior parte das vezes o nosso interesse tem a ver com o conhecimento ou a verdade, e temos sempre muitas questões em mente. Pensamos em teorias, na existência humana, na felicidade, por exemplo. Mas quem vai para filosofia no sentido de ter uma carreira, não é o caminho mais certo. No entanto, penso que estudar filosofia pode ser uma vantagem para aplicar em qualquer emprego”, concluiu.

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